Na última década, a equidade se tornou um dos temas mais discutidos, refletindo tanto no cotidiano das pessoas quanto nas práticas empresariais. As grandes organizações têm abordado cada vez mais a importância desse conceito, o que impacta diretamente a vida dos colaboradores e as estratégias de mercado. Durante um dos painéis da Gramado Summit, Eduardo Ferlauto, diretor de sustentabilidade das Lojas Renner, e Henry Costa, consultor da marca, abordaram as práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) adotadas pela companhia, explicando como essas medidas influenciam o negócio e os clientes.
Atualmente, o grupo Renner é composto por seis marcas: Renner, Camicado, Youcom, Ashua, Realize CFI e Repassa. Líder no varejo brasileiro, o grupo possui 686 lojas espalhadas pelo Brasil e mais de 25 mil colaboradores. “A Repassa é uma plataforma C2C para a venda de roupas usadas, sendo uma das iniciativas sustentáveis da marca”, explicou Henry. Ele também destacou que, há mais de dez anos, a Renner incorporou a sustentabilidade em seus valores e passou a estabelecer metas voltadas à sustentabilidade para os executivos do grupo.
“Temos uma política de encantamento, iniciada em 1996, que visa não apenas conquistar nossos clientes, mas também fornecedores e parceiros. A ideia é impactar positivamente toda a comunidade”, afirmou Henry, destacando as ações voltadas para práticas de ESG.
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Eduardo reforçou que, em relação às lideranças negras, a empresa tem avançado significativamente, especialmente no que se refere à descentralização das governanças. No último ano, a Renner consolidou quatro grupos de afinidade, cada um representando diferentes recortes raciais, os quais foram estabelecidos como prioridades pela empresa. O programa, denominado Plural, estabelece um vínculo com o conselho por meio de um comitê. “Esse programa tem gerado um impacto muito significativo, especialmente quando olhamos para o avanço dos números. Esse trabalho precisa ser feito com a base dos colaboradores e com muita colaboração”, afirmou Henry.
Henry Costa, consultor da Renner, e Eduardo Ferlauto, diretor de sustentabilidade, na Gramado Summit
JÚLIA FERNANDES/ESPECIAL/JC
Os executivos destacam o compromisso da Renner em alcançar, até 2030, a marca de 50% dos cargos de liderança ocupados por pessoas negras. Além disso, a empresa quer garantir que 55% dos cargos de alta liderança sejam ocupados por mulheres. Fora as metas de diversidade, a Renner reflete sobre a remuneração, com foco especial em comunidades racializadas, LGBTQIAP+, pessoas com deficiência (PCDs) e mulheres. “Não se trata de um projeto com começo, meio e fim, mas de algo contínuo, permanente. A diversidade permite que diferentes pontos de vista se reúnam ao redor da mesa”, explicou Renata Altenfelder, CMO do ecossistema das Lojas Renner, em entrevista exclusiva para o GeraçãoE sobre a importância da diversidade para pequenos empreendedores que estão ingressando no mundo da moda. Para ela, esses conceitos devem ser parte essencial do DNA de qualquer empresa.
Ela também destaca a importância de olhar para as diversas realidades, como as mulheres, pessoas com deficiência e outros grupos minoritários. “A diversidade é fundamental para que possamos construir um portfólio de produtos e serviços que atendam a uma população diversa. Afinal, nossos consumidores são diversos, e nossa empresa precisa refletir essa realidade. Quanto mais diversa for sua equipe, mais verdadeira será a conexão com o público e, consequentemente, o sucesso financeiro será garantido.”
A Renner tem se destacado como uma referência no que diz respeito às práticas ESG. “Estamos muito próximos de atingir 90% de excelência, mas, com essa transformação, é fundamental mantermos esse padrão. Por isso, tornamos esse compromisso público, reafirmando nosso engajamento com os melhores parâmetros de atuação”, ressaltou Eduardo.
Ele também enfatiza que as práticas de ESG incluem o cuidado com a saúde e o bem-estar dos colaboradores. A marca implementou o Balance, um programa que aborda a saúde mental dos líderes, incentivando-os a discutir as condições de qualidade de vida dentro de suas equipes.
Em relação às soluções climáticas e circulares, os executivos destacam a importância da descarbonização dos negócios, especialmente considerando que a indústria têxtil é centenária e depende de matérias-primas como o algodão e o poliéster. “A descarbonização do negócio passa por ampliar nossa atuação na cadeia de produção, chegando até as fazendas, onde a pegada de carbono se origina, e onde também podemos encontrar soluções”, observou Eduardo.
Ele complementa que a transformação não deve se limitar ao setor industrial, mas também ao papel dos designers. “Será que estamos, em nossas coleções, priorizando não apenas a maior rentabilidade comercial, mas também aquelas que geram menos resíduos?” questionou Eduardo, destacando que é necessário romper com os paradigmas tradicionais do varejo e adotar uma perspectiva mais ampla e industrial.
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Hoje, a Renner trabalha com 100% de algodão certificado em sua cadeia de suprimentos e tem avançado na transição para o uso de outras matérias- -primas, como a viscose (onde já atingiu 92% de utilização sustentável) e o jeans, com redução do uso de produtos químicos. “É importante destacar que essas mudanças não foram feitas por meio de ações disruptivas. Aqui, não se tratou apenas de tecnologia, mas sim de diálogo. Criamos ambientes de gestão colaborativos, estabelecendo uma jornada conjunta com nossos fornecedores”, apontou Henry.

