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Publicada em 31 de Outubro de 2025 às 12:10

Uber completa 10 anos em Porto Alegre; aplicativo mudou dinâmica de transporte

Márcio Leoni, que atua há uma década na plataforma, lembra do cadastro presencial feito em um hotel na avenida Loureiro da Silva

Márcio Leoni, que atua há uma década na plataforma, lembra do cadastro presencial feito em um hotel na avenida Loureiro da Silva

DANI BARCELLOS/ESPECIAL/JC
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Cláudio Isaías
Cláudio Isaías Repórter
O aplicativo de transporte privado Uber completa 10 anos de atuação em Porto Alegre neste mês de novembro de 2025 e está definitivamente incorporado ao cotidiano da cidade ao longo desta década. A chegada da plataforma resultou em uma transformação no sistema de transporte público da capital gaúcha e caiu nas graças do público.
O aplicativo de transporte privado Uber completa 10 anos de atuação em Porto Alegre neste mês de novembro de 2025 e está definitivamente incorporado ao cotidiano da cidade ao longo desta década. A chegada da plataforma resultou em uma transformação no sistema de transporte público da capital gaúcha e caiu nas graças do público.
Em diversos bairros de Porto Alegre, é possível presenciar moradores que optaram pelo serviço em relação a outros meios de transporte. Com isso, lotações, ônibus e táxis viram seus passageiros migrarem para o novo serviço.
Com mais de 20 anos de experiência como motoristas, Diego Velho Fonseca, 51 anos, e Márcio Leoni, 38 anos, são profissionais pioneiros no aplicativo na capital gaúcha. Eles começaram a trabalhar exatamente há 10 anos com a Uber em Porto Alegre, em novembro de 2015.
Leoni, que gosta de dirigir, lembra o começo da sua trajetória profissional na plataforma. Empresário, proprietário de uma locadora de DVDs junto com a esposa, ele viu o negócio apresentar queda com a chegada da Netflix. "Os clientes começaram a sumir e o negócio ficou inviável", recorda.
Antes de se tornar motorista de aplicativo, Leoni atuava como motoboy. "Acabei utilizando o conhecimento adquirido  com a motocicleta na cidade para pôr em prática na Uber", acrescenta. O motorista recorda que em novembro de 2015 foi um dos primeiros a se cadastrar na Uber de forma presencial em um escritório montado pela empresa na avenida Loureiro da Silva. Além de atuar como motorista, Leoni comercializa perfumes.  
Diego Velho Fonseca, 51 anos, e a sua mãe, Maria Antônia Soveral Velho, 71 anos, a "Toninha", moradores de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, compartilham suas experiências na plataforma. Fonseca diz que a sua trajetória na Uber começou com o cadastro em 2015, que era presencial e também por e-mail.
Fonseca destaca as estratégias para manter a nota máxima de cinco estrelas na plataforma, incluindo a sua disposição alegre e o hábito de oferecer doces aos passageiros. "Antes da atividade na Uber, o meu trabalho como professor de autoescola era mais estressante", acrescenta.
Na plataforma, ele afirma que seus horários de trabalho são mais flexíveis. Com relação aos ganhos que passam de R$ 2 mil por mês, o condutor menciona o peso dos custos com combustível e manutenção. No entanto, ele aprecia a flexibilidade e o prazer de dirigir e interagir com as pessoas.
Antônia explica que decidiu se tornar motorista de aplicativo após se afastar do seu trabalho como técnica de enfermagem em um hospital de Gravataí devido a problemas de coluna, preferindo o Uber a voltar para o ambiente hospitalar. No aplicativo, "Toninha" diz que trabalha de forma flexível, escolhendo seus horários, e que tanto ela quanto o filho utilizam veículos próprios (Nissan March e um Fiat Mobi) para o trabalho, sendo a renda suficiente para manterem uma vida confortável e sem grandes preocupações financeiras, pois o seu carro e o apartamento dela estão pagos.
Com relação à segurança, Antônia relata ter sido assaltada uma vez no início da carreira em Cachoeirinha. Por isso, ela e o filho Diego, que trabalha de madrugada em áreas consideradas de risco, compartilham a localização um do outro para maior segurança.
Diego Velho Fonseca (filho) e Maria Antônia Soveral Fonseca (mãe) atuam em Porto Alegre e nas cidades da Região Metropolitana  | DANI BARCELLOS/ESPECIAL/JC
Diego Velho Fonseca (filho) e Maria Antônia Soveral Fonseca (mãe) atuam em Porto Alegre e nas cidades da Região Metropolitana DANI BARCELLOS/ESPECIAL/JC

Lucro menor para motoristas ao longo dos anos

Nessa década de atuação da plataforma, a qualidade do serviço prestado aos usuários apresenta elogios e críticas. As manifestações favoráveis são para os motoristas educados, atenciosos e caprichosos com o veículo. A parte negativa apontada pelos clientes fica por conta de carros em mau estado de conservação e profissionais que não são cuidadosos no trânsito.
Leoni destaca que, embora a segurança tenha melhorado no transporte por aplicativo com mais informações disponíveis sobre passageiros, a remuneração dos motoristas caiu drasticamente ao longo da década. Ele explica que precisa trabalhar o dobro de horas (cerca de 14h a 15h por dia) para obter o mesmo faturamento que conseguia em oito horas no passado.
Para mitigar o aumento dos custos operacionais, especialmente o do combustível, o motorista que mora no bairro Glória, em Porto Alegre, investiu em um veículo elétrico BYD Dolphin, que ele afirma ter aumentado seu lucro líquido mensal, estimado em cerca de R$ 8 mil. "A compra do carro elétrico me proporcionou um maior lucro", comemora o condutor que teve cinco carros antes do elétrico.

Prefeito de Porto Alegre avalia que aplicativo melhorou a vida das pessoas 

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, destaca que a mobilidade humana é crucial para o acesso e a vida da cidade, o que abrange desde patinetes até aplicativos como o Uber. "A plataforma veio para ficar e veio para melhorar a vida das pessoas", destaca.
O chefe do Executivo municipal afirma que tem muito carinho pelos taxistas e uma relação espetacular com os profissionais dos aplicativos. "Existe uma concorrência leal entre esses modais e o consumidor é que vai tomar a sua decisão dentro da liberdade econômica", acrescenta.
Para Melo, uma cidade boa para se viver é aquela que tem diversos modais e que haja integração. "O Brasil está longe disso ainda. O caso de Porto Alegre, por exemplo, não tem integração do transporte interno com a Região Metropolitana. Então esse é um desafio para a nossa gestão", ressalta.
Hoje, o passageiro, conforme o prefeito, que vai numa distância menor, praticamente não usa mais ônibus. "Os passageiros usam aplicativo ou táxi. Ele quer ter segurança e chegar onde quer de forma confortável, com ar-condicionado ligado, quando for necessário ou não, e com o preço que cabe no bolso. E isso os aplicativos oferecem", acrescenta.
Até o fechamento desta matéria, a Uber não havia se manifestado sobre os 10 anos de atuação da empresa em Porto Alegre.

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