Uma das primeiras etapas de qualquer negócio é definir o seu público-alvo. Nos últimos anos, o acesso à informação proporcionou ao consumidor uma exigência maior na hora de investir em produtos e serviços. Alimentos veganos ou sem glúten e roupas plus size são alguns exemplos de muitas ofertas segmentadas para públicos específicos.
A vantagem de estabelecer um negócio nichado é a fidelização do cliente. Mas ser referência para um público selecionado requer conhecimento, como explica o gerente de competitividade setorial do Sebrae-RS, Augusto Martinenco. "Não basta criar uma casca para vender o serviço para o nicho, é preciso de fato entender do assunto para servir de maneira adequada. É só uma questão de tempo para que o público perceba que minha oferta não é condizente com o que eu vendo", alerta.
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Augusto também explica que, como o negócio de nicho lida com um público menor que uma operação convencional, a margem de lucro do negócio precisa ser maior para compensar essa perda. "Se num negócio generalizado você venderia para 1 mil, e no nichado vai vender para 100, é preciso cobrar mais e vender mais para o negócio ser sustentável. E isso acaba sendo automático, porque se vou oferecer um serviço excelente para um público, vou precisar investir na qualidade, e a margem já sobe aí", justifica.
Outra justificativa para a guinada de negócios à estratégia do nicho é a concorrência. De acordo com Augusto, quanto mais o empreendedorismo cresce e se desenvolve, mais as empresas precisam de um diferencial, que muitas vezes é encontrado focando as ofertas para um público específico. "Antes da popularização da Internet, não tínhamos tanta informação quanto hoje. Agora, fazendo uma pesquisa, conseguimos diferenciar o que é um serviço exclusivo e o que é genérico", complementa.
O especialista também destaca o setor dos nichos voltados a faixas etárias específicas. "As pessoas estão vivendo cada vez mais, com mais qualidade de vida, então a população está ficando mais velha e há uma tendência a ter ofertas de negócios para este público. Assim como as gerações que estão vindo têm hábitos de consumo diferentes, e já tem negócios olhando para essas pessoas que estão começando a entrar no mercado de consumo", ressalta Augusto.
Público 60+: residencial de alto padrão estreia em Porto Alegre
O senior living Merano inaugurou o serviço em abril e conta com 68 apartamentos
O Rio Grande do Sul é o Estado com a maior população proporcional de idosos do Brasil. Com mais pessoas acima dos 60 anos do que abaixo dos 14, a região reflete o envelhecimento que ocorre em todo o País. Foi com isso em mente que os empresários Juarez D'Ambros e Claudio Krinski começaram a planejar a construção do residencial Merano, edifício de alto padrão focado com pessoas com mais de 60 anos.
Juarez teve pais residentes em lares de idosos e passou pelos desafios de escolher um local para deixá-los. Já Cláudio tinha o sonho de construir um local onde sua mãe pudesse viver bem. Hoje, com o residencial finalizado, ela é residente.
Coordenador de comunicação da Merano e arquiteto com participação no projeto do residencial, Ismael Bertamoni destaca que o local foi pensado para atender à população idosa desde o projeto inicial. Os que existem hoje são casas adaptadas para atender os residentes. Aqui não. Desde o projeto de arquitetura do prédio, tudo foi pensado para atender o idoso. Tem sinalização, apoio, sem nenhum degrau, todos os banheiros têm botão de emergência, não tem boxes nem barreiras de piso", ressalta.
Os serviços oferecidos pelo residencial são pensados para que os moradores tenham todo tipo de assistência. Distribuídos em cinco andares, os espaços contam com refeitório, massagem, telemedicina, farmácia, enfermaria, musicoterapia, biblioteca, além de serviços voltados ao lazer, ao entretenimento e à relação entre os residentes, principalmente nos espaços externos.
"Temos um cliente que ficou viúvo. Ele tem Alzheimer. Morava sozinho e passava três dias sem falar com ninguém. Nosso espaço é preparado para gerar essa interação, companhia, com jogos, enfim. Aqui, a nossa procura parte muito mais dos próprios idosos do que da família", destaca Ismael.
A segurança é outra preocupação notável do residencial, que conta com sensores de fumaça, porta corta-fogo e um gerador que em qualquer caso de sinistro fica disponível apenas para os elevadores, visando garantir a segurança de quem tem dificuldades de mobilidade. Além disso, há uma central de monitoramento com visão dos corredores.
Com pouco tempo de existência, o senior living conta hoje com cinco residentes. A procura pelo serviço está crescendo, e a ideia é ampliar a operação. "Temos quatro quartos duplos, para caso alguém queira ir em dupla, como um casal, por exemplo. Também teremos um serviço de atendimento de hotelaria pós-operatório, para que um paciente de um hospital possa vir para cá com tudo à disposição. Mas este é um serviço separado, chamado de Alta Hospitalar Segura", explica Ismael.
O Merano recebe idosos com todos os três níveis de autonomia. Quando o residente chega, é feita uma consulta com a médica e com a nutricionista para entender como é a alimentação e para criar um plano de cuidado. "O objetivo é refinar o atendimento para as necessidades específicas de cada um", afirma Ismael.
