O presidente chinês, Xi Jinping, encontrou-se nesta quinta-feira com a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, o português António Costa, e pediu que o bloco reforce a confiança mútua com a China diante das crescentes tensões geopolíticas. Ele disse que as partes podem encontrar "espaços em comum".
Em contrapartida, os líderes europeus cobraram mais equilíbrio nas relações comerciais e maior atuação de Pequim para pôr fim à Guerra da Ucrânia. As tratativas ocorreram na capital chinesa na cúpula para marcar os 50 anos de relações diplomáticas entre a UE e o país asiático.
O encontro, que inicialmente duraria dois dias, mas foi reduzido a apenas um a pedido da China, foi marcado por tensões e disputas comerciais. Os atritos refletem como a guerra tarifária iniciada pelos Estados Unidos que prometia aproximar chineses e europeus, acabou estimulando o oposto.
Xi criticou abertamente as medidas comerciais recentes adotadas por Bruxelas, como as tarifas sobre veículos elétricos chineses, e alertou contra o protecionismo europeu. "Melhorar a competitividade não pode depender da construção de muros e fortalezas. O desacoplamento e a ruptura de cadeias só levam ao isolamento", afirmou o líder chinês.
Em resposta, Ursula disse que a relação bilateral está em um "ponto de inflexão" e destacou a necessidade de reequilibrar o comércio entre os dois lados. A União Europeia tem um déficit comercial histórico com a China, que alcançou ? 304,6 bilhões em 2024.
A presidente da Comissão Europeia também pediu maior acesso ao mercado chinês, mais previsibilidade regulatória e a flexibilização dos controles de exportação de terras raras, minérios necessários para produção industrial de automóveis a armamentos.
Nas últimas semanas, em encontros do chanceler Wang Yi com seus pares europeus, a China não cedeu às demandas, concentradas no fornecimento estável de terras-raras, mas o país já não vinha demonstrando interesse pela cúpula.
O mais provável é que Pequim espere para negociar com o novo premiê alemão, Friedrich Merz, que estaria preparando uma visita de Estado a Xi nos próximos meses, com uma delegação de empresas alemãs. O país tem priorizado a reindustrialização militar para responder à pressão americana por mais gastos no setor -e também à sua própria queda de competitividade, com a perda do acesso à energia da Rússia.
Costa, por sua vez, aproveitou o encontro para pedir diretamente que a China use sua influência sobre Moscou. "Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, apelamos à China para que use sua influência sobre a Rússia, para que esta respeite a Carta das Nações Unidas e ponha fim à guerra de agressão contra a Ucrânia", declarou o presidente do Conselho Europeu.
A posição chinesa no conflito ucraniano é vista com desconfiança em Bruxelas, que acusa Pequim de manter um apoio tácito a Moscou.