O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, renunciou ontem ao cargo, meses antes de terminar seu mandato. A posse do recém-eleito Mario Abdo Benítez está marcada para o dia 15 de agosto. Em comunicado breve, Cartes declarou que renunciaria para assumir o posto no Senado para o qual foi eleito.
A razão por ter apressado essa passagem, porém, está pouco clara, assim como se esse gesto é realmente constitucional, o que deve ser determinado pelo Parlamento. "Ratifico meu propósito de seguir servindo a nosso país e a nosso povo com dignidade e patriotismo desde o Poder Legislativo", diz o texto do comunicado.
Cartes vinha de uma série de decepções com relação a seu partido, o Colorado. Primeiro, ao ter sua tentativa de mudar a Constituição para concorrer à reeleição falida por falta de apoio suficiente; depois, porque seu afilhado político, a quem queria que se candidatasse para ser seu sucessor, o ex-ministro da Economia Santiago Peña, foi preterido nas primárias do Partido Colorado por Abdo, que representa uma ala mais conservadora e tradicional da agrupação.
Não se sabe, por ora, se apenas este contexto foi o que o levou à renúncia ou se há outras razões. O Congresso do país se reúne amanhã para decidir se aceita a renúncia do mandatário. Em caso positivo, ele juraria como senador em 1 de julho.
Diante deste cenário, quem deve ocupar o cargo até a posse de Abdo será a ex-juíza da Corte Suprema e atual vice-presidente do país, Alicia Pucheta. Ainda que por poucos meses, seria a primeira mandatária mulher da história do Paraguai.