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Porto Alegre, sexta-feira, 12 de julho de 2019.
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Jornal do Comércio

Cultura

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Edição impressa de 20/07/2018. Alterada em 23/07 às 17h05min

De novatos a veteranos, um cotidiano corrido

Ivo Almansa constata mudança no perfil dos leitores

Ivo Almansa constata mudança no perfil dos leitores


MARCO QUINTANA/JC
Muito atarefada, Carmen Menezes para por alguns minutos para receber a repórter em uma sala no depósito da Traça, localizado no bairro Azenha. É neste local que os volumes são recebidos e reparados. A loja no Bom Fim, se comparada com o tamanho do acervo, parece um show-room, com poucas centenas de livros para consulta e alguns itens de encomendas que esperam para ser retirados.
Muito atarefada, Carmen Menezes para por alguns minutos para receber a repórter em uma sala no depósito da Traça, localizado no bairro Azenha. É neste local que os volumes são recebidos e reparados. A loja no Bom Fim, se comparada com o tamanho do acervo, parece um show-room, com poucas centenas de livros para consulta e alguns itens de encomendas que esperam para ser retirados.
Historiadora de formação, ela fala que a criação do site foi um grande passo para o negócio, que exigiu recursos para pagamento de criação de necessidades técnicas como softwares personalizados e que demorou para gerar ganhos. Um elogio feito pelo então apresentador Jô Soares no seu programa de TV foi suficiente para tirar o site do ar. Escritor e colecionista assíduo nos sebos, Jô recomendou a Traça como um ambiente confiável para compras, oferecendo uma divulgação inesperada. "No outro dia ligamos para o Jô para agradecer. Só que naquela noite ele citou a Traça novamente e com a nova procura o site caiu de novo. Virou um link nacional", relembra Carmen.
A jovem Padula Livros fez o movimento contrário ao dos sebos pré-2000 e moveu-se da rede para se instalar na rua Fernando Machado. Marina e Diego Padula, companheiros e historiadores, vendiam os livros do acervo pessoal na Estante Virtual e em feiras de rua de Porto Alegre, como a Me Gusta. Com o fluxo de pedidos aumentando, decidiram criar uma loja física. "A internet não transforma ninguém em livreiro", analisa Diego.
Aberta em outubro do ano passado, a loja física ficou meses sendo sustentada pelas vendas na internet, mas os livreiros perceberam a oportunidade de expansão com a venda presencial, e insistiram. "Tem que ter depósito grande e uma loja pequena", diz ele, que gerencia um acervo de 25 mil itens. A experiência da venda direta é considerada bastante diferente da venda on-line. "Os livros de administração saem bastante na Estante (Virtual), então resolvi colocar na prateleira da loja. Mas logo tirei porque vi que o pessoal que encomendava vinha aqui, pegava o livro e ia embora, nem dava bola para a estante. Já quem vem buscar um livro de Psicologia, por exemplo, também leva um de literatura, filosofia", compara.
Mesmo com a diferença de movimentação entre a loja virtual e a física, Carmen Menezes não vislumbra razões para encerrar as atividades da Traça no Bom Fim. "Somos uma loja de rua em um bairro boêmio e leitor. Não acho que esse comércio vai ser extinto. Mas a mídia vai mudar", projeta, ciente de que a forma como consumimos o objeto livro ainda pode sofrer alterações radicais dentro de poucos anos.
Mauro Messina, da Ladeira Livros, concorda que a tecnologia é aliada. "A vantagem de ter livraria de rua é que não cria dependência da internet, mas tem que ter constância de público", ensina o livreiro que acumula 30 anos de experiência, tendo começado como alfarrabista quando circulava no Campus do Vale da Ufrgs com poucas obras. Ele cuida da loja física e alimenta um canal direto com os clientes no Facebook, pelo próprio perfil, enquanto a livreira Ana Vilk trabalha para a Ladeira na Estante Virtual. "Tem muito sebo que está sobrevivendo por causa da Estante", explica o proprietário da Ladeira.
O engenheiro Ivo Almansa, da Martins Livreiro, assumiu a livraria de usados fundada em 1954 por Manoel dos Santos Martin com cerca de 4 mil obras. De 1983 para cá, o acervo chegou a 560 mil itens, divididos em dois depósitos. Almansa ainda dirige com a esposa Denise a Livraria Erico Verissimo, também de usados, e a Editora Edigal, que criaram para atender a demanda de livros raros e esgotados, especialmente sobre aspectos da História do Rio Grande do Sul. Almansa nota uma insistente queda de público nos últimos anos. "Havia clientes que vinham diariamente e outros que vinham todos os sábados. Hoje, o perfil modificou e está muito na internet", constata Almansa.
Carlos Alberto Verre acha que o cerco está se fechando para os sebos mais tradicionais e não sabe se restarão muitos, incluindo o seu já em 2019. "A livraria pequena está fadada a sumir", lamenta.
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