Mapa aponta oportunidades para o desenvolvimento da Macrorregião Metropolitana do RS

Conheça 20 iniciativas que já se destacam entre as atividades econômicas da região ou têm projetos com potencial de alavancar o crescimento dessa parte do Rio Grande do Sul.

Entre os principais investimentos anunciados no Rio Grande do Sul neste ano está a confirmação da chegada a Tellescom Semicondutores em Cachoeirinha, com aporte bilionário para o encapsulamento de chips. Uma especialidade acelerada nos parques tecnológicos gaúchos e que encontra na indústria eletrônica parceiros em pesquisa e no aquecimento da economia.

O ecossistema formado pelos parques tecnológicos entre as regiões Metropolitana e Vale do Sinos tornou-se um artigo fundamental de negociação do Estado para atrair novos investimentos. Trata-se da capacidade acumulada na região em formar pessoas qualificadas e desenvolver soluções atuais e futuras para os mais diversos setores produtivos, com aprimoramento de inovações em IA, por exemplo, com a criação de hubs específicos para o desenvolvimento desse tipo de tecnologia.

Na estratégia de entrar no mapa os grandes data centers com alta capacidade para processar dados de inteligência artificial, a partir do projeto anunciado em Eldorado do Sul para erguer o Scala AI City, a necessidade de geração de energia limpa é ampliada no Estado, e neste aspecto, a macrorregião tem papel importante. Atualmente, pouco mais de 30% da geração eólica gaúcha é produzida em parques das regiões Metropolitana e Litoral, e há avanços no licenciamento de novos parques eólicos onshore, além de alto potencial offshore neste ponto da costa. A região também tem potencial para a geração de energia por biomassa, a partir dos resíduos. A Capital já é um polo de data centers, porém, ainda com demanda energética menor do que o projeto da Scala Data Centers.

Com a perspectiva da sua futura nova unidade em Barra do Ribeiro, a CMPC prepara-se para ter no complexo entre Guaiba e o município vizinho, na região Centro-Sul, o maior complexo produtor de celulose na América Latina, e neste contexto, o município da Região Metropolitana, onde operam duas plantas industriais ganha relevância na pesquisa de novos produtos especiais em celulose e também em pesquisa na origem da produção, o controle fitossanitário. A companhia chilena exporta mais de 95% da sua produção em Guaiba, mas também movimenta uma cadeia produtiva de papel na Região Metropolitana.

A produção petroquímica ainda garante alguns dos maiores PIBs do Rio Grande do Sul, entre Canoas e Triunfo, no entanto, o Polo Petroquímico atingiu, neste ano, a sua maior capacidade ociosa na história. Para recuperar terreno e fazer a diferença no mercado externo em crise, o setor aposta na produção mais limpa, com índices de emissão muito abaixo da média mundial, além do chamado eteno verde. Processo semelhante acontece na Refap, em Canoas, de onde parte o petróleo refinado para o polo petroquímico. A refinaria passará a produzir somente o diesel S-10, considerado o menos poluente pela Petrobras.

O Vale do Sinos concentra o maior polo produtor, empregador e exportador de calçados do Rio Grande do Sul. Pouco mais de 30% dessa exportação é destinada aos Estados Unidos, em uma relação que tem obrigado as empresas da região a buscarem novas oportunidades para manter o prestígio no mercado norte-americano e buscar novos mercados.

É desenvolvida na região boa parte da tecnologia embarcada em máquinas agrícolas que saem deste ponto do Estado para as regiões agrícolas do Brasil e do mundo. Inovação que tem garantido à Stihl, por exemplo, crescimento de 25% no ano, ou à metalúrgica INAP a sua expansão em Alvorada para produzir aço ao maior edifício do Brasil. Na GM, em Gravataí, avançam os investimentos para produção de um novo modelo, enquanto em Guaíba, a Toyota monta o seu terceiro modelo.

Após a cheia, surgiu, na entrada de Porto Alegre, a mais moderna das indústrias da Coca-Cola no Brasil. No Vale do Sinos, a gigante dos utensílios domésticos, Bettanin, investe na expansão fabril e de distribuição. No polo produtivo de pães em Gravataí, indústrias expoentes avançam rumo ao Sudeste do País. E até a paçoquinha produzida em Santo Antônio da Patrulha alça voos mais altos. No principal centro consumidor do Rio Grande do Sul, a produção de alimentos, bebidas e utensílios tem oportunidade para crescer e ganhar ainda mais o gosto do consumidor. São 29 itens de consumo produzidos na região figurando entre as marcas mais vendidas conforme o levantamento da ABRAS.

A perspectiva de novos investimentos na região deve desafogar alguns gargalos logísticos em rodovias. O Governo do Estado anunciou o Bloco 1 de concessões de rodovias, que prevê entre diversas obras de duplicação entre as três regiões retratadas neste Mapa, a nova ERS-010 e a duplicação da ERS-118. Também avança, com o início das obras, o Aerociti, em Guaíba, que, além de abrigar uma fábrica de aviões, promete ser uma solução logística de cargas para a região. Tomam forma também projetos em outros potenciais aeroportos para dar suporte ao Salgado Filho.

