Com o lançamento da nuvem própria, a Magazine Luiza passou a entender na prática os desafios enfrentados por pequenos negócios que tentam vender online

Investindo em nuvem própria, Magalu tem metade das vendas via marketplace


Com o lançamento da nuvem própria, a Magazine Luiza passou a entender na prática os desafios enfrentados por pequenos negócios que tentam vender online

O futuro das lojas físicas de varejo tem sido tema recorrente em feiras de inovação - e não foi diferente na Gramado Summit 2025. Durante um dos painéis do evento, Felipe Cohen, diretor executivo de marketplace da Magazine Luiza, compartilhou percepções relevantes sobre o momento atual do setor. O executivo esteve recentemente na NRF (National Retail Federation), uma das maiores feiras globais de varejo, realizada em Nova York, e trouxe de lá alguns dos principais aprendizados.Segundo ele, embora previsões sobre o “fim da loja física” apareçam todos os anos, a realidade mostra o contrário. "Neste ano, vimos que a loja física voltou mais forte do que nunca porém, diferente. A loja do futuro não será como a de hoje", afirmou. Para Felipe, o e-commerce veio para ficar e está completamente integrado ao varejo físico. “Os dois mundos se relacionam o tempo todo”, disse, explicando que, enquanto gerações anteriores à Z ainda fazem distinção entre o online e o off-line, os jovens nativos digitais enxergam tudo como uma coisa só. O ponto de contato com a marca, para esse novo consumidor, é único, não importa o canal.
O futuro das lojas físicas de varejo tem sido tema recorrente em feiras de inovação - e não foi diferente na Gramado Summit 2025. Durante um dos painéis do evento, Felipe Cohen, diretor executivo de marketplace da Magazine Luiza, compartilhou percepções relevantes sobre o momento atual do setor. O executivo esteve recentemente na NRF (National Retail Federation), uma das maiores feiras globais de varejo, realizada em Nova York, e trouxe de lá alguns dos principais aprendizados.

Segundo ele, embora previsões sobre o “fim da loja física” apareçam todos os anos, a realidade mostra o contrário. "Neste ano, vimos que a loja física voltou mais forte do que nunca porém, diferente. A loja do futuro não será como a de hoje", afirmou. Para Felipe, o e-commerce veio para ficar e está completamente integrado ao varejo físico. “Os dois mundos se relacionam o tempo todo”, disse, explicando que, enquanto gerações anteriores à Z ainda fazem distinção entre o online e o off-line, os jovens nativos digitais enxergam tudo como uma coisa só. O ponto de contato com a marca, para esse novo consumidor, é único, não importa o canal.
LEIA TAMBÉM > Responda à pesquisa Os Gaúchos e o Consumo 2025

Ele também destacou que a penetração do e-commerce no varejo global gira em torno de 20%, chegando a 30% em mercados como Europa e Ásia. No Brasil, o índice ainda está abaixo dos 15%. Para entender esse cenário em transformação, é necessário olhar para o comportamento do consumidor, que está cada vez mais conectado e imediatista. “Hoje, a necessidade básica não é mais só comida ou abrigo, é bateria e Wi-Fi”, brincou Felipe, lembrando que o Brasil é o segundo país mais conectado em redes sociais no mundo, mesmo sendo o quinto em população.
A aceleração do comportamento de consumo é resultado direto da rápida evolução da tecnologia. Felipe exemplificou essa velocidade citando quanto tempo diferentes tecnologias levaram para atingir 50 milhões de usuários. O avião e o carro, 60 anos; o celular, 12; o Pokémon Go, 19 dias; o Threads, rede social do Instagram, apenas uma hora para bater um milhão de usuários, e sete horas para chegar a dez milhões. Diante disso, ele afirmou que a jornada de compra já não é mais linear e que não existe mais o perfil de cliente de loja física. “Temos que estar onde o consumidor está. Hoje, a principal disputa entre marcas é pelo tempo das pessoas”, observou.

Felipe também compartilhou os bastidores da transformação da Magazine Luiza de uma varejista tradicional para uma empresa de tecnologia. Com o lançamento da nuvem própria, a companhia passou a entender na prática os desafios enfrentados por pequenos negócios que tentam vender online. “Usamos todo o poder das nossas lojas físicas para construir um e-commerce verdadeiramente multicanal. Criamos o ecossistema Magalu, que em dois anos integrou empresas de tecnologia e logística.” Em 2020, a empresa tinha cerca de 800 lojas físicas e um e-commerce quase inexistente. Hoje, 70% das vendas são feitas online - metade delas via marketplace, ou seja, de outros vendedores utilizando a infraestrutura do Magalu.

Esse modelo permitiu avanços logísticos relevantes. "Se você mora perto de uma loja, consegue receber o produto em até duas horas. Ele sai da loja, e, se necessário, pode ser devolvido nela mesma." A empresa também criou soluções para a venda local de itens comuns, como guarda-chuvas. “Não faz sentido entregar um guarda-chuva de Gramado para Fortaleza. Mas se eu identifico um vendedor local, consigo atender de forma eficiente e rentável. Hoje, vendedores que antes ficavam esperando clientes agora buscam lojistas para colocar seus produtos no nosso marketplace. Eles podem usar a loja como hub e entregar seus produtos ali diariamente. Temos caminhões que passam por essas lojas todos os dias.”
LEIA TAMBÉM > Negócios de nicho focados em faixa etária abrem em Porto Alegre

Ao falar sobre o futuro, Felipe citou um estudo da Forrester que projeta que até 2030, 35% da receita das lojas virá de fontes que não envolvem venda direta, e 50% do lucro será proveniente dessas mesmas atividades. “Se a loja física existir apenas para vender, ela está condenada”, disse, reforçando que lojas puramente conceituais, criadas apenas para marketing ou imagem, também não são sustentáveis. Para ele, é preciso encontrar um equilíbrio entre função e rentabilidade.

Segundo Felipe, o modelo ideal é que 70% da loja seja dedicada à transação, 20% à experiência e 10% à inovação. “A loja tem aluguel, comissão, transporte, não é barato. Mas o consumidor que vai até ela busca mais do que preço, ele quer testar um home theater, ouvir o som, sentir o cheiro do café, experimentar. E a inovação é essencial, como a Luiza Trajano sempre diz 'inovação e cultura são os pilares que sustentam uma empresa'", destacou.