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Publicada em 09 de Julho de 2025 às 19:59

Entidades repercutem medidas anunciadas por Trump

Manifestações ocorrem após a divulgação de que os Estados Unidos passariam a tarifar os produtos brasileiros em 50%

Manifestações ocorrem após a divulgação de que os Estados Unidos passariam a tarifar os produtos brasileiros em 50%

TÂNIA MEINERZ/JC
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Maria Amélia Vargas
Maria Amélia Vargas Repórter
Entidades gaúchas se manifestaram, nesta quarta-feira (9), após a divulgação de que os Estados Unidos passariam a tarifar os produtos brasileiros em 50%, com início a partir de 1º de agosto.
Entidades gaúchas se manifestaram, nesta quarta-feira (9), após a divulgação de que os Estados Unidos passariam a tarifar os produtos brasileiros em 50%, com início a partir de 1º de agosto.
Para a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), o anúncio é preocupante. Por meio de nota, a representante do setor industrial no Estado afirma que os Estados Unidos são um parceiro comercial estratégico para o RS, "ocupando, em 2024, a segunda posição entre os principais destinos das exportações gaúchas, com mais de US$ 1,8 bilhões exportados no ano". Ao salientar que "produtos industrializados como químicos, máquinas, alimentos processados, calçados e couro compõem grande parte dessa pauta", destaca que "medidas dessa natureza afetam diretamente a previsibilidade e a estabilidade das relações comerciais, comprometendo a competitividade da indústria brasileira".
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) disse receber com "surpresa e preocupação" a nova taxação. O presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, classificou a medida como "um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro". Segundo a associação, em junho de 2025, o segmento registrou alta de 24,5% nas exportações ante igual mês do ano passado. O resultado foi impulsionado pelos EUA, principal destino das exportações brasileiras do setor, com crescimento de quase 40% no mesmo comparativo. "No primeiro semestre, estávamos, aos poucos, recuperando mercado nos Estados Unidos, apesar de todas as instabilidades", afirma Ferreira.
A tarifa anunciada pelo governo norte-americano, na avaliação do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, "inviabiliza o comércio de manufaturas com o país. Ele diz, ainda, que as empresas, numa primeira reação à medida, "devem suspender vendas aos Estados Unidos, até que se tenha uma definição sobre a tarifas". O dirigente completa: "ao invés de ficar no piso das tarifas (10%), como chegou a anunciar o presidente americano no dia do tarifaço, 2 de abril - o que na época, trouxe alívio a exportadores -, o Brasil vai pagar a taxa mais alta para entrar nos Estados Unidos".

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) manifestou "profunda preocupação com os efeitos dessa medida, que atinge diretamente as empresas brasileiras mais produtivas e inovadoras, responsáveis por exportações de alta complexidade tecnológica, geração de empregos qualificados e entrada de divisas no País".

Em comunicado, o presidente da entidade, José Ricardo Roriz, afirma: "O mercado americano é estratégico para o Brasil. Exportar para os Estados Unidos significa competir em alto nível e acessar um dos mercados mais exigentes e bem remunerados do mundo. São empresas que investem em tecnologia, em qualidade e que sustentam empregos de melhor remuneração. Uma tarifa de 50% torna praticamente inviável esse tipo de operação, afetando diretamente o faturamento, a rentabilidade e os empregos de qualidade dessas empresas".

Roriz também destaca que o impacto não se restringe apenas aos produtos finais exportados, mas a toda a cadeia produtiva. Nesse contexto, o setor plástico se mostra fundamental. "O plástico está presente em 95% do que é produzido no Brasil. Ele é parte essencial de embalagens de alimentos, componentes automotivos, fertilizantes, sistemas de irrigação, estufas e logística. Ou seja, além da exportação direta de produtos plásticos, como filmes e embalagens técnicas, nosso setor será afetado indiretamente pela retração de outros setores exportadores".

"A medida representa ainda um duro golpe ao ambiente de negócios brasileiro", ressalva Roriz. "Estamos passando de um dos países com menores tarifas de importação para uma situação de isolamento comercial. Isso desestimula o investimento produtivo e compromete a credibilidade do Brasil como parceiro confiável. Empresas internacionais que atuam no país para exportar a partir daqui serão diretamente penalizadas. Estamos vendo crescer um clima de incerteza justamente quando deveríamos estar atraindo investimento estrangeiro".

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