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Publicada em 10 de Agosto de 2025 às 16:00

Litoral Norte do RS projeta alta no turismo e tenta romper com sazonalidade

Após melhor temporada em cinco anos, hotéis e restaurantes buscam consolidar desempenho

Após melhor temporada em cinco anos, hotéis e restaurantes buscam consolidar desempenho

/Prefeitura Municipal de Torres/Divulgação/JC
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Loraine Luz
O setor de hotéis e alimentação do Litoral Norte gaúcho projeta manter um bom desempenho em 2025/26, depois de viver o melhor verão em cinco anos, na temporada 2024/25, com cerca de 60% mais hospedagens. Apesar da recuperação consistente pós-pandemia, o segmento enfrenta desafios persistentes, como a sazonalidade, a falta de mão de obra qualificada e a dependência do turismo de sol e mar. Ainda assim, o crescimento de até 318% na demanda por hospedagem no modelo Airbnb e movimentos recentes na gastronomia sinalizam que a região tem potencial para incrementar seu status de destino turístico.
O setor de hotéis e alimentação do Litoral Norte gaúcho projeta manter um bom desempenho em 2025/26, depois de viver o melhor verão em cinco anos, na temporada 2024/25, com cerca de 60% mais hospedagens. Apesar da recuperação consistente pós-pandemia, o segmento enfrenta desafios persistentes, como a sazonalidade, a falta de mão de obra qualificada e a dependência do turismo de sol e mar. Ainda assim, o crescimento de até 318% na demanda por hospedagem no modelo Airbnb e movimentos recentes na gastronomia sinalizam que a região tem potencial para incrementar seu status de destino turístico.

