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Entrevista

- Publicada em 04 de Setembro de 2023 às 17:49

É necessário qualificar os modais do Brasil, afirma Zildo De Marchi

Zildo De Marchi ressalta a importância do esforço para ampliação da malha ferroviária no País

Zildo De Marchi ressalta a importância do esforço para ampliação da malha ferroviária no País


TÂNIA MEINERZ/JC
A malha rodoviária brasileira está melhorando a partir de iniciativas como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que foi lançado pelo governo federal no dia 11 de agosto. De acordo com o presidente do Sindiatacadistas-RS, Zildo De Marchi, as estradas no País apresentam uma qualidade satisfatória para o transporte de cargas, porém, salienta que existem problemas, como "caminhões atolados na lama".
A malha rodoviária brasileira está melhorando a partir de iniciativas como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que foi lançado pelo governo federal no dia 11 de agosto. De acordo com o presidente do Sindiatacadistas-RS, Zildo De Marchi, as estradas no País apresentam uma qualidade satisfatória para o transporte de cargas, porém, salienta que existem problemas, como "caminhões atolados na lama".
O dirigente explica que há muito para ser feito em infraestrutura no Brasil. Em relação ao Estado, ele diz: "o Rio Grande do Sul está sendo um grande exportador e trabalha muito para o abastecimento interno, mas enfrenta dificuldades - ainda no transporte rodoviário. Em contrapartida, no Novo PAC há um investimento de R$ 75,6 bilhões em obras e serviços no Estado.
De Marchi explica que o Brasil, em sua história recente, inclinou-se mais para os investimentos nas obras viárias em detrimento de outros modais. A lembrança refere-se à década de 1960, época em que houve um estímulo à produção de automóveis no País, principalmente no período do governo do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
O presidente do Sindiatacadistas-RS também destaca que existe um esforço para ampliação da malha ferroviária no País. Ele cita que o transporte de produtos através dos trens é algo valioso para o desenvolvimento econômico e progresso. "É necessário ampliar ainda mais."
O Novo PAC também contempla recursos para a malha ferroviária, mas não no Rio Grande do Sul. Dentro das iniciativas, por outro lado, abrangem algumas obras importantes no Estado, como duplicação da BR-116 - Porto Alegre-Pelotas, a construção de acessos à nova ponte do Guaíba, a adequação do trecho Porto Alegre-Novo Hamburgo da BR-116, a duplicação da BR-290, trecho Eldorado do Sul - Pantano Grande, as barragens Arroio Jaguari, Arroio Taquarembó e moradias do Minha Casa Minha Vida.
No que se refere ao comércio internacional, De Marchi lembra que o Uruguai também vem crescendo. Neste ponto, o dirigente reforça a importância das relações internacionais e da importância de um terceiro modal, ou seja, através da navegação, principalmente por cabotagem ou costeira.
Dentro desse cenário, a navegação é também fundamental para ampliar o comércio internacional e, em particular, para o Rio Grande do Sul. Há um aspecto importante e que diz respeito ao Estado. O Uruguai vem buscando, há muito tempo, um acordo binacional para atender a uma demanda antiga para beneficiar o seu setor logístico, viabilizando a construção da hidrovia da Lagoa Mirim. A hidrovia do Mercosul, como também é chamada, é discutida há 60 anos, quando uma comissão foi criada para tratar do assunto.
A viabilidade desse acordo permitirá o escoamento de muitos produtos uruguaios via Rio Grande do Sul, beneficiando igualmente as economias. O dirigente também cita o bom momento vivido pelo Paraguai e, por outro lado, lamenta a situação econômica na Argentina, um parceiro comercial.
De Marchi salienta que a frota de caminhões no Brasil é elogiada por outras nações. Ele comenta que há investimentos e qualificação do setor voltado à logística rodoviária. Há investimentos também em segurança e emprego de tecnologias cada vez mais sofisticadas, que dão controle e tomada de decisões do empresariado.
A pandemia acelerou, de certo modo, a logística de muitas empresas que tiveram de se adaptar a uma nova realidade. Nesse contexto, além da dificuldade em fazer o transporte de carga de longas distâncias, ocorreu o surgimento de CDs (centros de distribuição) que armazenavam produtos e, dessa forma, as mercadorias passaram a ser entregues por meio de veículos menores, ampliando a "capilaridade logística".
De Marchi também destaca boas iniciativas que contribuem para a qualificação da mão de obra, como por exemplo, as que são oferecidas via Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Sul (Senai-RS) e Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul. Ele comenta que as novas tecnologias têm elevado o grau de exigência da qualificação dos funcionários.
Segundo o dirigente, o setor atacadista mantém uma certa preocupação em relação ao texto da reforma tributária que está em análise em Brasília. "Não conhecemos o texto que será aprovado. O sistema tributário é uma preocupação permanente. Não temos um sistema tributário transparente e bem estruturado para atender as necessidades da nossa cadeia produtiva", acrescenta. Confira alguns dos principais trechos da entrevista que o dirigente concedeu ao Jornal do Comércio.
JC Logística - Qual a sua avaliação sobre a importância da logística para os negócios?
Zildo De Marchi - A logística é o principal elo entre os fabricantes, atacadistas, varejistas e consumidores. É o sistema pelo qual as mercadorias do setor econômico se movimentam em direção do consumidor.
JC Log - As empresas têm investido em automação? De que forma isso impacta na cadeia de abastecimento?
De Marchi - Sim, os investimentos em automação têm tido uma evolução constante. Hoje os veículos operam com sistemas de georreferenciamento, dando condições de a qualquer momento do trajeto, as partes saberem onde exatamente estão as mercadorias em trânsito. Este é um exemplo, mas o controle de frotas também é um fator de inovação, pois através de sistemas de controle, se tem maior disponibilidade das frotas.
JC Log - Como o senhor avalia o setor logístico gaúcho dentro do contexto nacional?
De Marchi - Hoje não existe setor logístico de um estado, se estivermos falando em logística rodoviária, o Estado está muito bem servido. Entretanto, no caso de infraestrutura, o Rio Grande do Sul está muito atrasado em relação não só aos estados centrais, mas inclusive na região Nordeste. Isso sem falar da área de cabotagem que está muito atrasada, e da ferrovia que houve um grande retrocesso em anos passados, pela opção do modal rodoviário.
JC Log - Quais são os principais gargalos do setor logístico na sua opinião? De que forma solucioná-los?
De Marchi - Os gargalos, considerando o modal rodoviário que é o principal no Estado, é a infraestrutura de estradas e o péssimo estado de rodovias importantes como a da produção e da região da Serra.
JC Log - Como o senhor avalia as medidas anunciadas no Novo PAC?
De Marchi - As medidas anunciadas buscam movimentar a economia. Se atingir seus objetivos, é uma importante notícia.
JC Log - De que forma o senhor avalia o impacto da reforma tributária para o setor atacadista?
De Marchi - O setor atacadista está acompanhando a reforma com bastante preocupação, pois o texto final da Câmara ainda irá para o Senado e até agora ninguém ainda conseguiu dar um número da nova carga tributária prevista.
JC Log - Qual sua projeção para o setor logístico nos próximos anos?
De Marchi - Acreditamos que este setor da economia irá continuar se modernizando, porém, o País precisa investir em infraestrutura e abrir incentivos de outros modais, tais como o de cabotagem e o ferroviário.