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A Revolução Federalista, conhecida como Revolução da Degola, ocorreu entre fevereiro de 1893 e agosto de 1895. A guerra ultrapassou as fronteiras gaúchas, chegando a Santa Catarina em novembro de 1893 e ao Paraná em janeiro de 1894.
O Rio Grande do Sul era uma das regiões mais instáveis do Brasil. Para se ter uma noção dessa fragilidade, entre a proclamação da República em 1889 e a eleição de Júlio de Castilhos, em 15 de julho de 1891, o estado teve 19 governos.
De um lado, estavam os republicanos históricos, adeptos do positivismo, membros do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR). No lado oposto, os chamados liberais, que, a partir de março de 1892, fundaram o Partido Federalista Brasileiro (PFB).
Segundo registrou a falecida historiadora Sandra Pesavento, os republicanos do Rio Grande do Sul, liderados por Júlio de Castilhos, aproximavam as suas aspirações à parcela dos militares, tendo como elemento de ligação o positivismo. Para esses ativos membros do PRR, a República deveria ser autoritária, comandada por uma elite de sábios técnicos, apoiados em um programa abrangente que propunha um desenvolvimento capitalista global para o Estado.
No decorrer de 1892, Gaspar Silveira Martins retornou do exílio e organizou o congresso federalista em Bagé, quando se fundou e definiu a política oposicionista do PFB. A composição social dos federalistas era, sem dúvida, o que de mais expressivo possuía a região da Campanha, pelo prestígio social, pelos recursos financeiros e pela tradição. Ou seja, os grandes pecuaristas da região, ligados ao comércio e contrabando da zona da fronteira, constituíam a elite tradicional, muitos com raízes no Império.
Entre as proposições dos federalistas, estava o estabelecimento de uma República parlamentar, a atribuição de maior poder ao governo central, a eleição do chefe de Estado pelo Parlamento e a representação das minorias no Legislativo. A ideia central do pensamento federalista era o fim do castilhismo, apontado por eles como encarnação de uma tirania opressiva, cruel e deslocada da opinião pública. Júlio de Castilhos e seu grupo eram o principal objeto do ódio "maragato". Retirá-lo do poder era o principal objetivo, e a guerra civil foi a arma utilizada para esse fim.
A Revolução Federalista durou 31 meses e deixou um saldo entre 10 mil e 12 mil mortos em uma população de quase um milhão de habitantes - ocorreu, ainda, uma série de atrocidades nos campos de batalha, como a execução de prisioneiros por meio da degola. Um exemplo é o Combate do Boi Preto, ocorrido próximo a Santo Ângelo. Ali, o sangue correu solto: se os maragatos haviam degolado 23 homens, os chimangos revidaram cortando os pescoços de 250 maragatos.
A degola acabou se tornando execução comum durante a Revolução Federalista. De tanto se utilizar o recurso, acabou banalizado e alvo de zombarias e humilhações. Algumas vezes, a prática era precedida ainda por castração. Difundiu-se, assim, um costume de extrema selvageria durante o confronto, hábito esse que se expandia sempre se buscava a retaliação. Como as tropas não tinham capacidade de manter prisioneiros, matar era a única saída.