Sob efeito do verão 2024/25, considerado a melhor alta temporada em cinco anos, é com confiança em uma performance positiva que o Sindicato de Hotéis, Restaurantes do Litoral Norte do Estado encara o próximo veraneio. "Depois de cinco anos, tivemos um grande boom neste verão", afirma Ivone Ferraz, presidente do sindicato. O desempenho se deve, em particular, ao fluxo de argentinos e uruguaios, que melhorou na comparação com anos anteriores. "A presença de turistas argentinos e uruguaios causou esse plus, um incremento de 60% nas nossas hospedagens no verão de 2025", afirma a dirigente.
Conforme ela, a pandemia por Covid-19 deixou grande parte dos hotéis e restaurantes endividada, já que nenhum negócio tinha uma reserva compatível com aquela situação inédita. "Ainda estamos pagando conta da pandemia, mas esperamos um bom verão 2026", projeta, na expectativa de que o movimento ao menos repita o do veraneio passado.
O Sindicato de Hotéis e Restaurantes do Litoral Norte do Estado representa em torno de 4 mil a 5 mil estabelecimentos, entre hotéis e restaurantes com efetivo apelo turístico, compreendendo a faixa beira-mar de Osório a Torres. Destes, a entidade estima que 20% fecham durante o inverno e retomam atividades somente quando se aproxima a alta temporada (dezembro a março).
A Junta Comercial, Industrial e de Serviços do Estado (JucisRS) revela um universo ainda maior. Considerando os códigos CNAE (classificação nacional de atividades econômicas) específicos para hotéis, bares, restaurantes e similares - e somando apenas Capão da Canoa, Torres, Tramandaí, Imbé e Xangri-lá - o número de estabelecimentos ativos (até 22 de julho), sem distinção de porte, chega a 47,3 mil. Lancherias e bares despontam no ranking dessas atividades.
Coordenador da Comissão de Graduação do Bacharelado em Desenvolvimento Regional, do Campus Litoral Norte da Ufrgs, Ricardo Dagnino lembra que singularidades da região - o turismo atípico, como o de segundas residências, o cíclico e o pendular - representam desafios para o segmento de bares, restaurantes e hotéis. Turistas atípicos como esses raramente utilizam hotéis, pois têm suas segundas residências para ficar "hospedados". Por outro lado, nada impede que frequentem estabelecimentos de alimentação.
Dagnino acrescenta ao cenário a vigência de um processo avançado de transição demográfica (redução da fecundidade e aumento da expectativa de vida). "Nesse contexto, o principal componente do crescimento demográfico não são mais os nascimentos e sim a migração. Para o Litoral Norte, isso é um fato concreto", avalia. Ivone corrobora. Segundo ela, estima-se que houve um acréscimo em torno de 30% no número de moradores. "E claro que isso dá um impacto grande no mercado e nos estabelecimentos de alimentação", observa.
Na avaliação da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), o setor de hospedagem e alimentação estão entre os mais sensíveis às variações de comportamento de consumo e mobilidade da população. Assim, iniciativas que incentivem a permanências das pessoas nos espaços urbanos por mais tempo, com segurança e infraestrutura adequada, são fundamentais para dinamizar a atividade econômica e ampliar as oportunidades de negócios.
São exemplos disso a primeira rua coberta de Capão da Canoa e a nova orla gastronômica de Torres, ambas novidades da temporada 2024/25, que são detalhadas nas próximas páginas.
Apesar do cenário mais dinâmico, a presidente do sindicato reconhece que o Litoral Norte ainda é muito refém do sol e do mar como atrativos. É essa dependência que faz os donos de hotéis, por exemplo, lidarem com situações dicotômicas: falta leito no verão e sobra no inverno. Feriadões com folga na sexta-feira ou na segunda-feira - como o da Páscoa, o mais atrativo deles - tendem a significar de 90% a 100% da lotação. Na baixa temporada, a ocupação chega a cair para 15%.
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Para quem planeja ocupar leitos no Litoral Norte no próximo verão, Ivone aconselha antecedência. "Estamos com o mês de janeiro praticamente lotado", afirma. "É importante que, já no mês de agosto, setembro, as pessoas façam as suas reservas, principalmente para feriados, como Réveillon, para poder garantir um bom apartamento e bons preços", completa.
O sindicato não tem ferramentas que possam medir especificamente o faturamento do setor que representa. Ilustrativamente, informa que, no caso dos hotéis, são cerca de 22 mil leitos, com diária média entre R$ 150 e R$ 300.
Do ponto de vista de investimentos, não há nada muito significativo há pelo menos cinco anos. A reforma na fachada e nas aberturas do hotel Ficare Torres, um investimento de R$ 400 mil, em 2019, foi um dos últimos movimentos. Uma das mais recentes grandes operações a inaugurar na região foi o Hotel Sesc, em Torres, que completou 20 anos em dezembro passado.
Paralelamente, é possível identificar um acentuado aumento na oferta do modelo Airbnb, como alternativa aos hotéis. Ainda que cada um mantenha vantagens competitivas específicas, há concorrência real: Airbnb compete mais diretamente com hotéis econômicos e de categoria média. Dados da AirDNA, uma provedora de análise de aluguel de curto prazo que monitora o desempenho de mais de 12 milhões de anúncios em mais de 150 mil mercados no mundo, indicam que houve uma alta robusta na demanda desde 2019.
A pedido da reportagem, a plataforma fez um levantamento restrito a Capão da Canoa, Torres, Tramandaí, Imbé e Xangri-lá. "Podemos observar um crescimento significativo na demanda nos últimos anos, com cada cidade dobrando ou até triplicando o número de diárias reservadas em comparação aos níveis pré-pandemia", afirma Sabrine Louhichi, relações públicas. A AirDNA afirma ter uma precisão entre 95 e 99% nos dados do Airbnb e Vrbo. "No entanto, esses mercados permanecem altamente sazonais, com a demanda fora de temporada sendo muito mais variável e representando apenas uma pequena fração da atividade na alta temporada", acrescenta ela.

