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Publicada em 11 de Julho de 2025 às 15:35

Taxa anunciada por Trump preocupa Docile; EUA é maior destino de exportações da empresa

"É hora de sentar à mesa" para discutir sobretaxas dos Estados Unidos, diz presidente do Conselho da Docile, Alexandre Heineck

"É hora de sentar à mesa" para discutir sobretaxas dos Estados Unidos, diz presidente do Conselho da Docile, Alexandre Heineck

TÂNIA MEINERZ/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
* De Lajeado
* De Lajeado
"Maior exportadora de balas do País", a Docile de Lajeado tem nos Estados Unidos o principal destino de venda de seus produtos no exterior. As informações são do presidente do Conselho de Administração da empresa, Alexandre Heineck, que foi um dos painelistas do evento do Mapa Econômico do RS realizado em Lajeado nesta quinta-feira, 10 de julho.
O anúncio de uma sobretaxa adicional de 50% sobre as importações brasileiras, anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump na quarta-feira (9), caso entre em vigor, provocaria um impacto considerável não só na Docile, mas em todas as exportações brasileiras para os EUA.
Heineck encara a medida de maneira pragmática. "É hora de sentar à mesa, de negociar. Temos o Itamaraty, nosso ministério de Relações Exteriores, que tem que liderar esse movimento, e chegar a um bom termo com os Estados Unidos, para não sermos impactados", defendeu o executivo.
Para a liderança, as tarifas "não servem nem para o Brasil nem para os próprios Estados Unidos", pontua, fazendo coro a outras vozes do meio empresarial, que reagiram com preocupação ao anúncio de Trump.
Heineck comentou ainda que, por os Estados Unidos serem o principal destino das exportações da Docile, "isso está provocando diversas conversas, reuniões extraordinárias para ver aonde a gente vai direcionar esses valores que tínhamos até então. Mas esse é um problema que tem de se estender além das portas da Docile, para outras esferas, para que haja uma composição que seja saudável para a continuidade dos negócios internacionais".
Atualmente, 35% do faturamento da Docile vem de exportações para 80 países em todos os continentes. O mercado norte-americano é líder, mas a empresa não informa o percentual de cada país no volume exportado.
O dirigente da Docile não quis entrar no mérito do anúncio do presidente norte-americano e defende uma solução pragmática sob o ponto de vista comercial. "Eu não tomo partido, de achar que o motivo é justo ou injusto. A hora é de negociar para chegar em um bom termo e continuar com boas relações não só com os Estados Unidos como com todo o comércio internacional. Uma tarifa desta magnitude não só impacta a Docile. De uma forma ou de outra, essas exportações trazem divisas ao País e dão a pujança que a região e o País têm”, disse à reportagem do JC.
Em reação ao anúncio das sobretaxas, entidades como a Fiergs também manifestaram apreensão com a possível entrada em vigor da medida. Por meio de nota, a representante do setor industrial no Estado afirma que os Estados Unidos são um parceiro comercial estratégico para o Rio Grande do Sul, "ocupando, em 2024, a segunda posição entre os principais destinos das exportações gaúchas, com mais de US$ 1,8 bilhão exportados no ano".
Ao salientar que "produtos industrializados como químicos, máquinas, alimentos processados, calçados e couro compõem grande parte dessa pauta", destaca que "medidas dessa natureza afetam diretamente a previsibilidade e a estabilidade das relações comerciais, comprometendo a competitividade da indústria brasileira". Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China.

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