O Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, recebeu mais de 50 mil visitantes no primeiro dia da Expointer 2017. O dia de muito sol e temperatura de mais de 30 graus ajudou a atrair o público, que percorreu pavilhões, assistiu a julgamentos de animais, fez fila para almoçar e conferiu as feiras tradicionais, como a da agricultura familiar. O fluxo ficou acima das pouco mais de 48 mil pessoas que ingressaram no parque no primeiro dia da edição de 2016. Filas se formaram desde cedo nas bilheterias do parque. O Estado, organizador do evento, quer atrair mais de 350 mil pessoas em nove dias e gerar R$ 1,92 bilhão em receitas. 

Na largada, foi possível conferir a construção de calçada na parte externa do parque, que em outros anos sempre se transformava em lama em dias de chuva. Até porque previsão é de chuva neste domingo, honrando a tradição de clima instável da mostra, considerada a principal em genética animal da América Latina. Mas são necessárias melhorias na acessibilidade, conforme constataram muitos visitantes.

Calçada na área externa do parque deve evitar lama em dias de chuva. Foto: Patrícia Comunello/Especial/JC 

A abertura oficial ocorreu também neste sábado, e foi marcada pela longa duração, cerca de duas horas. O tempo foi gasto por autoridades em uma fila quase interminável, com muitos agradecimentos e pouco conteúdo. O governador José Ivo Sartori (PMDB) e ministros, como Blairo Maggi (da Agricultura) e Eliseu Padilha (Casa Civil) subiram ao palco. A abertura, que desde 2016 ocorre no Restaurante Internacional e em um ambiente fechado, acaba ficando distante do público e dos expositores.

Tradicionalmente organizado na Pista Central ao longo dos anos, mais acessível aos visitantes, produtores e trabalhadores, a abertura da feira em espaço fechado desagradou a muitos presentes no Parque de Exposições Assis Brasil. O formato, porém, reduz as chances de políticos serem vaiados, mas empobrece a festa. Na sexta-feira (1), antepenúltimo dia de Expointer, ocorre o desfile dos campeões das raças de animais, aí, sim, na pista central do parque.

No ritual de começo de feira, o sábado foi movimentado na lida de campo que se transfere ao parque. O banho diário dos animais, que serve principalmente para remover excesso de gordura do pelo, movimentou a área de chuveiros da estrutura. Raças de maior porte, como bovinos e bubalinos, e pequenos, como ovinos, fizeram fila. Os peões que comandam o lava-jato do campo (eles usam mesmo lava-jato) explicam que a gordura é retirada com detergente e sabão em pó. Além disso, os animais começam a travar contato com os esguichos do aparelho três meses antes da feira para "se acostumar". 

No brete montado na pista central, animais se perfilavam guiados por peões ou donos das propriedades para a verificação de quesitos que as associações de raça levam em conta nos julgamentos de grandes campeões. Entre eles estão, peso, altura, área de olho de lombo (AOL) - indicativo de musculosidade, rendimento de carcaça e ganho de peso - e espessura de gordura, além de prenhez ou não das vacas e medição do perímetro escrotal dos machos.

O produtor da raça angus da Cabanha da Corticeira, de São Borja, Felipe Cassol, conduziu a vaca Baronesa, três anos e 820 quilos. "O mínimo é de 600 quilos", diz Cassol. "Fomos nove vezes campeões seguidos em fêmea e macho da raça e vamos brigar pela décima vez aqui", desafia o produtor, lembrando que a Baronesa já venceu na exposição de Uruguaiana este ano.

O inspetor técnico da Associação Brasileira de Angus Adevolmir Silva explica que os critérios fazem parte do julgamento de admissão. Se passar "no teste", o animal segue na avaliação para brigar pelas rosetas de campeões das raças.