O tamanho do segmento

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A seguir, o número de estabelecimentos ativos até 22 de julho na Junta Comercial, Industrial e de Serviços do Estado (JucisRS) em cada uma das principais praias do Litoral Norte, considerando os códigos CNAE (classificação nacional de atividades econômicas) específicos para bares, restaurantes e hotéis.
 

Raio X do setor de hospedagem e alimentação no Litoral Norte

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Prós e contras:
O que impulsiona e o que desafia os setores de alimentação fora de casa e de hospedagem no Litoral Norte gaúcho, de acordo com Ivone Ferraz, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes do Litoral Norte do RS.
É positivo
  • As belezas naturais são um apelo turístico espontâneo, com forte atratividade
  • O fluxo de visitantes intenso em períodos concentrados permite gerar receita em pouco tempo
  • Há possibilidades de segmentação dos atrativos (gastronomia local, turismo de experiência, turismo ecológico). O roteiro Raízes de Torres - Turismo Rural é um exemplo que estimula os setores ao mesmo tempo que valoriza a identidade cultural local
É negativo
  • A intensa sazonalidade impacta na regularidade de faturamento e exige planejamento a longo prazo
  • Fora da alta temporada, a infraestrutura urbana pode apresentar precariedade; municípios menores sofrem com limitações de acesso e logística
  • A cultura da mão de obra temporária dificulta a retenção e desestimula a busca por qualificação
  • Os atrativos naturais, capazes de gerar turismo espontâneo, exigem maior responsabilidade para equilibrar expansão e sustentabilidade
  • Basear-se apenas na combinação sol e mar como atratividade limita o potencial da região
 

'É preciso usar a sazonalidade a favor'

Sampaio defende investimento em tecnologias

Sampaio defende investimento em tecnologias

/Telmo Ximenes/Divulgação/JC
Na entrevista a seguir, Alexandre Sampaio, presidente a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), reconhece os principais desafios dos setores que representa, entre os quais, a falta de mão de obra qualificada e o descompasso entre exigências do mercado e o que o Litoral Norte tem disponível.
Para aplacar essas dificuldades, o dirigente aponta alguns caminhos, que vão desde a inovação tecnológica e a presença em plataformas de avaliação até programas de fidelização com bonificações sazonais entre colaboradores. Ele também ressalta a necessidade de promover ações mais criativas para atrair público: "É preciso usar a sazonalidade a favor, com ações promocionais, eventos próprios e pacotes de baixa temporada", sugere.
Empresas & Negócios - Entidades representativas e empreendedores locais apontam dificuldades de contratação (e de retenção) de mão de obra. Isso se reflete em todo o País?
Alexandre Sampaio - Sim, é um reflexo nacional. A falta de mão de obra qualificada é uma das principais dores do setor de alimentação e hospedagem em todo o Brasil. A rotatividade é elevada e, em áreas sazonais, a dificuldade se agrava. Há ainda uma lacuna entre as exigências do mercado e a formação técnica ou comportamental dos profissionais. Também há um desinteresse dos mais jovens, o que dificulta a contratação de jovens talentos.
E&N - Que estratégias a FBHA aposta como formas de aplacar a falta de mão de obra qualificada? O que a federação sugeriria aos empreendedores gaúchos?
Sampaio - Sugerimos sempre parcerias com o Sistema S (Senac, Sebrae, Sesc) para qualificação regionalizada e contínua. E também divulgação e promoção da cultura de hospitalidade e valorização do trabalhador do setor com incentivos internos. Para os empreendedores gaúchos, sugerimos investir em capacitação constante e motivação de equipe; criar vínculos durante todo o ano, mesmo com contratos temporários; e desenvolver programas de fidelização para colaboradores, incluindo bonificações sazonais e planos de carreira simples.
E&N - Do ponto de vista de inovação, renovação do segmento, que sugestões a FBHA daria ao empreendedor que quer investir no seu negócio (bar, restaurante, hotel) no Litoral Norte gaúcho?
Sampaio - Investir em tecnologia, com sistemas de gestão, cardápios digitais, autoatendimento e reservas online, por exemplo. Inovar na experiência, ou seja, oferecer diferenciais como jantares temáticos, pacotes personalizados, serviços com apelo regional. Além disso, trabalhar fortemente o marketing digital local e valorizar a presença em plataformas de avaliação. É preciso usar a sazonalidade a favor, com ações promocionais, eventos próprios e pacotes de baixa temporada. Divulgar o mar como refúgio de saúde e bem-estar.
 

