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Publicada em 17 de Junho de 2025 às 15:30

Trump exige rendição do Irã e ameaça matar líder supremo

Presidente dos Estados Unidos subiu o tom ao afirmar que poderia matar Ali Khamenei

Presidente dos Estados Unidos subiu o tom ao afirmar que poderia matar Ali Khamenei

Suzanne Plunkett/AFP/JC
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Agências
Assumindo de vez o protagonismo político na guerra entre Israel e o Irã, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu que a teocracia persa se renda incondicionalmente. Também afirmou que o líder do regime, aiatolá Ali Khamenei, é "um alvo fácil", mas que os Estados Unidos não irão matá-lo - "ao menos não por enquanto".
Assumindo de vez o protagonismo político na guerra entre Israel e o Irã, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu que a teocracia persa se renda incondicionalmente. Também afirmou que o líder do regime, aiatolá Ali Khamenei, é "um alvo fácil", mas que os Estados Unidos não irão matá-lo - "ao menos não por enquanto".
A ameaça pouco sutil foi publicada na rede Truth Social, e veio depois de Trump ter dito para todos os moradores de Teerã deixarem a cidade na véspera. Ele também afirmou que não está trabalhando por um cessar-fogo entre o Irã e Israel, e sim pelo "fim da guerra", que veio na forma de ultimato
"Nós sabemos exatamente onde o dito "líder supremo" está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está a salvo lá Nós não vamos matá-lo (matar!), ao menos não por enquanto. Mas não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está acabando", escreveu. Logo depois, completou com maiúsculas: "RENDIÇÃO INCONDICIONAL".
Trump propositadamente fala como se os EUA, e não Israel, estivessem em guerra, embora confunda as coisas ao falar em soldados americanos - ele já havia dito que qualquer retaliação contra alvos de Washington seria uma declaração de guerra.
A entrada ativa dele no conflito que eclodiu quando o Estado judeu atacou a teocracia islâmica na sexta passada (13) mudou o cenário político da guerra, que viu uma noite com uma troca um pouco menos intensa de ataques de lado a lado - nem por isso menos mortífera, como as 24 vítimas iranianas relatadas comprovam.
Nesta manhã de terça, antes de ameaça a Khamenei, Trump havia dado continuidade a seu fluxo de pensamento acerca do que pretende fazer. Ele havia escrito que o não procurou o Irã para discutir a paz de nenhuma forma.
Teerã "deveria ter aceitado o acordo enquanto ele estava na mesa", disse, referindo-se às rodadas de negociações abertas por ele para achar uma forma de reviver o arranjo no qual os aiatolás desistiriam da bomba atômica em troca do fim de sanções econômicas.
As conversas chegaram a um beco quando os EUA exigiram o fim de todo o programa nuclear do país persa, o que o líder supremo rechaçou. Haveria uma nova etapa de reuniões, mas Israel atropelou Trump e atacou. Na segunda (16), Trump causou alarme quando deixou a reunião do G7 no Canadá e voltou para a Casa Branca, depois de postar a sugestão de evacuação da capital de 10 milhões de habitantes, uma impossibilidade prática.
Ao entrar no avião rumo aos EUA, Trump rebateu a sugestão do presidente francês, Emmanuel Macron, de que ele iria oferecer uma trégua. "Ele não tem ideia", disse, "é muito maior" que um cessar-fogo, disse Trump, que acusou o colega de publicidade com seu nome.
Na segunda, Trump ordenou um reforço nas forças militares no Oriente Médio, inclusive enviando mais um grupo de porta-aviões para a região, onde já opera um. Em tom de ultimato, admitiu a possibilidade de enviar seu vice, J. D. Vance, e o negociador Steve Witkoff para falar com emissários iranianos.
ATAQUES CONTINUAM
Os israelenses voltaram a atacar bases militares no oeste do Irã e a capital, que viu um grande depósito de combustíveis amanhecer em chamas. Ao menos 24 pessoas morreram, segundo o governo local. As contas são imprecisas, mas os mortos chegam a cerca de 300 do lado iraniano.
As estradas saindo de Teerã estão lotadas, segundo relatos da mídia local e do jornal The New York Times. Há muita fake news, também: imagens de congestionamentos quilométricos nas redes são de um feriado islâmico recente, por exemplo. Tel Aviv disse ter matado Ali Shadmani, chefe militar mais próximo do aiatolá Khamenei. Ele era o líder do Estado-Maior iraniano em tempo de guerra e havia sido o chefe das Forças Armadas e da Guarda Revolucionária, a unidade pretoriana do regime.
Com isso, Israel volta a se aproximar de Khamenei, de quem já tinha matado o braço-direito. O premiê Binyamin Netanyahu não descartou assassinar o líder, algo que a mídia americana disse ter sido descartado inicialmente por Trump, nas conversas sobre a guerra entre os líderes.
Nesta terça, o ministro Israel Katz (Defesa) sugeriu que o aiatolá pode ter o mesmo fim de Saddam Hussein, o ditador iraquiano derrubado pelos EUA em 2003, capturado escondido num buraco e enforcado três anos depois.
As forças de Netanyahu mudaram sua versão sobre o ataque a um prédio da TV estatal iraniana na véspera, que deixou três mortos e interrompeu a programação ao vivo. Antes, o Exército disse que o local escamoteava atividades militares. Agora, a justificativa é de que ele divulgava desinformação sobre Israel, escancarando o simbolismo da ação.
Nesta terça, novos ataques miraram essa infraestrutura e outras capacidades militares iranianas. Sua já decrépita Força Aérea perdeu, segundo imagens divulgadas por Israel, alguns dos caças F-14 americanos que havia herdado do regime derrubado em 1979, dos quais talvez dez ainda voam. Já a mídia iraniana disse que eles eram iscas falsas, para atrair ataques.
Em Israel, as salvas de mísseis do Irã foram menos intensas, sugerindo que o regime possa estar com problemas de estoque ou simplesmente economizando armas -estima-se que já tenham usado ou perdido quase metade dos 2.000 mísseis balísticos de longo alcance que analistas acreditavam haver em seu arsenal antes da guerra.
Até a véspera, os israelenses haviam dito ter acabado com um terço desse arsenal. Seja como for, houve três lançamentos na madrugada e um no começo da manhã com cerca de 20 a 30 mísseis cada, menos do que o volume dos primeiros dias, na casa das centenas, e no de segunda, de 65.
Os iranianos também afirmaram ter acertado um centro do Mossad, o serviço secreto externo de Israel, que participou ativamente do ataque da semana passada.
A crise atual tem o estopim na questão nuclear, mas é um desenvolvimento das guerras a partir do ataque terrorista do Hamas palestino a Israel, em 7 de outubro de 2023. De lá para cá, Tel Aviv degradou a rede de aliados regionais do Irã, como o Hezbollah, e agora foi para o que os seus militares chamam de "cabeça da cobra".

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