A tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros anunciada na quarta-feira (9) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactará na economia brasileira na medida em que demorarem as negociações. De acordo com o economista Gustavo Inácio Moraes, a intenção do norte-americano é de chamar o Brasil, assim como aconteceu com a China, sendo que as tarifas impostas há alguns meses, já estão diminuindo.
Coordenador do Programa de Pós- Graduação da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUC-RS), a decisão de Trump, publicada na Truth Social, não é um blefe. “Não são só os elementos políticos citados, envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, ou a a hipotética censura nas redes sociais. É também o fato de que o Brasil se alinhou fortemente a outras nações com uma postura antiamericana”, observou Moraes, ao citar os Brics, cujo alinhamento desafiam a hegemonia do dólar. O Brasil vem fechando acordos com vários países, deixando de usar a moeda dentro de suas relações bilaterais. No último domingo (6), Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% a nações do bloco que apoiem as “políticas antiamericanas”.
Impor essas tarifas, de acordo com Moraes, é determinar a necessidade de uma negociação. “O exemplo da China mostrou muito bem isso. Em abril, ele estabeleceu tarifas, a China respondeu fortemente - porque era questão de honra -, e, logo depois, se sentaram para conversar. Agora, em julho, as tarifas já não são tão intensas quanto as anunciadas em abril”, exemplifica.
Moraes prevê que a primeira exigência de Trump seja a mudança em relação à desdolarização, além de aspectos do comércio internacional entre os países. Ele lembra que, durante a campanha presidencial no ano passado, Trump, citou por várias vezes o aço brasileiro, que estaria chegando aos Estados Unidos em vantagens competitivas, em função dos subsídios no Brasil.
De início, o Brasil deverá dar uma resposta, assim como a China e a União Europeia, mostrando não admitir uma imposição, e, em um segundo momento, longe dos holofotes, eles deverão sentar e negociar novos termos. De qualquer forma, vai haver um impacto na balança e no dólar. “Quanto mais, lenta a resolução desse problema, mais impactos assistiremos. Quanto mais rápida – e aí temos o benchmark da China - menos impacto haverá”, aponta.
O especialista lembra, ainda, que produtos que o Brasil pode encontrar novos clientes para produtos que vende para os Estados Unidos, como petróleo e minerais. Em outros, no entanto, como o aço e aeronaves fabricadas pela Embraer, a dificuldade é maior de colocação.