As principais praias gaúchas no TripAdvisor

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Embora não represente o total de estabelecimentos em cada cidade, o recorte revelado pelo TripAdvisor é útil para análises de visibilidade online e reputação turística - ou seja, estão ali os estabelecimentos que querem ser encontrados e estão dispostos a passar por avaliação continuamente. Essa intenção pode ser entendida como manifestação do fôlego turístico de uma região.
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A título de curiosidade, estão inclusos dados de Gramado, na Serra Gaúcha, cidade com status turístico absolutamente consolidado. Ainda que Serra e Litoral tenham suas particularidades em termos de atrativos, o que compromete uma correspondência direta, a comparação serve como uma referência para ajudar a entender o grau de relacionamento entre empreendedores e público-alvo, já que a TripAdvisor se baseia na solidez das interações com o clientes.
Os números são aproximados dada a diversidade de categorizações dentro da plataforma (os totais podem variar por atualizações e filtros usados).
Obs.: A TripAdvisor é uma das mais relevantes plataformas mundiais de avaliação de destinos turísticos, hotéis, restaurantes e atrações. Somente em 2024, sua comunidade contribuiu com 79,7 milhões de novos envios, incluindo 31,1 milhões de avaliações. Dados deste ano indicam que o site recebe todo mês cerca de 124 milhões de visitas (fonte: tripadvisor.mediaroom.com).
 

O que dizem os empreendedores

Empresas & Negócios - Especial turismo em POA - Paulo Geremia, presidente do Sindha

Empresas & Negócios - Especial turismo em POA - Paulo Geremia, presidente do Sindha

Sindha/Divulgação/JC
“Para empreender no Litoral, há diferenças importantes. A sazonalidade exige planejamento logístico e de equipe mais ajustado, especialmente na alta temporada. Por outro lado, a presença do DiPaolo em cidades como Porto Alegre, Bento Gonçalves e Caxias do Sul nos permite fazer movimentações estratégicas de pessoal e aplicar modelos operacionais já consolidados. Isso nos dá segurança para oferecer a mesma qualidade em qualquer unidade, inclusive em uma praça nova como Torres.” Paulo Geremia, fundador da rede DiPaolo

Alternativas de qualificação

Ricardo de Sampaio Dagnino, professor do Departamento Interdisciplinar do Campus Litoral Norte da Ufrgs, sugere alguns cursos, de duas instituições federais, tanto na área de alimentação quanto na área de serviços, para quem atua nas áreas e busca qualificação:
  • Curso técnico em Panificação no Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Osório (https://ifrs.edu.br/osorio/tecnico-em-panificacao/
  • Curso de especialização em Gastronomia Cultural da UFRGS na modalidade à distância; um dos polos de oferecimento do curso fica em Imbé (https://www.ufrgs.br/gastronomiacultural/)
  • Curso de graduação em Engenharia de Serviços (https://www.ufrgs.br/ese/)
  • Curso de graduação em Desenvolvimento Regional (https://www.ufrgs.br/desreg/)
  • Cursos do Programa de Extensão “Alimentação: Agroecologia, Ética e Saúde no Litoral Norte do RS”, em especial os cursos de Agricultura Urbana e Agroecologia (https://www.ufrgs.br/sinergea/projetos/)
Para o professor, há oportunidade de abertura de estabelecimentos no segmento de alimentação, sobretudo alimentação saudável com alimentos orgânicos e/ou de procedência local/regional. Ele testemunha que percebe, nos últimos anos, um maior número de estabelecimentos que assam churrasco “para levar”, assim como padarias e mercados que passaram a oferecer espaços para realizar consumo no local.

