Reconhecida pela transformação social que a tirou da lista das cidades mais violentas do mundo,
Medellín,
na Colômbia, teve inspiração brasileira para se tornar exemplo de planejamento urbano e inovação. E uma das referências foi
Porto Alegre. A informação é do antropólogo colombiano
Santiago Uribe Rocha, que está na capital gaúcha para coordenar o grupo de trabalho internacional da iniciativa Porto Alegre Resiliente.
Uribe palestrou na noite de terça-feira, 3, no Instituto Ling. Segundo ele, “todos nós que estudávamos Ciências Sociais sonhávamos um dia vir a Porto Alegre para conhecer a cidade que ‘inventou’ o Orçamento Participativo e o Fórum Mundial Social”. De acordo com o especialista, a experiência de participação popular passou a ser replicada em Medellín em diversas políticas públicas, o que gerou engajamento dos cidadãos e trouxe, entre outros avanços, a redução da criminalidade.
Do Brasil, o especialista colombiano ainda cita o Rio de Janeiro, onde a inspiração foi do urbanismo nas favelas, e a capital do Paraná, Curitiba, que foi referência para o sistema de transporte coletivo na cidade colombiana.
Sobre a reconstrução pela qual as cidades gaúchas precisarão passar, projetou, usando o exemplo da capital gaúcha, que “estamos tratando de desenhar uma transformação cultural, que gera ressonância cultural, e a má notícia é que é uma tarefa de tartaruga: transformar Porto Alegre vai tomar 30, 50 anos”.
Ainda na comparação com o caso de Medellín, cuja mobilização social teve início na virada das décadas de 1980 e 1990, o antropólogo sustentou que “uma transformação social não é só o princípio; é o princípio e o final permanentemente revisados”.
A palestra marcou a abertura da segunda edição do projeto "Arquitetura: modos de pensar", realizado pelo Instituto Ling em parceria com a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio Grande do Sul (Asbea-RS).
Além da aula inaugural com Uribe, a programação prevê dois cursos de curta duração, que terão matrículas abertas em breve no site do Instituto Ling. O primeiro será "Arquitetura e Mudanças Climáticas: caminhos para um futuro sustentável", dividido em quatro encontros, nos dias 25 de setembro e 2, 9 e 16 de outubro, sempre nas quartas-feiras. Depois, nos dias 22 e 29 de outubro, terças-feiras, o tema será "Mulheres na Arquitetura". O projeto tem patrocínio de Arte Rochas.