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Publicada em 16 de Novembro de 2025 às 15:45

Conferência do Clima em Belém entra em semana decisiva para firmar acordos

Globo terrestre na área destinada a ONGs e grupos da sociedade, na Zona Azul da COP30

Globo terrestre na área destinada a ONGs e grupos da sociedade, na Zona Azul da COP30

Mauro PIMENTEL/AFP/Divulgação/JC
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Bruna Suptitz
Bruna Suptitz
Após uma semana de negociações sobre mais de 100 temas relacionados às mudanças climáticas, a Cúpula das Nações Unidas fez uma pausa no domingo e retorna nesta segunda-feira, 17 de novembro, com a presença de ministros de todos os países representados e com a missão de formalizar apoios e fechar acordos. A cúpula teve início dia 10 de novembro e segue até sexta-feira, dia 21.
Após uma semana de negociações sobre mais de 100 temas relacionados às mudanças climáticas, a Cúpula das Nações Unidas fez uma pausa no domingo e retorna nesta segunda-feira, 17 de novembro, com a presença de ministros de todos os países representados e com a missão de formalizar apoios e fechar acordos. A cúpula teve início dia 10 de novembro e segue até sexta-feira, dia 21.
Na primeira semana, protestos que surpreenderam a segurança do evento e falhas na estrutura roubaram a cena, mas as conversas entre negociadores avançaram, afirmou em coletiva de imprensa no sábado o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. As metas perseguidas são muitas, com destaque para o compromisso voluntário (contribuições nacionalmente definidas, NDC na sigla em inglês) de redução na emissão de gases poluentes na atmosfera, acelerar e aumentar a capacidade da transição energética para fontes de energia limpas e o financiamento climático.
Todos os assuntos estão na pauta da Conferência há anos, provavelmente desde o início. Na edição atual, o destaque vai para o financiamento climático, justificado pelos critérios de justiça e direito ao desenvolvimento. O argumento é que a Europa e os Estados Unidos fundaram suas economias com base na exploração colonial de inúmeros povos e na queima desenfreada de combustíveis fósseis, principais emissores dos gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento do planeta. 
Nessa corrida desenvolvimentista, os países do Sul global ficaram para trás. Por anos, quando se falava em interromper o uso de fontes de energia vindas dos combustíveis fósseis, as nações subdesenvolvidas se opunham, afinal já estavam em desvantagem. E questionavam quem pagaria a conta. O consenso construído ao longo dos anos foi do pagamento, por parte dos países ricos, para que os demais também possam crescer sem cometer o mesmo erro de poluir – ou seja, com uso de energia limpa.
É a busca por esse financiamento que motivou a criação da rota (ou road map) Baku-Belém, que teve início na COP29, no Azerbaijão, e segue no Brasil. A iniciativa quer garantir o compromisso das nações desenvolvidas e do setor privado em destinar US$ 1,3 trilhão por ano aos países em desenvolvimento até 2035. Há, no entanto, pedras no caminho da COP30: a agência Folhapress apurou que a proposta enfrenta resistência não pelo conteúdo, mas pela legitimidade do debate, pois não fez parte de acordos anteriores para estar na agenda oficial da Conferência.
Em 2024, a COP29 tinha como principal objetivo destravar o debate sobre o financiamento climático, alcançando um acordo de chegar a US$ 300 bilhões por ano, valor considerado muito menor que o necessário para o combate aos efeitos do aquecimento global. Por isso, o Brasil herdou, em conjunto com o Azerbaijão, a missão de elaborar um "mapa do caminho" para chegar ao valor de US$ 1,3 trilhão. Mas, apesar da sinalização positiva de alguns países, ONGs, pesquisadores, bancos e outras empresas, é possível que o avanço do principal tópico em debate na COP30 fique para o ano que vem.
Ainda não há definição do próximo país sede da Conferência sobre Mudanças Climáticas, a COP31. Austrália, na Oceania, e Turquia, no Oriente Médio, estão na disputa. A decisão sore a COP32 já saiu: será na Etiópia.

Teoria e prática

A coluna destacou, na semana passada, a escolha de veículos elétricos para o transporte dos participantes da COP30. Mas nem tudo é coerente: para dar conta de amenizar o calor sempre acima dos 30ºC de Belém do Pará, geradores a diesel estão abastecendo o sistema de climatização. Não foi diferente em anos anteriores, é fato. Mas também é fato que o exemplo vale mais que as palavras e seria bom começar pelas Conferências do Clima da ONU.

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