Porto Alegre,

Publicada em 09 de Dezembro de 2025 às 16:07

Roteiro em São Lourenço do Sul resgata história farroupilha

Passeio inclui visita à Fazenda do Sobrado, que pertenceu a Anna Joaquina Gonçalves da Silva, irmã de Bento Gonçalves

Passeio inclui visita à Fazenda do Sobrado, que pertenceu a Anna Joaquina Gonçalves da Silva, irmã de Bento Gonçalves

Agência Novo Destino/Divulgação/Cidades
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
O verão nas cidades da Costa Doce, marcado por atrações que margeiam a Lagoa dos Patos e muitas vezes são caminho para quem tem como destino o Uruguai, guarda possibilidades que vão além das atividades praianas. A história e a cultura das cidades do litoral Sul do RS ensejam roteiros que, a cada ano, vêm aumentando a recepção de turistas de diversas regiões gaúchas e de fora do Estado, caso de São Lourenço do Sul.A cidade mostra as raízes fincadas na Revolução Farroupilha por meio de um roteiro voltado não somente aos turistas de temporada, mas que se mantém o ano inteiro. A iniciativa Do Violino à Estância foi desenvolvida em 2019 pela turismóloga Fabiane Peters, inspirada pelos passeios fluviais de Budapeste, que combinam o visual da capital húngara e as luzes da cidade com opções gastronômicas e de entretenimento.Já nos pagos gaúchos, o passeio criado por Fabiane parte da escuna Vento Negro, em um trajeto de cerca de 35 minutos pelo rio São Lourenço, acompanhado por apresentações ao vivo de violino e violão. O instrumento é, ele próprio, parte da experiência. A escolha não é aleatória: “O violino foi um dos primeiros instrumentos que chegaram ao Rio Grande do Sul, então quisemos trazê-lo para dentro da proposta”.
O verão nas cidades da Costa Doce, marcado por atrações que margeiam a Lagoa dos Patos e muitas vezes são caminho para quem tem como destino o Uruguai, guarda possibilidades que vão além das atividades praianas. A história e a cultura das cidades do litoral Sul do RS ensejam roteiros que, a cada ano, vêm aumentando a recepção de turistas de diversas regiões gaúchas e de fora do Estado, caso de São Lourenço do Sul.

A cidade mostra as raízes fincadas na Revolução Farroupilha por meio de um roteiro voltado não somente aos turistas de temporada, mas que se mantém o ano inteiro. A iniciativa Do Violino à Estância foi desenvolvida em 2019 pela turismóloga Fabiane Peters, inspirada pelos passeios fluviais de Budapeste, que combinam o visual da capital húngara e as luzes da cidade com opções gastronômicas e de entretenimento.

Já nos pagos gaúchos, o passeio criado por Fabiane parte da escuna Vento Negro, em um trajeto de cerca de 35 minutos pelo rio São Lourenço, acompanhado por apresentações ao vivo de violino e violão. O instrumento é, ele próprio, parte da experiência. A escolha não é aleatória: “O violino foi um dos primeiros instrumentos que chegaram ao Rio Grande do Sul, então quisemos trazê-lo para dentro da proposta”.
Após a navegação, o grupo desembarca no deck da Fazenda do Sobrado, antiga propriedade de Anna Joaquina Gonçalves da Silva, irmã de Bento Gonçalves. O local serviu como quartel-general farroupilha e abrigou figuras como Giuseppe Garibaldi durante a guerra. Hoje, sob gestão da família Serpa, a fazenda preserva objetos, arquitetura e espaços que remetem ao século XIX. “A casa é original, desde as janelas até parte do mobiliário. A dona Ivanice Serpa, atual proprietária do imóvel, conta a história das reuniões do alto comando farroupilha e das passagens de Bento e Garibaldi”, relata Peters.

A vivência é estruturada para aproximar o visitante da cultura local. No salão de festas, um almoço com churrasco de fogo de chão é acompanhado por apresentações artísticas com casais trajados de prenda e peão. Há ainda momentos de interação, como aulas de chimarrão, demonstrações do tradicional nó de lenço e brincadeiras antigas, um atrativo especialmente valorizado pelas escolas. “As crianças amam. Chegam em casa contando o que viveram, porque não é só ouvir a história, é experimentar”, destaca a idealizadora. Só em 2025, os roteiros pedagógicos e de lazer reuniram 6 mil visitantes, com aumento expressivo da procura de instituições de ensino da Serra Gaúcha e de outras regiões do RS.

A temporada de verão promete ampliar esse movimento. Segundo Fabiane, apesar de as visitas serem mais numerosas entre abril e junho, e durante a Semana Farroupilha, no verão, os turistas optam por saídas ao entardecer, aproveitando o pôr do sol na lagoa. Além do passeio à estância, a empresa oferece ainda atividades como pedalinho, caiaque, bicicleta aquática e navegação nas embarcações Vento Negro e Bucaneiro, que juntos devem atrair cerca de 10 mil visitantes nos próximos meses, projeta a turismóloga. Segundo Fabiane, também outros passeios oferecidos por ela em São Lourenço tiveram desempenho positivo em 2025, impulsionados pela busca por viagens de curta distância e experiências culturais.

O movimento é percebido também por quem acompanha a evolução do turismo regional. Para Matheus Vigel, COO da Wine Locals, parceira do projeto Viva o RS, São Lourenço se destaca entre os destinos do litoral gaúcho por oferecer uma combinação singular. “É um lugar que já tem uma identidade muito própria, ligada ao carnaval, à cultura e ao visual da Lagoa dos Patos. É um turismo mais tranquilo, de experiência, que permite ao visitante desacelerar e vivenciar a cultura local de forma mais profunda”, afirma.
Fabiane destaca que, após a pandemia, houve aumento no fluxo de turistas de fora do estado, especialmente de Minas Gerais e São Paulo, que buscam novas rotas além do tradicional caminho para a Serra. Esse movimento também é citado por Vigel. “A Costa Doce tem potencial expressivo. Nosso objetivo é fazer o turista ficar um ou dois dias a mais, conhecer vinícolas, gastronomia e experiências históricas da região”, completa.

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