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Publicada em 04 de Abril de 2024 às 16:22

"Ainda existem lugares sem luz", afirma morador da Restinga à CPI da CEEE Equatorial

Após manifestações da comunidade, foi ouvido o depoimento do diretor do Procon de Porto Alegre

Após manifestações da comunidade, foi ouvido o depoimento do diretor do Procon de Porto Alegre

Fernando Antunes/CMPA/Divulgação/JC
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Ana Carolina Stobbe
Ana Carolina Stobbe
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a CEEE Equatorial dedicou o encontro desta quinta-feira (04) à participação de representantes da comunidade. Realizada na Câmara Municipal de Porto Alegre, a sessão também contou com a oitiva do diretor do Procon da Capital, Wambert Di Lorenzo, que já havia tido seu depoimento remarcado por duas semanas consecutivas.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a CEEE Equatorial dedicou o encontro desta quinta-feira (04) à participação de representantes da comunidade. Realizada na Câmara Municipal de Porto Alegre, a sessão também contou com a oitiva do diretor do Procon da Capital, Wambert Di Lorenzo, que já havia tido seu depoimento remarcado por duas semanas consecutivas.
O morador da Restinga André Luiz da Rosa Trindade foi um dos cidadãos inscritos para prestar depoimento. “Ainda existem lugares sem luz desde o primeiro temporal”, denunciou, apontando alguns pontos específicos que ainda não teriam a falta de energia solucionada: Morro da Macaca e Barro Vermelho, por exemplo. Para Trindade, os problemas começaram após a concessão da CEEE para o Grupo Equatorial.
Uma situação semelhante foi relatada pelo líder comunitário e representante do Conselho Local de Saúde do Extremo Sul, José Carlos Vieira. De acordo com ele, na região de Juca Batista diversas famílias ficaram sem luz de três a seis dias, sendo que um único gerador de energia instalado era insuficiente para abastecer toda a região.
Além disso, Vieira disse que em alguns locais não têm sido acessados para a resolução de problemas de energia devido à recusa da CEEE Equatorial, que alega problemas de criminalidade nas regiões. “É um absurdo. Quando era a CEEE (estatal), tu ligava e demorava mais ou menos um dia para solucionar. Agora, demora quatro, cinco ou até seis dias”, reclamou Vieira.
Já o membro do Conselho Municipal do Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA), Felisberto Seabra Luize, afirmou que tem recebido diversas ligações desde o dia 16 de janeiro, com o primeiro temporal do ano, que motivou a abertura da CPI. “As pessoas relatam a situação nos seus bairros. Qualquer previsão de chuva eles ficam preocupados”, relatou Luize.
Dois relatos pessoais também foram conhecidos pelos parlamentares. O primeiro deles foi o de Maria Helena Barbosa Barros, moradora do Beco do Buda, que relata um aumento constante e inexplicável nas contas de energia. Foi solicitado que uma via delas fosse entregue à CPI como prova para a investigação. Além disso, a vice-presidente da Comissão, vereadora Fernanda Barth (PL), leu o relato de um empresário que não pôde estar presente e cujo prejuízo no restaurante de sua propriedade foi estimado em R$ 60 mil. “Ele perdeu absolutamente tudo que tinha guardado nos freezers. Ele tinha recém conseguido se recuperar do último desastre, em que ficou uma semana sem luz”, explicou Barth
Convidado pela própria Comissão, o presidente do Movimento Edy Mussoi de Defesa do Consumidor, Cláudio Pires Ferreira, apresentou dados referentes aos problemas da CEEE Equatorial. Entre eles, demonstrou que ela é a quarta distribuidora de energia com mais contatos de usuários a cada 10 mil unidades consumidoras. Conforme explicou, as principais reclamações são de falta de energia e oscilação de tensão. “Houve um caos nesta cidade, em razão do péssimo serviço prestado pela CEEE Equatorial”, acrescentou.

Reclamações da CEEE no Procon em 2024 já são mais do que o dobro das registradas em 2023

Após as manifestações da comunidade, aconteceu a oitiva do diretor do Procon de Porto Alegre, Wambert Di Lorenzo. Quando questionado pela relatora da CPI, vereadora Comandante Nádia (PL), sobre a existência de reclamações quanto à falta de energia ou a contas de luz, o representante apresentou dados que mostram um crescimento constante no número de contatos com o Procon: “Em 2018, foram 212 reclamações contra a CEEE. Em 2019, 238. Em 2020, 311. Em 2021, 439. Em 2023, 640. Em 2024, 1.426 reclamações contra a concessionária”.
Ele ainda deixou claro que a taxa de resolução de problemas que chegam ao Procon em relação à CEEE Equatorial é de 97%, com uma busca do órgão em sanar as situações buscando a harmonia entre as partes envolvidas. Quando isso não é possível, é aplicada uma multa que vai diretamente ao Tesouro do município. Apesar disso, Di Lorenzo reclama da falta de funcionários e de estrutura do Procon: “Ao longo dos anos, o Procon foi simplesmente desmontado, ele foi praticamente destruído”.

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