Porto Alegre,

Publicada em 11 de Dezembro de 2025 às 14:47

Pelotas tem demanda reprimida por hospedagem na praia e na zona rural

Região, que reúne praias de água doce e áreas rurais em crescimento, passa por uma expansão

Região, que reúne praias de água doce e áreas rurais em crescimento, passa por uma expansão

Foto: Gustavo Vara
Compartilhe:
Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
A temporada de verão de 2026 deverá movimentar Pelotas e os municípios da Costa Doce com aumento no fluxo de visitantes, maior demanda sobre serviços públicos e novas ações voltadas ao setor turístico. A região, que reúne praias de água doce e áreas rurais em crescimento, passa por uma expansão gradual da oferta de hospedagem e por estratégias de qualificação. A avaliação é de representantes do segmento, que apontam avanços, mas também desafios estruturais para atender ao público que circula pela zona Sul durante os meses mais quentes.
A temporada de verão de 2026 deverá movimentar Pelotas e os municípios da Costa Doce com aumento no fluxo de visitantes, maior demanda sobre serviços públicos e novas ações voltadas ao setor turístico. A região, que reúne praias de água doce e áreas rurais em crescimento, passa por uma expansão gradual da oferta de hospedagem e por estratégias de qualificação. A avaliação é de representantes do segmento, que apontam avanços, mas também desafios estruturais para atender ao público que circula pela zona Sul durante os meses mais quentes.
Segundo Jussara Cruz Argoud, analista de projetos do Sebrae-RS e coordenadora da Câmara Técnica de Turismo da Associação dos Municípios da Zona Sul, a temporada reforça a necessidade de investimentos em hospedagem em áreas mais descentralizadas. Em Pelotas, a maior parte dos hotéis permanece concentrada na área urbana, distante do Laranjal, à beira da Lagoa dos Patos. “A infraestrutura hoteleira ainda é limitada à beira da lagoa. Existe oferta, mas há espaço para crescer, tanto no Laranjal quanto na zona rural”, afirma.
O diagnóstico, reforça Jussara, também se estende aos municípios vizinhos, ainda em processo de ampliação da capacidade de hospedagem. “A região precisa ‘levantar a régua’ dos serviços, qualificar a hotelaria e atrair investimentos que permitam receber um visitante disposto a permanecer mais tempo e consumir produtos locais”.
Nos últimos anos, a zona rural de Pelotas registrou um aumento expressivo na procura, especialmente a partir da pandemia. A demanda crescente fez com que propriedades investissem em pequenas pousadas, restaurantes rurais e serviços especializados, movimento replicado em municípios como Morro Redondo, Canguçu e Arroio do Padre. Jussara destaca que a tendência consolidou um novo fluxo turístico interno: “A população passou a olhar a zona rural como opção de lazer próxima, e os empreendedores perceberam que havia oportunidade. Isso ampliou a oferta e diversificou a experiência de quem visita a Costa Doce.”
A agenda cultural também deve atrair público à cidade. Pelotas inicia o ano com a programação do Festival Internacional Sesc de Música, que tradicionalmente movimenta a rede hoteleira e impulsiona bares, restaurantes e serviços. Para Jussara, o calendário reflete a característica criativa da cidade: “Pelotas tem forte relação com música, teatro e gastronomia. No verão, há uma variedade de atividades que mantêm a cidade em circulação.”
Entre os eventos de destaque está o Festival Viva o RS, que ocorre neste sábado (13) e domingo (14), na Praça da Baronesa. Organizado pelo Governo do Estado, o evento marca a abertura oficial do verão na região e reúne gastronomia, artesanato, atrações musicais e estandes de empreendimentos locais. De acordo com Matheus Vigel, COO da Wine Locals, parceira do projeto Viva o RS, a proposta é dar visibilidade ao turismo de proximidade. “Queremos que o visitante circule mais, fique um ou dois dias adicionais na região e conheça experiências que muitas vezes o próprio morador não conhece”, explica. O festival terá cerca de 30 expositores e expectativa de receber mil visitantes por dia.
Enquanto isso, a Prefeitura de Pelotas acelera ações voltadas aos serviços essenciais durante o veraneio. Os balneários do Laranjal passaram por mutirões de limpeza e recebem reforço na coleta de resíduos orgânicos, ampliada para quatro dias por semana até março. A infraestrutura de acesso também foi alvo de obras, como operação tapa-buracos na avenida Adolfo Fetter e melhorias na região dos Prazeres. A prefeitura e o Sesc organizam ainda o Festival Verão Cultural, com atrações em diferentes balneários. Outra iniciativa em preparação é o Centro de Atenção ao Turista (CAT), previsto para o primeiro semestre de 2026 na rodoviária da cidade.
Além dessas medidas, Pelotas e municípios vizinhos avançam nas políticas de regionalização do turismo. Em 2025, Pelotas e Rio Grande foram alçadas à categoria A no Mapa do Turismo Brasileiro, refletindo aumento da movimentação econômica e da capacidade de serviços turísticos. Para Jussara, o avanço indica consolidação do trabalho regional: “A Costa Doce se estrutura há muitos anos e começa a colher resultados, mas ainda há espaço para ampliação de infraestrutura e qualificação.”
A expectativa é que a combinação entre eventos, qualificação de serviços e maior divulgação da região resulte em aumento no fluxo turístico e em maior circulação interna. A projeção é que a temporada reforce a vocação da Costa Doce para o turismo de natureza, gastronomia, cultura e ruralidade, com Pelotas como polo articulador desse movimento.

Notícias relacionadas