Nos últimos cinco anos, a Escola Tartaruguinha Verde inaugurou cinco sedes de educação infantil em Porto Alegre, nos bairros Menino Deus e Cristal. Neste mesmo período, a empresa também comprou uma sede campestre, no bairro Ipanema, que é alugada para festas. Há 20 anos como diretor executivo da marca, o empresário Nilo Ortiz afirma que o crescimento aconteceu degrau por degrau, sem muito dinheiro para investir, mas com muita criatividade.
Após aplicar a didática bilíngue às crianças matriculadas na Tartaruguinha Verde e padronizar a qualidade de ensino entre as sedes, está na hora de atingir novos mercado, de acordo com Ortiz. Aprovada pela Secretaria de Educação do Estado, o Ensino Fundamental é o mais recente investimento da empresa. A Mosaico nasceu ano passado, com uma proposta pedagógica bem diferente das tradicionais escolas, sendo a única em Porto Alegre com certificados de conclusão de ensino emitidos pela Universidade de Cambridge.
Empresas & Negócios - Por que investir no Ensino Fundamental?
Nilo Ortiz - Para questionar o modo tradicional de ensino brasileiro, em que o aluno é um mero receptor de informação. É necessário mudar, sair da caixa. Não acredito no método de ensino em que 30 alunos aprendem a mesma coisa para gerar os mesmos resultados. Então, decidimos apostar em uma escola que valorize mais o interesse do aluno, estimule o pensamento crítico e torne-o mais ativo no ambiente escolar. O investimento é válido porque isso não existe em Porto Alegre, e estamos chegando na frente. A Mosaico é baseada em métodos de outros países, como Uruguai, Singapura e Finlândia. Outro fator é que mantemos o aluno cinco anos conosco na Tartaruguinha Verde e entregamos para concorrência e, com o novo empreendimento, será possível dar mais nove anos de continuidade ao trabalho. Evoluímos muito nos 50 últimos anos Brasil, mas o modelo de ensino ficou estático.
Empresas & Negócios - Quais são as inovações que a Mosaico proporciona ao aluno, já que o senhor considera que o modelo tradicional está ultrapassado?
Ortiz - O grande diferencial da Mosaico é a proposta pedagógica, que é completamente diferenciada mesmo que siga o currículo proposto pela Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul. Enquanto, no ensino tradicional, as matérias são fragmentadas, independente do que o aluno gosta, na Mosaico o ensino é muito mais personalizado. Nas disciplinas de base, não existem livros didáticos, nem fragmentação de disciplinas. As crianças decidem o que querem aprender e, a partir do projeto, todas as matérias se envolvem. A turma da primeira série está aprendendo sobre o corpo humano, então fizemos uma maquete de Porto Alegre e relacionamos as partes do corpo na cidade: os pulmões são os parques, o coração é a prefeitura, o rim é o Dmae. Não são matérias isoladas, elas se complementam.
Empresas & Negócios - Foi a partir dessas inovações que surgiu a parceria da Mosaico com a universidade inglesa Cambridge?
Ortiz - Nossa parceria com a Cambridge surgiu por meio de convite, Não é possível se candidatar, a iniciativa tem que partir deles. Um dos motivos para essa relação é o ensino CLIL, que consiste em ensinar a língua inglesa aplicada a outras matérias, e não como disciplina isolada. Isso incentiva a fluência em outro idioma. Aquela disciplina de inglês uma vez por semana não tem eficiência nenhuma. Com a conclusão do Ensino Fundamental, a criança recebe um certificado emitido pela Cambridge e pode ingressar em qualquer Ensino Médio no exterior (High School). No Brasil, só há 17 escolas com esse programa. Aqui em Porto Alegre nós somos a única.
Empresas &Negócios - As escolas bilíngues da rede Tartaruguinha Verde foram o pontapé inicial para esta relação entre o aluno e a língua inglesa?
Ortiz - Com certeza. Somos pioneiros na educação bilíngue, em Porto Alegre. Nas escolas infantis bilíngues da Tartaruguinha Verde as crianças aprendem o inglês a partir de um ano de idade, com três anos elas já estão falando fluente. O método é fantástico, por isso cada vez mais pais querem seus filhos na bilíngue. Fugindo da decoreba, elas absorvem a língua estrangeira através das disciplinas. As crianças de um ano têm duas horas diárias de ensino CLIL, e as horas vão aumentando progressivamente conforme a evolução de cada um. Acredito que separamos a educação infantil em antes e depois do bilíngue. Esta premissa vai se propagar nos próximos anos e seremos a vanguarda. Meu slogan é: seu currículo já começa no jardim de infância.
Empresas & Negócios - Qual o papel da Tartaruguinha Verde no mercado da educação infantil em Porto Alegre?
Ortiz - A Tartaruguinha profissionalizou a educação infantil. Antes era creche: uma casa colorida onde a porteira, cozinheira e pedagoga eram a mesma pessoa. Todos os educadores passaram por algum tipo de capacitação antes de trabalhar conosco, devido ao método diferenciado. Nosso papel para o mercado é o de modernizar tanto o espaço físico, quanto o atendimento aos pais e filhos. Uma das grandes dificuldades é padronizar o atendimento e a linguagem de ensino nas cinco sedes, mas temos tido êxito. Além disso, não tem escola em Porto Alegre que oferece o que nós oferecemos pelo preço que colocamos. Temos que fazer com que o cliente pague a mensalidade com prazer.
Empresas & Negócios - Em cinco anos foram abertas cinco escolas. Quais são os fatores que explicam o crescimento em um curto espaço de tempo?
Ortiz - É difícil identificar os fatores que influenciaram nosso crescimento. Listaria a independência da mulher, aumento da renda familiar e do poder aquisitivo - mesmo que a recessão esteja voltando com tudo - e o contraste do nosso ensino com a precarização das escolas municipais e estaduais. Como acontece com a saúde e segurança, as pessoas procuram uma alternativa no setor privado. Mas é claro, os investimentos nas escolas da Tartaruguinha Verde foram feitos no momento certo.
Empresas & Negócios - A ideia é seguir crescendo?
Ortiz - No momento, não. A Tartaruguinha cresceu muito nos últimos anos e agora estamos em fase de estruturação. Temos capacidade instalada para 900 vagas e temos que atingir essa meta em até três anos. Atualmente, 500 alunos fazem parte da rede.