Somadas, as Regiões Central, Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo, Vale do Jaguari e Jacuí Centro – que estão contempladas no segundo capítulo do Mapa Econômico do RS em 2025 – cresceram 1,5% no número de empregos formais. A variação considera o período de abril de 2024 a 2025.
Apesar de o leve crescimento poder ser considerado um resultado positivo, considerando o impacto dos eventos climáticos extremos na região, especialmente a enchente de 2024, os números ficaram abaixo da alta no Rio Grande do Sul, onde o número de postos de trabalho foi ampliado em 2,4%. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
"Nesse período (abril de 2024 a abril de 2025), o fato de essas regiões terem sido o epicentro de eventos climáticos extremos e especialmente afetadas no comparativo com o território gaúcho, seguramente tem um efeito (na geração de empregos), sobretudo, cumulativo", avalia o pesquisador do Departamento de Economia e Estatística (DEE) do Rio Grande do Sul, Guilherme Sobrinho.
O Vale do Taquari, entre as regiões aqui analisadas, foi a com o maior percentual de população atingida pela enchente de 2024 de acordo com o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP) e sofreu impacto de eventos climáticos extremos no segundo semestre de 2023. Além disso, foi a região que registrou o menor crescimento do estoque de empregos, com uma variação de apenas 0,68%.
Uma das cidades com maior variação negativa de empregos no Vale do Taquari foi Roca Sales. Lá, mais da metade da população foi diretamente atingida pela cheia de 2024, segundo o MUP. O município, aliás, sofreu com três enchentes em menos de um ano. Assim, caíram os postos de trabalho locais: a cidade perdeu 339 vagas no período analisado, uma queda de 10,9%.
O setor mais afetado foi o coureiro-calçadista, que representa 253 dos postos de trabalho perdidos em Roca Sales. Os empregos na área caíram 18,2%. A região, embora não seja o principal foco do setor calçadista no Estado, concentra uma produção considerável, incluindo uma planta fabril da Calçados Beira Rio, que foi impactada pela cheia do Rio Taquari em setembro de 2023 e reinaugurada no mês seguinte. Na fabricação de produtos alimentícios, outro destaque negativo, foram 92 empregos a menos, com variação de -18%.
Sobrinho avalia que, dentro do contexto dos eventos climáticos, é possível também pensar em um outro reflexo dos dados: o da variação populacional. Embora os dados de migração interestadual e intermunicipal não estejam disponibilizados e o Censo mais recente seja de 2022, o pesquisador acredita que é possível cogitar tendências.
"Ainda não tem como avaliar, mas vamos colhendo depoimentos e vendo que provavelmente houve um movimento de bastante gente saindo do Estado e migrando de algumas regiões para outras em função das sucessivas perdas de patrimônio, da insegurança derivada desse momento climático absolutamente assustador e da incapacidade das nossas instituições de darem respostas mais reconfortantes. Então, muita gente sai e muitos empreendimentos deixam de fazer investimentos. Alguns, eventualmente, se deslocam ou simplesmente desaparecem pelo efeito destrutivo desses fenômenos", conjectura.
Outra possibilidade de análise é a partir do PIB das regiões e da sua capacidade de crescimento diante de outras regiões do Estado. Afinal, a Região Norte e o Litoral tem avançado na geração de empregos e puxado a média de empregos formais do Estado para cima, o que não consegue ser acompanhado por outros locais do Rio Grande do Sul, explica Sobrinho.
Maiores cidades levantam geração de empregos
O destaque na geração de emprego da Macrorregião Central do RS está nas principais cidades de cada microrregião em termos de população. Entre as variações positivas, chamam atenção os municípios de Lajeado, no Vale do Taquari; Santa Maria, na Região Central; e Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo.
No caso de Santa Cruz do Sul, o grande destaque está na indústria fumageira. Afinal, o setor empregava 10.866 pessoas em abril de 2025, 1.122 a mais do que o mesmo mês do ano anterior. O crescimento foi de 11,5%. A área, aliás, é responsável por um grande volume dos empregos do município: 21% dos 51.680 postos de trabalho locais. O impulso também coloca o Vale do Rio Pardo em uma escala de geração de empregos maior do que a média estadual, com uma variação de 2,67%.
Já em outras cidades, como Santa Maria, a expansão dos empregos é mais pulverizado, sem grandes setores específicos em destaque. Entretanto, de maneira geral, as regiões cresceram em saldo absoluto de vagas no setor de serviços, que gerou 3.101 empregos e comércio, com 1.060 postos de trabalho. Já do ponto de vista percentual, a construção, embora tenha gerado um número menor de vagas (348), representou um aumento de 2,5%.
Talvez em virtude de adversidades climáticas, que impactaram direta e indiretamente a economia gaúcha nos últimos anos, a agropecuária foi o único setor com variação negativa, caindo 3,5% no estoque de empregos, com a perda de 425 postos de trabalho formais. A indústria também cresceu pouco (0,8%), criando 883 vagas.
Outro destaque na geração de empregos é do município de Westphalia, no Vale do Taquari. Embora com apenas 3.098 habitantes, a cidade cresceu em 39,7% seu estoque de empregos ao criar 436 vagas. A maior parte delas (386), foi no setor de fabricação de produtos alimentícios. Provavelmente, o indicador foi impulsionado pela criação de 240 novos postos de trabalho na JBS, anunciados pela empresa em junho de 2024, e pela parceria do frigorífico com a cooperativa Languiru, estabelecida em janeiro de 2024.