Produto Interno Bruto (PIB) e concentração populacional andam juntos no Rio Grande do Sul. É o que demonstram os dados mais recentes compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Departamento de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul (DEE-RS). Afinal, somadas, as macrorregiões Norte e Metropolitana, além de somarem 57,58% do PIB gaúcho, reúnem 55,92% dos habitantes do Estado.
"É uma correlação bem alta. Onde há mais pessoas, há mais PIB. Porque essa população produz mais, tem mais mão de obra e mais consumo. Automaticamente, vai ter mais produto gerado nesse lugar. Por outro lado, tem lugares com PIB maior, em que as pessoas crescem e atraem outras, por possibilidade de emprego ou renda maior. Então, há uma relação dupla em que as pessoas impulsionam o PIB e o PIB atrai pessoas. Cada desenvolvimento econômico tem uma história por trás", explica o economista do DEE-RS Martinho Lazzari.
Caixa Única
Arte/JC
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A Macrorregião Metropolitana, onde está a Capital, Porto Alegre, concentra grande parte da economia estadual: 36,53% do PIB gaúcho. Dela, fazem parte os Coredes Metropolitano, Litoral e Vale do Sinos. Indústrias, centros logísticos e de inovação, assim como o setor de serviços, são alguns dos impulsionadores da cifra.
Aos números, soma-se um intenso crescimento populacional. O valor tem maior expressividade no Litoral, que, entre 2010 e 2022, anos dos últimos Censos do IBGE, aumentou em 25,87% o número de habitantes, saltando de 296.083 para 372.693 moradores. O percentual de residentes no Vale do Sinos também aumentou em 3,29%. Já a Região Metropolitana, apesar de ainda ser a que mais concentra população, passou por uma ligeira queda de 2,65%.
Já a Macrorregião Norte tem crescido nos últimos anos. De 2020 para 2021, ela ampliou sua participação no PIB gaúcho, que, de 19,94%, passou para 21,16%. Tradicionalmente conhecidos pelo setor de serviços, os seus dois maiores polos econômicos, Erechim e Passo Fundo, têm ampliado a industrialização e atraído grandes players. Juntos, os 11 Coredes que a compõem – de acordo com a divisão do Mapa Econômico do RS –, somam 18,59% dos moradores do Rio Grande do Sul.
Nas macrorregiões Serra e Sul, os números variam. Enquanto a Serra é a terceira no ranking de participação no PIB, a porção Sul do Estado ocupa a mesma posição em população. Entretanto, os índices são semelhantes. A Serra concentra 14,57% dos moradores do Rio Grande do Sul e compõe o PIB gaúcho com 16,50%. Já a Macrorregião Sul conta com 16,47% dos habitantes do Estado e ocupa uma fatia de 13,47% do PIB.
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Para Lazzari, isso representa um retrato do desenvolvimento econômico de cada uma. "A Macrorregião Sul tem mais população relativamente do que PIB, porque é uma região mais deprimida dentro do recorte estadual. Já as macrorregiões Norte e Serra têm um PIB relativamente maior que a população, porque são mais industrializadas e têm serviços mais qualificados, ou seja, são economias mais desenvolvidas", explica o economista.
A explicação pode estar voltada à industrialização e à prestação de serviços. Enquanto a Região Sul é altamente voltada às atividades agropecuárias, a Serra possui um importante polo metalmecânico e uma forte indústria moveleira. E ao analisar o PIB gaúcho, é possível perceber que ocupam um percentual maior as atividades industriais (26,7%) e os serviços (64,7%), enquanto a agropecuária responde a uma fatia menor, de 8,6%.
"Uma pessoa na Serra gera mais produção que no Sul. Isso tem a ver com a qualificação dessa pessoa, mas também com a estrutura produtiva. A Serra tem relativamente mais indústria e serviços qualificados, então acaba gerando um produto (interno bruto) relativamente maior. Já o Sul é mais agropecuário e a indústria é mais de alimentos, que não tem uma produtividade por trabalhador tão grande", pontua Lazzari.
No caso da macrorregião Central, novamente os dados se combinam. Além de ter a menor participação do PIB (12,19%), também possui o menor percentual da população gaúcha (13,08%). Entretanto, é uma parte do Estado em que a economia cresce num ritmo mais acelerado que as demais.
Não à toa, três dos seus Coredes cresceram em número de habitantes: Vale do Taquari (10,26%), Vale do Rio Pardo (1,47%) e Central (0,47%). Apenas caíram populacionalmente o Vale do Jaguari (-3,26%) e o Jacuí Centro (-6,57%), que também apresentam os menores protagonismos no PIB da macrorregião.
Perda de população no RS preocupa e Estado amplia ações para atrair pessoas
A relação entre ampliação do PIB, desenvolvimento econômico e volume populacional tem preocupado o governo do Rio Grande do Sul. Afinal, o Estado está em avançado nível de inversão da pirâmide etária, devido à queda da fecundidade — taxa que mede a média de filhos por mulher. Assim, o crescimento populacional tende a estagnar ou até mesmo a diminuir.
Enquanto o Brasil deverá atingir esse pico populacional em 2041, de acordo com a tendência calculada pelo IBGE, o Rio Grande do Sul se aproxima a passos largos. Em 2027, o órgão estima que o território gaúcho irá estagnar seu crescimento. Na sequência, deverá iniciar um ponto de inflexão, em que o número de habitantes começará a cair, tendendo a passar, até 2070, dos atuais 10.882.965 residentes no Estado para 9.102.614. A queda estimada é de 16,36%.
A maneira de reverter isso é ampliar a atração de moradores para o Rio Grande do Sul. Uma das instituições que tem se preocupado com esse fator é a Invest RS, agência de investimentos do Estado, conforme pontuou seu presidente, Rafael Prikladnicki no evento Buy RS, realizado no dia 9 de setembro, no Instituto Ling e que discutiu o desenvolvimento econômico gaúcho.
"A gente fez um trocadilho com a palavra vir, de que as pessoas podem 'VIR' para o Rio Grande do Sul. V de visitar, I de investir, e R de residir. Porque acreditamos que não é somente atrair investimentos, o Estado tem potencial para atrair moradores", destacou Prikladnicki na ocasião.
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