A cidade de Porto Alegre, há algumas décadas, por suas diversas administrações, vem se empenhando em tornar a cidade atrativa para negócios. A facilitação para abertura de empresas, com desburocratização de processos, norteou, entre outras iniciativas, a abertura da Sala do Empreendedor, como em outras capitais interessada na expansão do ambiente de negócios. Entretanto, os últimos acontecimentos na cidade, com as cheias do Guaíba e o fechamento de empresas podem arranhar esse perfil.
O presidente do sistema Fecomércio-RS Sesc/Senac, Luiz Carlos Bohn, avalia que o arcabouço legal que fez Porto Alegre ser atrativa do ponto de vista de investimentos continua válido. “O ponto é que agora o município precisa provar para todos, os que já estão aqui e para os que podem pensar em vir pra cá, é que é um lugar que está protegido de novas enchentes e que cenas como vimos ocorrer recentemente não acontecerão novamente”, ressalta.
O fechamento das operações do Aeroporto Salgado Filho e do Trensurb, assim como como o impacto nas operações de transporte de passageiros intermunicipais e interestaduais, foram desdobramentos da enchente, mas podem ser considerados os principais entraves para quem estude a possibilidade de investir na cidade, seja o próprio porto-alegrense, seja o investidor de fora.
“Precisamos garantir que o sistema que temos disponível funcione a pleno e que estamos comprometidos em melhorá-lo continuamente. O comprometimento com a segurança e prevenção de novas tragédias precisa ser compromisso de todos os governos (municipal, estadual e federal) e ponto de atenção e cobrança de todos nós cidadãos”, alertou Bohn, para quem a cidade deve se reerguer, superando o evento traumático, com perda de vidas e de patrimônio.
Cerca de 46 mil empresas foram atingidas pela enchente em toda cidade e 140 mil trabalhadores formais tiveram suas funções prejudicadas em diferentes escalas. Os cálculos são da Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET). A titular da pasta, Júlia Tavares, considera com otimismo a retomada das atividades.
“Nós conquistamos no ano passado o título de melhor ambiente de negócios do País. Somos a cidade com o menor número de atividades de baixo risco, que não precisam de alvará par funcionar. O que precisamos é passar confiança para o empreendedor para a recuperação da cidade. Temos um ambiente de negócios muito maduro. Vamos superar”, confia a secretária.
Júlia Tavares se referiu ao Prêmio Inovação Porto Alegre, concedido por um júri composto por reitores e conselheiros do Estado. Faz parte da sua secretaria, a Sala do Empreendedor, espaço criado há cerca de uma década com o objetivo de apoio e de facilitar o licenciamento de para empreendedores.
Em janeiro deste ano, a pasta festejou a queda histórica, em um período de seis meses, no tempo de abertura de empresas. No ano passado, eram necessárias cerca de 24 horas, sendo que, em dezembro, o tempo de espera caiu para 15 horas
Para o presidente da Fecomércio, “não existe uma bala de prata” para Porto Alegre voltar a ter o mesmo desempenho no ambiente de negócios. Seriam necessárias a ações de várias frentes. Entre elas, a garantia de que os recursos via linhas de crédito cheguem efetivamente nas empresas, mas a fundo perdido.
A Capital também necessita de mecanismos de manutenção dos empregos. “É fundamental garantir que todas as medidas de curto prazo que possam ser tomadas para impedir que o aconteceu não se repita estão sendo tomadas, ao mesmo tempo que se desenham novas e mais eficientes alternativas de proteção a Porto Alegre”, destacou Luiz Carlos Bohn.