Aeroportos: Porto Alegre, Guaíba, Eldorado do Sul, Portão, VIamão, Torres,  

Entre o avanço de obras de saneamento em toda a macrorregião e as obras de recuperação e prevenção após a cheia do ano passado, com recursos liberados pelo Funrigs, o setor da construção tem boa oportunidade de mercado. Conforme a Aegea Corsan, já foram investidos neste ano mais de R$ 1 bilhão no Estado e, somente com recursos do Funrigs, a região já tem garantidos mais de R$ 500 milhões para projetos, obras e serviços contra cheias.

No seu plano de revitalização do Centro, a Prefeitura de Porto Alegre dará início ao estudo de viabilidade para instalação da primeira linha de VLT na Capital, que formaria uma espécie de Y entre a zona norte, centro e zona sul. O modelo “limparia” o trânsito na área central e abriria a oportunidade para valorização imobiliária e da paisagem da região. O modelo também é apontado por especialistas como solução viável à mobilidade entre a Região Metropolitana, que sofre, nos últimos anos, com a forte redução de passageiros. Mais de 40% dos deslocamentos para o trabalho na região são feitos de carro.

Afora as vantagens logísticas da Região Metropolitana e do Vale do Sinos, pela proximidade da maior concentração de consumo do Estado, a política de atração de condomínios logísticos e imobiliários aponta como uma oportunidade aos municípios diante da Reforma Tributária. Cidades como Gravataí e Guaíba estão fazendo o “tema de casa”.

Dois portos marinhos privados avançam para se tornarem concretos em Arroio do Sal, no Litoral, com o plus de uma ferrovia que promete destravar uma série de dificuldades logísticas gaúchas. Enquanto isso, na Capital, com aporte de R$ 40 milhões a ser executado até o final de 2026, é projetado um porto renovado para Porto Alegre. Tanto do ponto de vista de novas cargas, com abertura para outros setores, quanto em relação à integração com a economia da cidade e da região, além da instrumentalização tecnológica, para que o porto seja uma referência no sistema de prevenção a cheias e antecipação de dados. Em Guaíba, um novo porto avança para a fase de licenciamento ambiental.

Se o avanço dos parques tecnológicos em busca de soluções no ramo da saúde, especialmente relacionados ao serviço de atendimento, com estruturas hospitalares, tem motivado novos investimentos em toda a região para novas estruturas, a indústria farmacêutica e de insumos para a Saúde tem tradição e oportunidade para novos investimentos na Região Metropolitana.

Desde a retomada plena dos voos no Aeroporto Salgado Filho, o volume de visitantes e de voos internacionais, por exemplo, tem batido recordes. Números que lançam ao setor do Turismo, especialmente na hotelaria, o desafio de reter este turista na Região Metropolitana, seja pelos eventos, com o perfil corporativo, ou pelo lazer, com a chegada do primeiro hotel 6 estrelas na Capital. No Litoral, tradicional destino no verão, com o perfil mais rejuvenescido do turista, o setor hoteleiro volta a investir na região. Hoje, há menos hotéis e pousadas em todo o Litoral do que em Porto Alegre.

A Planície Costeira Externa, que abrange municípios das regiões Metropolitana e Litoral, é a 6ª região produtora de arroz do Estado. Assim como em outras regiões, o preço do produto tem preocupado os produtores, e isso abriu as portas do arroz dessa região à exportação. Os primeiros 200 mil sacos são exportados neste ano, e a perspectiva é de abrir ainda mais o mercado externo, dobrando este volume em 2026. É uma oportunidade inclusive para o arroz com selo de origem do Litoral ganhar as mesas fora do Brasil.

Os municípios batalham para cumprir com a universalização dos serviços até 2033 para cumprir com o Marco Legal do Saneamento e as enchentes de 2024 fizeram com que os municípios despendessem ainda mais recursos no setor. No caso da Capital, Porto Alegre, o tratamento de esgoto ainda está distante de atingir os 90% de cobertura previstos na legislação. A vizinha, Canoas, no Vale do Sinos, avança rapidamente, tendo aumentado o investimento médio no setor. Já o Litoral Norte recebe um montante considerável dos aportes da Corsan/Aegea, com obras de expansão da rede de esgoto entre Imbé, Tramandaí e Torres.

Cidades: Porto Alegre, Canoas, Imbé, Tramandaí, Torres

A antiga máxima de que os negócios do Litoral Norte funcionam apenas em alta temporada caiu por terra. Enquanto a população migra vertiginosamente para esta região, os serviços e os comércios acompanham a expansão urbana. Assim, prestação de serviços públicos e privados, assim como lojas de diferentes segmentos passaram a expandir sua atuação para o ano inteiro.

Cidades: Imbé, Capão da Canoa, Tramandaí, Torres, Arroio do Sal, Balneário Pinhal e Cidreira

A Região Metropolitana, já consolidada como o maior polo educacional do Estado, prepara-se para receber o Instituto de Tecnologia e Computação (Itec), que deverá iniciar sua primeira turma em março de 2027. Outras universidades expandem seus cursos. É o caso da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), que lançou neste ano uma nova pós-graduação em parceria com a Santa Casa, da Unirriter, que inaugurou três novos cursos superiores no campus de Canoas em 2025, e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que abrirá turma de Pedagogia no campus Litoral Norte em 2026. Por outro lado, os Institutos Federais auxiliam a ampliar o acesso aos níveis superior e técnico. No ensino básico, o tradicional Colégio Farroupilha investe R$ 200 milhões em uma ampliação.

Cidades: Porto Alegre, Novo Hamburgo, Guaíba, Canoas, São Leopoldo, Gravataí, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Alvorada, Osório, Viamão e Tramandaí