Negócios investem na experiência do público

Rua coberta é um dos atrativos de Capão da Canoa, oferecendo feiras, gastronomia e cultura aos visitantes

Rua coberta é um dos atrativos de Capão da Canoa, oferecendo feiras, gastronomia e cultura aos visitantes

/Andressa Martins/Divulgação/JC
O Litoral Norte tem pelo menos dois exemplos de estratégias contemporâneas no âmbito turístico envolvendo diretamente operações do setor de alimentação: uma rua coberta em Capão da Canoa, que passou a operar em pleno veraneio passado, e a nova Orla Gastronômica de Torres, à beira do Mampituba, inaugurada no final de 2024. Ambos os locais prometem novidades para breve. A Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) destaca que promover a permanência das pessoas em áreas urbanas, oferecendo segurança e infraestrutura de qualidade, são essenciais para fomentar negócios. Ruas cobertas favorecem feiras, gastronomia e cultura. E é exatamente isto que integra a programação da primeira rua coberta de Capão da Canoa, inspirada na similar em Gramado.
Na prática, trata-se de um corredor gastronômico que liga a Avenida Paraguassu à Rua Peri. Ali, há quatro operações gastronômicas ativas: Tayaki Sushi, Two Café Cafeteria Gourmet, Dolce Altezza e Coruja's Pastel (com origem em Porto Alegre, está inaugurando loja com espaço maior em Capão). A MilkMoo é a novidade prevista para setembro. A rede de lojas de milkshake goiana chegou ao Litoral Norte no ano passado, em Xangri-lá, e ao Estado em 2023, inicialmente com ponto no Bourbon Shopping Wallig.
A rua coberta faz parte do Complexo Life Promenade, Residence e Mall (Grupo Auris). Todo segundo final de semana do mês, sedia a Feira Encantos, que reúne artistas e artesãos, registrando fluxo que pode chegar a cerca de 1 mil pessoas. O público mínimo dos eventos promovidos ali fica em torno de 300 visitantes.
À beira do Mampituba, iniciando no final da Avenida Beira Mar e finalizando na Avenida Cristóvão Colombo, a nova Orla Gastronômica de Torres incrementou as alternativas noturnas da cidade. A revitalização incluiu nova iluminação, arborização e paisagismo, construção de decks, passeio público e mobiliário urbano. Ao longo da faixa, estão os restaurantes Souza, Beira-Rio, Cantinho do Pescador, Peña del Sur Torres, Oásis do Alemão Nei e Taberna Bistrô.
Com 50 anos recém completos em 2024, o tradicional Cantinho do Pescador está fechado desde o final de maio para "uma mega reforma", segundo publicações em suas redes sociais. A previsão era reabrir ainda em julho. Outro ponto muito tradicional naquela área é a Manjericão Pizza na Pedra, em operaçao o ano todo desde 2002.
Uma grife gaúcha está entre as maiores expectativas de inauguração, bem perto da orla revitalizada, em um terreno de esquina. É uma unidade DiPaolo, uma das mais tradicionais marcas da culinária da Serra Gaúcha, presente em 14 cidades e quatro Estados. A abertura está prevista para outubro.
"A DiPaolo de Torres é um dos investimentos mais estratégicos do grupo", afirma Paulo Geremia, fundador da rede. Para além da experiência completa do galeto ao primo, ele destaca o Dipa Bar, um espaço mais descontraído com opções à la carte e refeições do dia a dia. "Acreditamos que a diversificação de ambientes e cardápios será um diferencial importante para atender tanto turistas quanto moradores", comenta ele. Resultado de um investimento de R$ 5 milhões, a unidade tem 900 metros quadrados de área construída, com capacidade para acomodar até 260 clientes em dois andares, terraço e espaço kids, além de estrutura completa para eventos. Deve empregar 35 pessoas, podendo chegar a 50 nos meses mais movimentados.
 

