A Expointer 2025, uma das mais importantes feiras do agronegócio brasileiro, destaca-se não apenas por suas tradições, mas também pela presença inovadora de startups que buscam transformar o setor agrícola. Neste ano, 20 empresas foram selecionadas pelo Sebrae para participar do evento, trazendo soluções alinhadas às necessidades atuais do mercado agro, visando a produtividade e a sustentabilidade.
A curadoria das startups seguiu critérios que, de acordo com o gestor de Projetos de Inovação do Sebrae RS, David Viegas, priorizaram a maturidade das empresas, a inovação nos modelos de negócio e a conexão com o agronegócio. “Quando falamos do pequeno e do médio produtor, ainda é necessário promover sensibilização e educação sobre o assunto. Essas startups estão preparadas para explicar como utilizar a tecnologia e disponibilizá-la em benefício do setor”, afirma.
De acordo com o Observatório Sebrae Startups, o agronegócio é o quarto segmento mais ativo no Rio Grande do Sul, com 71 iniciativas mapeadas. Segundo David, entre esses mercados destacam-se os setores de alimentação e de clima.
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Uma das empresas que focam em soluções voltadas para o clima, está a OnAgro, que desenvolve estações meteorológicas que auxiliam na gestão da produção agrícola através da análise climática. “Sobre questões climáticas e impacto no agronegócio, precisamos de uma previsibilidade para reagir da forma mais efetiva possível. Através dessa solução, conseguimos isso, trazendo dados e gestão”, destaca David.
Dados oferecidos para consulta no observatório de startups do Sebrae
SEBRAE/DIVULGAÇÃO/JC
Focada na extensão da vida útil de produtos após a colheita, a Quiper Agroesta utiliza tecnologias para garantir que frutos mantenham a qualidade por mais tempo, aumentando a eficiência da cadeia produtiva. Enquanto a Smart Composer utiliza realidade virtual para mapear propriedades e rastrear produtos, proporcionando uma visão detalhada sobre a logística e os processos produtivos.
“A Smart Composer é uma solução que trabalha com modelos tanto de mapeamento de propriedade, quanto de rastreabilidade”, explica. David ainda destaca a TerraMares, voltada para a utilização de microalgas na alimentação animal, prometendo um alto ganho em produtividade e qualidade de vida para os animais.
A participação das startups na Expointer é vista como uma oportunidade de negócios e ponto de encontro entre inovação e tradição. De acordo com o gestor, o Sebrae, que apoia a participação destas empresas, espera que a interação gere novas parcerias e fomente a digitalização no campo, tornando as tecnologias mais acessíveis aos produtores. “Um dos nossos ideais é gerar oportunidade para as empresas que estão expondo, para que consigam aumentar o faturamento e angariar ainda mais clientes”, destaca o gestor.
Divididas em dois ciclos, as primeiras startups a expor ficaram entre sábado (30) e quarta-feira (3). O segundo ciclo de startups ocorre entre esta quinta (4) e domingo (7), último dia de feira. O espaço Sebrae está localizado próximo à entrada dos expositores no Parque de Exposição Assis Brasil.
Startup utiliza insetos como fonte de proteína sustentável
A Insect Protein alia tecnologia e ciência para desenvolver um produto natural e de baixo impacto ambiental
Criada em 2022, a Insect Protein é uma startup que propõe uma solução que é tendência em várias partes do mundo. A utilização da larva do besouro Tenebrio Molitor, o verme da farinha, como forma de alimento, vem ganhando espaço por sua vantagem ambiental. O produto em pó, por exemplo, passou a ser considerado próprio para consumo humano na União Europeia como alternativa de proteína. No Brasil, a Anvisa ainda mantém a liberação apenas para o consumo animal.
Mauro Ávila e Adriana Bender são os criadores da ideia. Com a expertise do sócio Lucas Vilella, responsável técnico da empresa e pesquisador do Tenebrio Molitor, a startup começou em casa. “Logo em seguida, fomos procurados por uma multinacional. Daí decidimos virar uma empresa”, conta Mauro.
Vendendo tanto para empresas quanto para consumidores finais, a clientela da Insect Protein é ampla. Um dos principais perfis é o de tutores de cães e gatos alérgicos às proteínas comuns em rações. “Os veterinários passam as receitas e já indicam que comprem da gente, porque temos todas as certificações de segurança”, garante Mauro.
Ambientalmente, o produto se destaca por utilizar pouca água, energia e baixa emissão de CO2 em comparação com outras fontes de proteína. “Precisamos de 3kg da larva para fazer 1kg do produto, enquanto um suplemento precisa de 200 litros de soro de leite, por exemplo. Tem mais energia e não causa alergia”, destaca.
A Expointer é uma oportunidade de aumentar os investimentos do negócio, um passo fundamental para a empresa. “Estamos em escala de produção laboratorial. Buscamos investimentos, porque um dos nossos objetivos é ampliar o espaço para 600m², para produzir cerca de 1 a 3 toneladas por mês. Hoje, a produção é de 30kg mensais, mas já temos clientes interessados em grandes quantidades”, justifica Adriana.
Marca desenvolve creme de proteção para fumicultores
A Protege Química surgiu como um projeto de pesquisa para um curso técnico e se tornou um negócio
Criada por Franciele Carraro e sua sócia, Júlia Giovanaz, a Protege Química é uma startup criada a partir de um projeto de iniciação científica. Durante o curso técnico de enfermagem, a dupla definiu, como tema de pesquisa, o desenvolvimento de um EPI para fumicultores. A ideia surgiu porque Júlia tem familiares que trabalham no ramo, e sabe que há uma dificuldade comum a todos que lidam com a planta: a Doença da Folha Verde do Tabaco, uma intoxicação aguda que ocorre quando a nicotina é absorvida pela pele humana, causando tontura, dores de cabeça e dificuldade em respirar.
Presentes na Expointer, no espaço de inovação do Sebrae, a startup está aproveitando a oportunidade de, pela primeira vez, expor a tecnologia para um público de milhares de pessoas. “Sabemos que aqui não é exatamente o fumicultor que vai ver nosso produto, mas nós temos amostras para entregar a quem aparecer. De qualquer forma, é uma oportunidade. Para nós, é muito importante ser visto”, comenta Franciele, ressaltando a possibilidade de conexão com parceiros, como lojas agropecuárias ou farmácias, por onde a maioria dos cremes é comercializada.
O produto da Protege Química é um creme protetor com uma formulação composta por um “blend de silicones”, como definiu Franciele. “Isso forma uma barreira invisível na pele, como se fosse uma luva”, explica, informando que a duração da proteção é de quatro horas e que o produto é certificado pela Anvisa e reconhecido pelo Ministério do Trabalho.
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A industrialização do EPI é feita na cidade de Novo Hamburgo, de onde os cremes, com embalagens 100% recicláveis, saem para as lojas.
Para o futuro, além de aumentar o número de clientes fumicultores, as sócias pretendem desenvolver produtos que sirvam para outras culturas. Esta ampliação é uma estratégia para fugir da sazonalidade que limita as vendas, já que o tabaco é colhido somente no verão. “Nossa formulação está sempre evoluindo e na próxima safra queremos implementar proteção solar no nosso creme”, projeta Franciele.

