Cansou de pedalar a bicicleta convencional ou andar de patinete? Que tal encarar uma bike elétrica? Na onda de cada vez mais competidores em modais alternativos de mobilidade, uma startup criou o serviço de compartilhamento de bicicletas elétricas m Porto Alegre.
A Volta E-Bike já está nas ruas e é o primeiro serviço nesta modalidade no Rio Grande do Sul. A startup, que começou a ser desenvolvida há menos de um ano, também vende unidades para quem quiser ter seu próprio veículo de duas rodas.
A empresa chegou de um jeito acanhado, mas já acelera a operação. Acaba de formar parceria com a Fundação Iberê Camargo para instalar a primeira estação de aluguel no museu, às margens do Lago Guaíba, algumas unidades para experimentação de visitantes e com foco em turismo. A startup também começou conversações com um shopping center da Capital para ofertar o compartilhamento.
O compartilhamento abre às 14h desta quarta-feira (10) com valor de R$ 30,00 por hora. Será um piloto para testar a recepção do público. A cofundadora e relações públicas e de marketing da Volta E-Bike, Marilin Moura Parode, diz que o foco é vincular o serviço ao hub de turismo e lazer da cidade.
Um passeio inaugural está previsto para as 18h. Na largada do projeto, quatro unidades poderão ser locadas no ponto. A retirada é no local, com devolução também no museu. Além disso, os empreendedores negociam a colocação de pontos de compartilhamento em hotéis na Capital gaúcha.
Ao ofertar o serviço, a Volta tem um propósito: tornar o trânsito mais leve no meio urbano, unindo segmentos de mobilidade e eficiência energética. "Estamos desenvolvendo o e-Mob, o primeiro hub de mobilidade elétrica do Brasil", explica Marilin.
Como funciona o compartilhamento da bicicleta elétrica
Além da estreia na Fundação Iberê Camargo, a Volta já opera com aluguel pelo site
www.voltaebike.com.br. A startup utiliza as instalações do
POA.hub, na avenida Azenha, 292, que é um coworking montado pela prefeitura para uso de startups, onde faz contatos comerciais, incluindo o suporte a quem contratar o serviço.
"Estamos desenvolvendo o e-Mob, primeiro hub de mobilidade elétrica do Brasil", diz Marilin, cofundadora da Volta E-Bike
Na locação mensal, o valor é de R$ 250,00, o que significa diária de R$ 8,30. "O valor diário é mais em conta que duas passagens de ônibus coletivo da Capital (R$ 9,40, pois cada passagem custa R$ 4,70)", compara a cofundadora. O usuário contrata a bike, e a equipe da Volta leva a bicicleta até o endereço.
A empresa também comercializa modelos, de uma fabricante de São Paulo. Uma e-bike urban custa R$ 4,5 mil, que pode ser paga em 10 parcelas no cartão de crédito.
Ao contratar a magrela movida a bateria, o usuário recebe uma sacolinha com kit formado por itens básicos: carregador bivolt (pode ser ligado na rede doméstica), capacete (que é obrigatório) e trava. A recarga leva quatro horas. A bicicleta tem autonomia para percorrer até 70 quilômetros por carga, que dependerá do peso do usuário - quanto mais pesada a pessoa, menos tempo para rodar com a carga cheia.
A velocidade vai até 25 km/hora com assistência da bateria. Depois disso, o esforço é físico. O veículo tem seguro, contratado pela startup.
Marilin diz que a recarga é um item que está na mira da startup, pois é um gargalo hoje na operação, quando a pessoa precisa, por exemplo, abastecer fora de casa ou local que tem acesso à tomada.
A startup optou por não aderir ao sistema em que os veículos podem ser deixados em qualquer local, dispensando estação de retirada e entrega (dockless) - caso das bikes da Yellow e dos patinetes da Grin que chegaram a Porto Alegre.
O usuário não precisa ter habilitação ou autorização de órgãos de trânsito para poder pilotar o veículo. Marilin explica que a resolução 465, de 2013, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), equiparou a bicicleta elétrica à comum. Mas para isso o modelo precisa ter limitador de velocidade de até 25 km/h, motor de 350w e pedalada assistida.
Os modelos usados pela startup têm uma bateria no esquadro principal. Nos dois guidões, ficam os controladores de velocidade que darão maior potência no impulso. Os modelos usados não têm aceleração. Caso tivessem, o usuário teria de ter uma autorização para guiar.
"A bike tem pedal assistido, ou seja, tem de pedalar para ela andar. Tem controlador com cinco assistências de pedal, que é como um câmbio que libera cargas para se movimentar", explica Farlei Fischer, um dos cofundadores da Volta.
"A bike tem pedal assistido, tem de pedalar para ela andar", explica Fischer
O funcionamento da bike elétrica é o mesmo da mecânica. É preciso pedalar para andar. A vantagem é que a força é muito menor. A potência dos modelos permite subir lombas sem esforço. "Coisa que nem o patinete consegue", compara Fischer.
Para mostrar a eficiência do veiculo, com cerca de R$ 0,30, é possível percorrer 70 quilômetros com zero emissão de CO2.
As bikes da Volta foram testadas entre junho e agosto de 2018 junto à EPTC. Durante dois meses, a empresa pública utilizou as bicicletas na fiscalizaçãodo trânsito, emitindo relatório comprovando a eficiência e aumento da produtividade na prestação de serviços públicos, dizem os fundadores da startup.
Negócio integrou programas de empreendedorismo da Pucrs e Ufrgs
O começo da vida da Volta E-Bike segue a trajetória de novos empreendimentos que buscam inovar, desenvolvendo novas soluções e diferenciais. Marilin, o sócio Fischer e o pai dela, José Parode, que é servidor público de carreira aposentado, tinham a ideia, pesquisaram a aplicação e afinaram conceitos e plano de negócios no Startup Garagem, da Pucrs, e na Maratona de Empreendedorismo da Ufrgs, ambos em 2018. As duas iniciativas buscam desenvolver projetos nascentes como a Volta.
Em fevereiro, outro passo importante foi dado - a Volta firmou parceria com a Bike Fácil para disponibilizar, no segundo semestre de 2019, o Primeiro Sistema de Compartilhamento de Bicicleta Elétrica para Porto Alegre. Segundo Marilin, a parceria permitirá que a startup integre no sistema o modelo das bicicletas elétricas validadas pela EPTC.
O público que vem usando o sistema é formado por pessoas que trabalham e usam para os deslocamentos. O foco dos empreendedores é o mercado corporativo.
A Volta já aposta que o veículo por ser alternativa para uso no setor público, como a saúde. A prefeitura de Ponte Alta do Norte, na Serra de Santa Catarina, usa a bicicleta elétrica para deslocamento dos agentes das equipes do Programa de Saúde da Família. Segundo a startup, o meio possibilitou aumentar o número de atendimentos e facilitou o percurso no alto das montanhas.