“O dentista precisa ter como característica a humanização do atendimento”. Essa frase é de Sandra Pagnoncelli, odontopediatra com especialização em crianças com necessidades especiais. Professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) há 30 anos, a dentista busca unir prevenção e entendimento para tratar os sorrisos daqueles que precisam de um cuidado específico na cadeira odontológica.
Sandra explica que, muitas vezes, os familiares esquecem que os dentes e a boca são uma parte imprescindível da construção de uma melhor qualidade de vida. "As famílias ficam envolvidas com as dificuldades decorrentes da deficiência, a parte médica, e esquecem da boca, porque, socialmente, ela só serve para estética, mas na realidade, é um foco super importante, pois garante a mastigação correta de alimentos, por exemplo", conta.
LEIA MAIS: Autismo: um quebra-cabeça a completar
A dentista criou o termo OdontoTEA, que representa o tratamento odontológico especializado para crianças que estão dentro do espectro autista. “Eu criei esse título para que as famílias de pacientes especiais, dentro da categoria do autismo, possam identificar aqui um local para serem compreendidas”. O objetivo de Sandra é realizar uma análise completa da individualidade de cada criança, de forma humanizada, para que o acompanhamento seja coerente. “É necessário enxergar o paciente como um todo, dentro das suas limitações, é preciso entender a família e a condição social, pois tudo entra no plano do tratamento”, destaca Sandra.
Para a doutora, a prevenção de doenças bucais é essencial no desenvolvimento das crianças com deficiência, e o tratamento deve entender e acolher as suas singularidades. “A minha grande batalha é que chegue ao conhecimento das pessoas que as crianças com necessidades especiais devem ser acompanhadas desde pequenas, porque a prevenção é a palavra chave. Temos que cuidar para que elas não tenham cáries, problemas de gengivas e maloclusão. O foco é o mesmo para todos, o que varia é a particularidade de cada paciente”, explica.
O consultório de Sandra tem brinquedos e óculos coloridos que ajudam a distrair e construir um ambiente mais lúdico para os pacientes que ficam inquietos na hora das consultas. Além disso, a dentista explica que paciência e calma são características fundamentais para o tratamento de crianças com necessidades especiais, pois “não é no primeiro choro ou na primeira recusa da criança que iremos parar de atender”.
Embora a maioria dos profissionais que prestam atendimento a crianças com TEA sejam privados, quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) também tem direito ao tratamento personalizado. Primeiramente, é necessário contatar o posto de saúde mais próximo da sua residência, e o paciente será tratado por um médico generalista. Caso existam intercorrências e uma maior necessidade de suporte, a família será encaminhada para um centro de referência específico, com profissionais especializados no tratamento de crianças com necessidades especiais. Porém, infelizmente, segundo Sandra, a espera ainda é longa, visto que há muitas pessoas na fila.
Sandra finaliza relatando que diversas mães e pais se emocionam ao ver seus filhos tendo seus dentes tratados, pois, em diversos outros consultórios, não passaram da sala de espera. Dessa forma, a dentista acredita que é necessário desmistificar o preconceito e conceder preparo aos profissionais, pois todos podem - e devem - atender crianças especiais.
Cartilha indica cuidados com saúde bucal para crianças com TEA
- Escolher uma escova com cabeça pequena e cerdas extra-macias;
- Priorizar um creme dental sem sabor, mas com flúor;
- Para aquelas crianças que têm dificuldade de permanecer de boca aberta, pode-se dividir a escovação em 4 momentos, de acordo com as regiões da boca, realizando uma contagem de cada parte escovada;
- Pode-se utilizar a técnica de reforço positivo a cada parte da boca escovada;
- Fantoches e brinquedos podem ser aliados dos pais para demonstrar que a criança precisa abrir a boca e escovar os dentes, além de uma preparação para o posterior atendimento no consultório odontológico;
- Começar a escovar os dentes das crianças o quanto antes, para que haja a naturalização do processo ao longo do tempo;
- É essencial respeitar e entender a individualidade de cada criança, com suas particularidades e sensibilidades sensoriais.
- Priorizar um creme dental sem sabor, mas com flúor;
- Para aquelas crianças que têm dificuldade de permanecer de boca aberta, pode-se dividir a escovação em 4 momentos, de acordo com as regiões da boca, realizando uma contagem de cada parte escovada;
- Pode-se utilizar a técnica de reforço positivo a cada parte da boca escovada;
- Fantoches e brinquedos podem ser aliados dos pais para demonstrar que a criança precisa abrir a boca e escovar os dentes, além de uma preparação para o posterior atendimento no consultório odontológico;
- Começar a escovar os dentes das crianças o quanto antes, para que haja a naturalização do processo ao longo do tempo;
- É essencial respeitar e entender a individualidade de cada criança, com suas particularidades e sensibilidades sensoriais.
*Idealizada pelo professor da USP, Eder Cassola Molina, e de autoria de dentistas e profissionais especializados em crianças autistas.


Facebook
Google
Twitter