Financiamento climático será o ponto central das negociações da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas que teve início nesta segunda-feira (10), em Belém do Pará. Primeiro a discursar na abertura do evento, Mukhtar Babayev, presidente da COP29 realizada no Azerbaijão, apresentou uma “fatura para a justiça climática” (invoice for climate justice). O documento tem caráter simbólico, mas reforça a meta de alcançar US$ 1,3 trilhão nos próximos 10 anos para implementar a transição energética nos países em desenvolvimento. “Estamos apresentando essa conta e os compromissos têm que ser honrados, os doadores já prometeram”, clamou.
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Babyev passou o cargo ao embaixador André Corrêa do Lago, seu homólogo para este ano. Diante de lideranças políticas nacionais e representantes de países de todas as partes do mundo, o presidente da COP30 apelou para a diplomacia, com a crença de que acordos de cooperação entre as nações poderão frear o aquecimento do planeta. “Para o combate à mudança do clima, o multilateralismo é definitivamente o caminho”, sustentou.
Há anos existe consenso entre os cientistas de que a emissão de gases poluentes na atmosfera, especialmente os originados da queima de combustíveis fósseis, é o que mais contribui para o aquecimento global. Em 2024, pela primeira vez desde o início das medições, a temperatura média do planeta foi superior a 1,5º C na comparação com os níveis pré-industriais. É esse aquecimento que torna os fenômenos climáticos mais intensos e mais frequentes.
Mas os impactos sentidos de diferentes maneiras em cada parte do mundo dependem de ações coordenadas em todo o mundo. O apelo de Corrêa do Lago foi endossado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que fez “um apelo para que os países cumpram seus compromissos”. As medidas esperadas para isso são formular e implementar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em Inglês), com comprometimento voluntário de cada governo para reduzir as emissões; assegurar financiamento, transferência de tecnologia e capacitação das nações desenvolvidas aos países em desenvolvimento; e trabalhar maneiras de adaptar as comunidades aos efeitos da mudança do clima.
Justiça climática também apareceu na fala de Lula, que igualmente cobrou o pagamento da conta por parte dos países ricos. “Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões”, destacou o presidente brasileiro. Maior emissor de poluentes em números per capita, os Estados Unidos não estão oficialmente representados no evento. A China, país que é o maior emissor absoluto de gases de efeito estufa na atmosfera, participa da Conferência.
Mesmo sem poder contar com o país mais rico do mundo e vivendo num planeta já aquecido, André Corrêa do Lago demonstrou otimismo, lembrando que “o Protocolo de Montreal (1987), em três décadas, conseguiu eliminar 95% dos gases que provocavam o buraco na camada de ozônio”. A atual meta sendo perseguida foi firmada em 2015, em Paris, e quer manter o aquecimento do planeta em no máximo 1,5º C até o ano 2100. Naquele ano, a COP21 apontou que, no ritmo que estava andando e com o volume de emissões previstas, o mundo poderia esquentar 4º C até o fim do século, tornando inviável a condição de vida de muitas espécies vegetais e animais, inclusive a vida humana.
A COP30 realizada em Belém do Pará segue com atividades até o dia 21 de novembro.