Ismael destaca que o residencial deseja desmistificar um estigma que existe no Brasil. "Existe uma cultura de que a família tem que cuidar do idoso até o fim da vida. Os lares de idosos são vistos como um depósito, 'não tem mais como cuidar, vamos colocar lá'. Hoje em dia, tem pessoas de 60 com pais de 90. É um dilema, porque são pessoas que precisam de um cuidado que talvez o filho não consiga dar", reflete.
O processo de envelhecimento que ocorre no Brasil não é novidade em outros países, especialmente nos mais desenvolvidos. "Na Itália, esses residenciais são muito mais comuns. As ruas têm serviços voltados para esse perfil de público. Inclusive, Merano é uma cidade da Itália. O Juarez sempre falava de lá. 'Quando me aposentar, quero morar em Merano', é um ponto de conexão dele", comenta Ismael. A ligação com a Itália também se reflete nos nomes das unidades, que não são iguais. A variação se dá no tamanho do espaço. As suítes são chamadas de Turim, Verona, Florença e Milão. As duas últimas, além de serem maiores, contam com sacadas. "Apesar dessa diferença, os serviços estão disponíveis igualmente para todos", garante Ismael.
O local ainda conta com um salão de festas e eventos que pode ser locado por familiares dos moradores. "Tem residenciais que exigem que os visitantes marquem horário. Aqui não. Inclusive, nós estimulamos que venham, façam um churrasco de domingo, já que é a casa deles", incentiva Ismael.
O Merano Senior Living está localizado na avenida Icaraí, nº 251, no bairro Cristal. Os valores da mensalidade variam de acordo com a unidade escolhida. A suíte Turim custa R$ 8 mil; a Verona, R$ 11,5 mil; a suíte Florença, R$ 13 mil e a suíte Milão, R$ 14 mil. A unidade Alta Hospitalar Segura custa R$ 600,00 a estadia diária. Mais informações podem ser conferidas no site meranosenior.com.br.
Espaço oferece contraturno escolar para desenvolver a criatividade das crianças
O Clubinho Secreto recebe crianças entre 4 e 10 anos com atividades voltadas às artes
Criado pela publicitária Amanda Michelini, o Clubinho Secreto é um espaço pensado para receber crianças criativas no contraturno escolar. Num espaço montado em uma casa, o local conta com vários ambientes de estímulo à arte, com atividades que vão desde as manuais até teatro e dança, além de um pátio amplo, que tem até uma tirolesa, para que as crianças possam brincar livremente. A identificação com o lugar foi instantânea. "Cresci num condomínio que tinha só oito casas, então minha infância foi brincando com outras crianças, e a casa me lembrou muito essa fase", comenta Amanda.
A publicitária conta que a inspiração para a criação do Clubinho Secreto veio de um espaço que ela sentia falta na infância. "As crianças têm muito estímulo à arte até a escolinha. Quando entram no Ensino Fundamental, isso diminui muito. Tem inglês, esporte, mas, desde criança, sinto falta disso, porque não gostava de esporte", conta Amanda, que pensou cada espaço da casa com a diretora de arte Letícia Bueno. "Ela abraçou a ideia comigo, desenvolvendo sala por sala, foi muito importante", exalta.
Amanda destaca o desejo de proporcionar às crianças o sentimento de viver a infância plenamente. "Fui uma criança criativa e não me sentia encaixada em vários ambientes, principalmente na escola, então criei um espaço para essas crianças serem elas mesmas. Elas já estudam de tarde, então, de manhã, têm que brincar, ter essa liberdade, como se estivessem realmente no clubinho delas", explica.
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O uso de celulares e telas em geral é um fator determinante para a diminuição do estímulo das crianças às artes, segundo Amanda. "Luto muito contra as telas. Aqui, não pode celular, claro, mas as crianças nem buscam, porque tem tantas outras coisas para fazer que elas vivem a infância de verdade. As memórias das crianças estão cada vez mais raras, porque elas passam muito tempo nas telas. O que tu vais lembrar das telas? Falta ter experiências, vivências, isso é muito especial", reflete.
De acordo com Amanda, o objetivo de proporcionar interação entre as crianças funciona muito bem. "Teve um exemplo de uma criança que fazia o contraturno na escola mas não estava se adaptando, e aqui deu supercerto, os professores elogiaram bastante o comportamento. Um outro menino que a mãe relatava que tinha dificuldade de socializar e aqui se sente acolhido", exemplifica.
O público do Clubinho Secreto são crianças entre 4 e 10 anos, e as turmas têm como temática arte e criatividade, dança e teatro. O espaço recebe no máximo 10 crianças por turma. Os encontros acontecem de segunda a quinta-feira, das 8h às 12h. "Temos atividades específicas das 9h30min às 11h, o resto é tempo livre para eles brincarem", diz. Todas as atividades são acompanhadas por profissionais.
Nos fins de semana, o Clubinho Secreto promove oficinas. No sábado, o foco são as crianças menores, que vão acompanhadas dos pais. "Começa com dança e teatro, depois vamos para a salinha de arte para fazer uma atividade manual, encerramos com um chazinho aqui no pátio. É delicioso", garante Amanda. Já no domingo, o Clubinho funciona das 14h às 19h e é voltado para crianças maiores, para que os pais possam deixá-las por lá. "Estas crianças não são necessariamente das turmas, é avulso, então também é uma oportunidade legal para conhecerem", sugere.
O Clubinho Secreto fica localizado na rua João Abbott, nº 274, bairro Petrópolis.

