Finalizamos mais uma temporada do projeto Mapa Econômico do RS. Em 2025, concluimos o terceiro ano da iniciativa. O propósito é claro: formular novos indicadores da economia do Rio Grande do Sul a partir do levantamento e análise de dados.
A boa notícia é que identificamos mais de 90 oportunidades ao desenvolvimento econômico do RS nas suas diferentes regiões. São novas iniciativas que surgem em cadeias produtivas já consolidadas no Estado ou projetos que acrescentam atividades à economia gaúcha.
O melhor é que as oportunidades não são apenas conjecturas no papel ou ideias de futuro. Já estão se tornando realidade. Há exemplos nas cinco macrorregiões em que o Mapa Econômico do RS divide o Estad:
– Na Macrorregião Sul, a instalação de uma fábrica de celulose. Uma nova planta no Rio Grande do Sul, para além do complexo de Guaíba, era discutida há mais de 20 anos. Mas era um projeto que estava engavetado. Em 2023, o Mapa Econômico levantou a oportunidade de uma nova fábrica de celulose na parte Sul do Estado a partir de entrevistas com produtores rurais, prefeituras e setor florestal. Em 2024, a CMPC anunciou a construção da fábrica em Barra do Ribeiro, na Região Centro-Sul do Estado.
– Na Macrorregião Norte, também está se tornando realidade a industrialização de grãos com a produção de biocombustíveis. É uma nova riqueza do Estado, utilizando como matéria-prima culturas como soja, trigo e canola, atraindo investimentos bilionários. Há empreendimentos em construção, como uma usina de etanol em Passo Fundo, e iniciativas bem estruturadas, caso do projeto de três cooperativas para processamento de soja em Cruz Alta.
– Na Macrorregião Central, chama a atenção a expansão da indústria de alimentos e bebidas, especialmente no Vale do Taquari. São empresas que estão ampliando a produção e, em diversos casos, construindo novas unidades fabris, enquanto ampliam mercados no Brasil e no exterior.
– Na Macrorregião Serra, que tem um polo metalmecânico consolidado, e um parque industrial diverso, com multinacionais, além de fábricas médias e pequenas, lideranças regionais apontam a expansão do enoturismo como grande oportunidade para os municípios do Vale dos Vinhedos e entorno. Já está acontecendo. O turismo ligado ao vinho estimula o agronegócio, na produção de uvas; a indústria, na fabricação de vinhos, espumantes e sucos de uva; e o setor de serviços, com o impulso do turismo à hotelaria, bares e restaurantes.
– Na Macrorregião Metropolitana, tema do último capítulo do Mapa Econômico, identificamos o crescimento do ecossistema de inovação, a partir dos parques tecnológicos instalados nas universidades. Essa riqueza de profissionais bem formados estimula a atração de empresas de tecnologia e, agora, o fortalecimento da indústria da inovação, em que um dos marcos é o investimento bilionário da Tellescom Semicondutores, que terá fábrica em Cachoeirinha.
São diversas iniciativas nesse setor, que, sem dúvidas, é uma das vocações da Região Metropolitana de Porto Alegre, rica no ramo de serviços e com um forte polo de saúde.
Transformação da economia nos eixos da inovação e sustentabilidade
Em uma análise macro do Rio Grande do Sul, vemos uma evolução da economia gaúcha em dois eixos: inovação e sustentabilidade. Na área ambiental, também podemos citar exemplos dessa parte mais populosa e rica do Estado, como a transformação da produção no Polo Petroquímico de Triunfo, com a fabricação de resinas utilizando a cana de açúcar, matéria-prima renovável, que dá origem ao chamado "eteno verde".
Também a expansão dos parques eólicos, importante especialmente no Litoral Norte, que recebeu o pioneiro parque eólico de Osório há 20 anos e agora tem dezenas de novos projetos.
O Mapa Econômico do RS ainda se propõe a levantar desafios ao desenvolvimento e, mais uma vez, a questão ambiental emerge como um ponto central na agenda, considerando que o Estado passou por quatro estiagens nos últimos seis anos, além de uma grande enchente em 2024.
Nesse cenário, a irrigação de áreas agricultáveis é mais uma oportunidade, assim como as soluções para vencer outros desafios, como melhorias em infraestrutura e retenção de talentos.
O Rio Grande do Sul tem perdido população na maior parte dos seus municípios, foram 289 cidades que tiveram queda no número de habitantes entre 2010 e 2022. Mais um tema importante que esteve em debate entre lideranças regionais ao longo deste ano.
Passamos por Bagé (Macrorregião Sul), Lajeado (Central e Vales), Garibaldi (Serra), Cruz Alta (Norte) e Porto Alegre (Metropolitana) e reunimos mais de 700 lideranças regionais.
O resultado é um panorama das diferentes cadeias produtivas, mostrando janelas de oportunidades para estimular o desenvolvimento e caminhos para superar desafios.
Com jornalismo de dados, cruzamos informações para criar novos indicadores sobre o presente e apontar tendências para o futuro do RS, permitindo mais precisão no planejamento do Estado.