CNPJs ativos


O número de CNPJs ativos, até julho, no setor, bares, restaurante, cafeterias, alimentação fora do lar nas três principais praias do Litoral Norte, de acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RS):
  • Capão da Canoa - 1.011
  • Tramandaí - 832
  • Torres - 600

Restaurante muda de endereço para receber mais e melhor

Empresas & Negócios - Especial Litoral hoteis, bares e restaurantes - crédito leko divulgação

Empresas & Negócios - Especial Litoral hoteis, bares e restaurantes - crédito leko divulgação

/Leko/Divulgação/JC
São pouco mais de seis meses operando em Cidreira, mas o suficiente para deixar Uerik Matos satisfeito com o investimento e bastante otimista com a performance do Leko Gastronomia Japonesa na temporada de veraneio 2025/26. Com direito a uma aposta: a mudança de endereço visando maior visibilidade e com melhorias de estrutura, para tornar a experiência dos frequentadores mais aconchegante. E não para por aí.
Ainda estão nos planos reformas não só para dar conta do maior movimento de veraneio mas também para os meses de inverno, ligados ao espaço e à climatização. O Leko Gastronomia Japonesa tem cinco funcionários atualmente e projeta dobrar ou mesmo triplicar esse número em janeiro e fevereiro, especialmente. "Foi um sucesso no (último) verão, acima do que esperávamos, e isso nos deu coragem para investir", comenta Matos, o Leko.
Fã da culinária nipônica e habilidoso, ele estava na casa da irmã, em Balneário Pinhal, quando postaram nas redes sociais sushis produzidos para consumo próprio. Seguidores começaram a fazer encomendas e assim nasceu o negócio, em março de 2024. A irmã de Leko seguiu operando na praia vizinha, enquanto ele escolheu Cidreira para empreender, ao lado da esposa, Jariani Matos. O movimento tem sido contínuo. "Todos os dias nós captamos clientes novos, por delivery ou no presencial. A baixa temporada para nós tem sido boa", garante.
No antigo espaço, menor, durante o verão, um dia considerado ótimo registrou 50 atendimentos. No novo endereço, o verão nem chegou e já teve dia com 61 clientes. "Na alta temporada, eu projeto um mínimo de 100 atendimentos por dia para se considerar um bom volume. Estamos em novo endereço, mais visível. Estou muito otimista", diz Leko, ciente da necessidade de um planejamento diferenciado, em virtude da sazonalidade que afeta o Litoral Norte.
 

Prestígio e inovação para atrair hóspedes

As acomodações do Hotel Fazenda Acqualokos surgiram em 2011 com o objetivo de combater a sazonalidade

As acomodações do Hotel Fazenda Acqualokos surgiram em 2011 com o objetivo de combater a sazonalidade

