Uma estratégia semelhante à da flexibilidade do uso de combustíveis adotada hoje pelos motoristas de automóveis que, dependendo dos custos utilizam gasolina e em outras situações etanol, será empregada pela Braskem no Polo de Triunfo. A companhia pretende aproveitar tanto nafta como gás na sua operação no complexo petroquímico no Rio Grande do Sul.
O presidente da companhia, Roberto Ramos, revela que um dos fornos da central petroquímica gaúcha já está funcionando com propano importado da Argentina. O executivo detalha que a operação ainda não está sendo feita em regime constante, porque se trata de um processo de ensaio.
Conforme o dirigente, o rendimento com o combustível está sendo muito bom. “Inclusive, um pouco superior às nossas expectativas e, com isso, a gente está provando um ponto. Ou seja, que a planta 2 da (antiga) Copesul pode operar com gás e pode fazer o switch (mudança) entre nafta e gás”, frisa Ramos.
Ele adianta que a empresa pretende fazer essa ação sempre que as condições de compra do propano forem mais razoáveis do que a aquisição de nafta. Ramos reforça que a companhia ficará optando por uma ou outra matéria-prima dependendo da conveniência do preço.
Segundo o presidente da Braskem, atualmente o propano é competitivo, mas a nafta também caiu de preço e, portanto, a substituição dela pelo gás, na totalidade dos seis fornos que a companhia possui em Triunfo, não é necessariamente a melhor hipótese. “Esse é um assunto que vamos ficar monitorando mês a mês. No momento, estamos operando com um forno, mas temos a certeza que podemos atuar com mais de um”, afirma o executivo.
Um estudo foi encomendado pela Braskem para verificar a viabilidade do aproveitamento do uso de gás em Triunfo. O CFO da empresa, Felipe Jens, informa que o levantamento apontou que o consumo dessa matéria-prima traz a potencialidade de uma rentabilidade a mais de cerca de US$ 110 por tonelada de produto, em comparação com o uso de nafta.
Outro insumo diferente da nafta usado pela companhia no polo gaúcho é o etanol, aproveitado para produzir o chamado plástico verde. Jens diz que a taxa de ocupação de eteno verde em Triunfo, no terceiro trimestre deste ano, foi na ordem de 40%. Esse resultado representa uma queda de 31 pontos percentuais, em relação ao trimestre anterior. De acordo com o dirigente, o desempenho é decorrente de uma otimização dos estoques da resina renovável.
Jens e Ramos participaram ontem de entrevista coletiva para comentar os resultados financeiros da companhia no terceiro trimestre deste ano. Nesse período, a empresa registrou um prejuízo de R$ 26 milhões (no terceiro trimestre de 2024 o revés tinha sido de R$ 592 milhões).
No evento, os executivos foram questionados sobre as negociações da IG4 Capital para comprar a participação da Novonor na Braskem. Contudo, eles preferiram não entrar em detalhes sobre a possível venda das ações da controladora da companhia petroquímica.
O que foi anunciado pela Braskem foi o acordo com o estado de Alagoas para desembolsar cerca de R$ 1,2 bilhão em indenizações devido ao desmoronamento do solo em regiões de Maceió. O desastre foi ocasionado pela extração de sal-gema e o pagamento das compensações será feito ao longo de dez anos.