Após admitir pagamento de propina ao Departamento de Água e Esgotos (Dmae), o vereador Gilvani Gringo (Republicanos) foi denunciado mais uma vez à Comissão de Ética. Esse é o terceiro processo do parlamentar no colegiado, que decidiu por advertir Gringo nas últimas duas denúncias. Dessa vez, no entanto, há intenção de parlamentares da base e da oposição de cassá-lo.
A denúncia, protocolada pelo presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Matias, enfatiza que o vereador se envolveu em atos incompatíveis com o decoro parlamentar. Além do pagamento indevido à autarquia, o texto cita a manutenção de contratos entre a prefeitura e a empresa da qual Gringo era sócio quando o mesmo já estava exercendo a vereança, o que é proibido pela legislação municipal. Os dois casos que embasam a acusação foram relatados pelo próprio parlamentar durante depoimentos na CPI do Dmae, que buscava investigar um possível desmonte da autarquia.
O caso foi aceito pelo presidente da Comissão de Ética, vereador Jessé Sangalli (PL), e terá como relatora a vereadora Karen Santos (PSOL), conforme ordem pré-estabelecida. Em resposta à reportagem, a parlamentar afirmou que ainda não decidiu qual será sua abordagem ao caso e que o encaminhamento deverá ser alinhado com a bancada de oposição. Mesmo assim, Karen pontuou que é reticente quando a julgamentos desse porte no colegiado, visto que algumas das questões apresentadas deveriam ser julgadas pela Justiça. "Tenho medo de cair nesse lugar de impor sanções. Todos aqui foram eleitos", afirmou.
De acordo com fontes ligadas à oposição, a intenção é cassar Gringo, especialmente após o seu voto favorável ao projeto de concessão do Dmae. No entanto, o líder da bancada, vereador Jonas Reis (PT), afirma que a posição da oposição é baseada no proposto pelo relatório paralelo da CPI do Dmae, que não prevê penalização do vereador. Ainda que o parecer apresentado pela relatora indique a perda do mandato, a decisão fica a cargo dos componentes da comissão, que deverão votar o relatório.
Em nota à reportagem, Gringo afirmou que a acusação ao colegiado partiu de uma instituição ligada a setores em que o parlamentar realiza fiscalizações lícitas. "O conteúdo denunciado com intento de punição ao vereador, são temas desconexos e sem qualquer relação com a atividade parlamentar e de discussão de situações anteriores que nenhuma relação existe", diz o texto.