A Expointer ganha nesta edição um novo ponto de encontro entre tradição e futuro: o Hub Agro, sede do Agro Inovar RS, uma arena de inovação do agronegócio do Estado, organizado pela Prefeitura de Esteio e pela Universidade Feevale. A proposta é fortalecer a conexão entre produtores, startups, empresas e academia, criando um ambiente fértil para soluções que unem tecnologia, sustentabilidade e competitividade no agronegócio.
Entre os destaques desta edição estão três startups que representam diferentes frentes da inovação aplicada ao campo, a Bioativas Soluções em Efluentes, a Biogên Soluções Biotecnológicas e a Epitecbio. Cada uma delas mostra como a tecnologia, alinhada ao empreendedorismo, pode transformar o setor em oportunidades de avanço.
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A engenheira bioquímica Danielli Ledur Kist, fundadora da Bioativas, desenvolveu uma metodologia que permite transformar fossas rudimentares em sistemas eficientes de tratamento de efluentes. O impacto vai desde pequenas agroindústrias até grandes corporações. “Eu desenvolvi uma metodologia que consigo avaliar as fossas, fazer intervenção nelas e garantir o atendimento de parâmetros ambientais”, explica. O diferencial é o custo reduzido, o que torna possível a adequação ambiental sem grandes investimentos. “Se tiverem que investir em uma estação de tratamento, muitas empresas preferem fechar. Nossa metodologia permite sustentabilidade econômica e ambiental”, resume Danielli. Atualmente, a solução já atende mais de 150 fossas e está em fase de automação para dar mais autonomia aos clientes.
Já a Biogên Soluções Biotecnológicas surgiu como spinoff da Biosolar e rapidamente ganhou notoriedade em editais de inovação. O biólogo Rodrigo Kaufmann, CEO da startup, conta que a proposta é oferecer soluções biológicas para tratar efluentes industriais e dejetos agropecuários, sem o uso de químicos. “Nós criamos as condições para que os microrganismos já presentes nos efluentes se proliferem e tratem contaminantes como nitrogênio e fósforo”, detalha. O primeiro protótipo, desenvolvido em uma indústria da Região Metropolitana, mostrou-se eficiente, e a startup agora avança para a suinocultura, um setor que enfrenta barreiras ambientais para expandir.
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“O dejeto suíno é hoje um dos maiores entraves para o crescimento da produção. Nossa solução oferece um tratamento ambientalmente correto e de baixíssimo custo, permitindo que o líquido resultante seja usado como fertirrigação, atendendo os parâmetros ambientais”, afirma. Para o empreendedor, a presença no Hub Agro amplia horizontes. “A Expointer atrai um público imenso de produtores, investidores e empresários. É a chance de apresentar a solução diretamente para quem importa. Participar de um evento como o Hub Agro é estar no lugar certo, na hora certa, para transformar um bom produto em um negócio de sucesso.”
A juventude também tem espaço garantido na inovação do agro. A Epitecbio, startup criada por Isadora Patias Piccoli, de 18 anos, desenvolve um pesticida biológico com potencial para substituir defensivos químicos. O projeto nasceu ainda no ensino médio, a partir de pesquisas sobre substâncias antifúngicas presentes em plantas. “Minha ideia era utilizar insumos orgânicos de outras empresas para retirar uma substância que tem potencial antifúngico. Estou testando em um fungo específico, o mofo branco, que incide em mais de 400 espécies”, explica. A solução mira não apenas o mercado nacional, mas também o internacional, onde barreiras contra pesticidas químicos são cada vez mais rígidas. “Muitos países, especialmente da União Europeia, têm restrições severas a pesticidas químicos. Desenvolver uma solução biológica amplia as possibilidades de exportação para os produtores brasileiros”, observa. Para ela, o Hub Agro representa visibilidade e conexão: “É uma oportunidade única de mostrar que a ciência feita desde cedo pode gerar impacto real no campo. O espaço nos conecta com pessoas que podem ajudar a transformar pesquisa em produto.”
Para a coordenadora de inovação da Feevale, Manuela Bruxel, o Hub Agro é mais do que uma vitrine durante a feira, é um projeto contínuo de integração entre universidade, setor produtivo e ecossistema de inovação. “O Hub Agro foi criado para ser um espaço perene onde o município, universidade e startups desenvolvam novas ideias e modelos de negócios para a área da agricultura”, explica. Durante a Expointer, o espaço oferece conteúdos que promovem a inovação, tecnologia e empreendedorismo, junto com o Agro Inovar RS.
Além disso, o novo espaço visa networking, troca de conhecimento, apresentação de cases de sucesso, integrando desenvolvimento sustentável no campo, alinhando o setor agropecuário com as novas tecnologias. Segundo ela, o maior desafio está em aproximar o público de uma nova forma de pensar o campo. “Quando falamos em novas tecnologias, muitas vezes estamos lidando com uma nova maneira de pensar. A proposta é aliar a tradição da Expointer com o que está vindo de novo, fazendo conexões assertivas para ambos”, afirma. A ideia é que, após a feira, o espaço siga ativo, recebendo eventos, treinamentos e novos projetos. “Esperamos que empresários, produtores, startups, investidores e demais comunidades enxerguem todo o potencial que temos na agropecuária e que possamos unir esforços para co-criar o futuro do setor.