/Acqualokos/Divulgação/JC
Premiados no Travellers' Choice 2024 do TripAdvisor, os hotéis Sesc-RS tem uma unidade prestigiada em Torres. Com 179 apartamentos, o hotel fica com lotação máxima nos meses de verão. A ocupação na baixa temporada atinge cerca de 30%; agosto registra o menor movimento. A procura por reservas de verão se intensificam a partir de outubro. O hotel prevê novidades para a próxima temporada.
"Estamos trabalhando em uma provável inauguração de Spa e nas obras de construção de um centro de eventos", antecipa o diretor do Hotel Sesc Torres, Rodrigo Danni. Nos últimos cinco anos, segundo ele, houve investimentos na área das piscinas, na cafeteria e em espaços de convívio.
Na temporada passada, os hotéis Sesc-RS lançaram o Programa Turismo com Sustentabilidade. As amenities (produtos de higiene pessoal) adotadas, por exemplo, tem formulação biodegradável, não são testadas em animais e têm alta taxa de reciclagem. A separação dos resíduos recicláveis, a reciclagem de óleo vegetal, a descontaminação de lâmpadas e a compostagem de resíduos orgânicos são ações correntes nas unidades.
Entre Arroio Teixeira e Curumim, no município de Capão da Canoa, um hotel se distingue da maioria na região por oferecer pontualmente a sua própria atração turística. É o Hotel Fazenda Acqualokos, junto ao parque aquático de mesmo nome, origem do negócio em 1997. As acomodações surgiram em 2011 para combater a sazonalidade. "Com o hotel, criava-se a chance de gerar renda de outra forma, não apenas no verão. No início, nós trabalhamos com o hotel atendendo muitos eventos, como casamentos, batizados, aniversários de 15 anos", explica o diretor do complexo, Fabiano Brogni.
Quase 15 anos depois, as duas operações - parque e hotel - se retroalimentam. "Nesse inverno, passamos a abrir o parque coberto com águas aquecidas entre 33 e 37 graus. Isso significou um atrativo gigante para o hotel. A nossa hospedagem melhorou bastante". A ocupação média de março a julho deste ano está 33%, ante 21% em igual período do ano passado. Atualmente, o hotel está 47% ocupado - é o melhor julho desde 2023. Segundo Brogni, já seria hora de aumentar a quantidade de chalés porque a demanda vem aumentando. Atualmente, são 36 chalés que acomodam até cinco pessoas. Cerca de 20 colaboradores da Acqualokos se ocupam exclusivamente do hotel (para o parque aquático, são mais 100).
 

Rentabilidade do mercado Airbnb no Litoral Norte

 Capão da Canoa
 2.273 anúncios ativos
 33,1% de ocupação
 US$ 89 receita média de aluguel (por quarto/dia)
 US$ 5.269 renda média anual típica
 30,9% de crescimento da receita em relação ao mesmo período anterior
 Janeiro foi o mês de pico da receita
 Junho foi o mês que menos rendeu
As melhores propriedades da categoria faturam mais de US$ 1.525 por mês e alcançam uma taxa de ocupação de mais de 57%. Imóveis típicos (medianos) geram cerca de US$ 509 por mês, representando o desempenho médio do mercado e têm uma taxa de ocupação em torno de 24%. Propriedades de nível básico geram lucros em torno de US$ 251 ao mês e registram ocupação média de 11%.
 

Alta na demanda por Airbnb impressiona

Capão da Canoa e Torres, os dois principais mercados, registram um boom de 318% e de 237%, respectivamente, ao comparar janeiro de 2019 com janeiro de 2025.

Capão da Canoa e Torres, os dois principais mercados, registram um boom de 318% e de 237%, respectivamente, ao comparar janeiro de 2019 com janeiro de 2025.

PMCC/Divulgação/JC
A pedido da reportagem, a AirDNA identificou alguns dados do comportamento do mercado de estadia de curto prazo em Torres, Capão da Canoa, Tramandaí, Imbé e Xangri-lá, do período pré-pandemia até o atual. Plataforma especializada em Airbnb e no VRBO (Expedia Group) - ou seja, os dados excluem quartos em hotéis tradicionais -, a AirDNA monitora o desempenho de mais de 12 milhões de anúncios em mais de 150 mil mercados no mundo.
Salto de até 318% entre 2019 e 2025
Os números se referem às noites reservadas em todas as propriedades de aluguel de curto prazo, revelando janeiro como o mês de mais forte demanda:
  • Capão da Canoa e Torres, os dois principais mercados, registram um boom de 318% e de 237%, respectivamente, ao comparar janeiro de 2019 com janeiro de 2025.
 

* Lorainte Luz, especial para o JC
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), atua como freelancer desde 2007, depois de 12 anos de experiência em redação de jornal impresso.

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