Jornal do Com�rcio

Guilherme Daroit

Antes um setor relativamente periférico dentro do Parque Assis Brasil, o espaço destinado às montadoras de veículos vem, ano a ano, ganhando em relevância na Expointer. A edição de 2017, inclusive, marcou a primeira vez em que os negócios de automóveis passaram a ser contabilizados no balanço oficial da feira. Foram, ao todo, R$ 98 milhões em vendas, cifra que deve ser superada nesse ano com a presença de novas marcas e, principalmente, o bom momento de rentabilidade de boa parte dos produtores.

De acordo com a General Motors (GM), embora o segmento de veículos voltados para os habitantes das áreas rurais também tenha sofrido redução nos últimos anos, a freada nas vendas foi bem menor do que nos modelos para o público urbano, devido à força econômica do agronegócio. A aposta da montadora na Expointer é no modelo S10 Midnight, novidade da linha direcionada ao mercado rural.

"O produtor rural procura as máquinas, os animais, mas é, também, um consumidor de carros", comenta o supervisor comercial da Região Sul da Mitsubishi, Pedro Nunes, que argumenta que as feiras agropecuárias, não apenas a Expointer, entraram no calendário oficial das montadoras. Para as concessionárias, há o atrativo de estarem presentes em um evento no qual os agricultores já comparecem, de certa forma, predispostos a compras.

Com um público mais segmentado, é possível também oferecer um atendimento mais direcionado ao produtor rural. No caso da Mitsubishi, por exemplo, a aposta é em linhas de financiamento que se adaptam ao ano agrícola, diminuindo os valores das prestações em meses de entressafra. "Nossa expectativa é de venda 10% maior do que no ano passado, em linha com o que vimos nas outras grandes feiras de 2018", argumenta Nunes.

A maior parte das vendas, tradicionalmente, acontece nos últimos dias da feira. Mesmo assim, a procura até aqui tem sido vista como satisfatória pelas empresas. Na Toyota, apenas no domingo foram 13 mil visitas, segundo a coordenadora do estande da japonesa, Cristina Vieira. O ponto alto, em praticamente todas as marcas, são as picapes, que, não por acaso, ocupam os espaços mais próximos às ruas internas, por onde passa o público. Mesmo assim, há espaço para a venda de todo tipo de veículos. O lançamento da Toyota, por exemplo, é um modelo oferecido em versões hatch e sedan - de rua, portanto.

"Colhemos aqui o reflexo do momento da agricultura gaúcha", acrescenta Rodrigo Salton, gerente comercial da Betiolo, uma das concessionárias que compõem o estande da Fiat. O principal impacto, segundo o executivo, é a baixa procura pelo crédito, com grande parte das vendas sendo feita à vista. A montadora segue outra tendência da Expointer, que são os descontos específicos para o período. A Fiat, por exemplo, trabalha com descontos de 20% a 28%, e, por ter linhas mais populares, possui outro atrativo, que são carros financiáveis pelo Programa Mais Alimentos, voltado aos agricultores familiares, cada vez em maior número em Esteio.

O ganho de importância da feira tem atraído, inclusive, novas marcas, caso da Land Rover, trazida a Esteio pela concessionária Top Car. O estande da empresa acabou sendo colocado fora do espaço que se consolidou como "a quadra das montadoras", utilizando um campo de provas para Test Drive dos veículos que é parte do esforço de divulgação dos veículos a um "mercado muito grande a ser explorado", afirma o executivo de vendas da Top Car, Robson Beltrami. A congregação de produtores de todas as partes do Estado também é um atrativo, dando maior alcance às concessionárias. Sem as 'queridinhas' do setor, as picapes, a marca aposta em veículos premium off-road, segmento pouco explorado, segundo o executivo, e também adaptado ao cenário rural.