De Bagé, especial para o JC
O prédio da antiga Cobagelã, em Bagé, está prestes a ganhar nova vida como sede do futuro Museu da Lã, espaço voltado à preservação da memória, da identidade cultural e do saber-fazer ligados à lã ovina no Rio Grande do Sul. A iniciativa é uma extensão da Rota da Lã, um projeto de valorização do artesanato como patrimônio cultural e ferramenta de desenvolvimento regional.
O Museu da Lã será implantado no terceiro andar do prédio que pertenceu à Cooperativa Bageense Mista de Lãs Ltda, a Cobagelã, importante símbolo da cadeia produtiva da lã no passado. O local foi escolhido por representar a história econômica e social da região e deverá reunir acervo, oficinas e exposições que narram a trajetória do artesanato em lã e seu papel nas comunidades do bioma Pampa.
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Embora o espaço físico já esteja definido, a instalação definitiva do museu, no entanto, depende em parte da liberação de uma emenda de R$ 200 mil, de autoria do deputado federal Afonso Hamm (PP), destinada em 2021 à compra de um elevador que garantirá acessibilidade ao espaço, explica Eliane Simões Pires Pacheco, diretora da Associação Pampa Gaúcho de Turismo (Apatur) e coordenadora do projeto.
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A iniciativa é encabelada pela Apatur, com apoio de instituições como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), universidades, prefeituras e grupos de artesãs locais. A proposta do Museu da Lã está conectada à ideia de um circuito cultural mais amplo, a Rota da Lã, que percorre os saberes tradicionais e o protagonismo de mulheres artesãs. Além de estimular a preservação da cultura material e imaterial, a rota busca impulsionar o artesanato como alternativa de renda para comunidades rurais e periféricas.
Segundo Eliana, a formação do museu foi antecedida por centros de referência em diversos municípios que integram a Rota da Lã, viabilizados por leis de incentivo e outras formas de fomento, em cidades como Lavras do Sul, Dom Pedrito, Candiota, Rosário do Sul, São Gabriel e Caçapava do Sul. “Além disso, fora da área de atuação da Apatur, Mostardas, por exemplo, mantém viva a tradição do cobertor mostardeiro, enquanto Jaguarão destaca-se pelo crochê jacquard”, enumera Eliane. O projeto ainda promove capacitações, oficinas e exposições itinerantes.
Para Clair (foto), instalação do museu representará marco no reconhecimento do trabalho artesanal
Joice Cougo/Especial/JC
O envolvimento de artesãs como Clair Schneid reforça o compromisso do projeto com as comunidades locais. Para Clair, a instalação do museu representa um marco no reconhecimento do trabalho artesanal. “Vai ser um reconhecimento, vai ser muito bom para esse trabalho. A gente vai ter espaço ali melhor e vai ser bem legal o museu”, afirma.
A valorização da lã como símbolo do Pampa e sua transformação em elemento estruturante de uma política cultural voltada ao desenvolvimento sustentável também move o projeto. As ações buscam resgatar práticas que vinham se perdendo com o tempo, ao mesmo tempo em que abrem novas possibilidades econômicas para pequenos produtores e artesãos, pontua Eliane.
Eliane também salienta que, quando instalado, o futuro Museu da Lã deverá abrigar mostras permanentes e temporárias, além de servir como ponto de partida para turistas interessados na cultura do Pampa Gaúcho.