A falta de energia elétrica decorrente do temporal que atingiu o Estado no domingo (30) ainda afeta 73 mil clientes da CEEE Equatorial, de acordo com a última atualização divulgada na manhã desta quarta-feira. Dentre eles, os comerciantes sofrem prejuízos significativos em seus negócios, desde a perda de equipamentos à operação reduzida e impacto na clientela.
Na rua João Telles, no bairro Bom Fim, a Sociedade Hebraica tem luz em meia-fase e o cenário afeta a Lanchera do Ildo e o Café e Cozinha Monjero. Proprietário do primeiro estabelecimento, Ildo Berté está com o espaço em luz piscante desde segunda-feira e estima um prejuízo de R$ 2 mil por dia — abriu nesta terça e quarta. Com a cozinha à vista, sua situação é clara: a luz cai e volta a todo instante, impossibilitando o uso de aparelhos no 220w.
Berté, que abre apenas no almoço e tem o horário de pico entre 11h e 15h, relata que costuma vender cerca de 90 à lá minutas por dia, e que a produção caiu pela metade. Além do fluxo de caixa reduzido, o proprietário também perdeu uma geladeira por conta dos retornos repentinos da energia. Com tudo somado, estima ter perdido cerca de R$ 5 mil até aqui.
Morador da região e de passagem, o ex-governador do Estado, Tarso Genro (2011-2015) criticou a CEEE Equatorial pelo tempo sem luz nos estabelecimentos do bairro e afirmou que a privatização da organização é o principal fator da inoperância julgada. Segundo ele, o órgão foi vendido por um valor irrisório (R$ 100 mil) sem um motivo plausível e não aprimorou seus serviços. “Falaram que iam assumir as dívidas junto da compra, mas eu já tinha renegociado tudo durante o mandato”, relembra. “Por R$ 100 mil eu comprava a CEEE e devolvia para o Estado”, completa.
A falta de energia afeta, segundo Berté, a rotina do bairro. Os clientes que se programam e passam diariamente pelos comércios ficam sem o consumo próximo de casa. É o que acontece no Monjero, também localizado na Sociedade Hebraica. Com a máquina de café inoperante pelo risco de queimar com uma sobrecarga decorrente da luz em meia-fase, as pessoas até sentam nas mesas e olham o cardápio, mas acabam indo embora ao serem informadas da situação. A proprietária do local, Adriana Nascimento, estima um prejuízo entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por dia.
O mesmo afirmam os gerentes da Conveniência Bom Fim, João Isotton e Daniel Moraes, também na João Telles. São cerca de R$ 2 mil a menos na conta por dia sem vendas, explica Isotton. Com foco nas carnes, precisaram mover a mercadoria para um estabelecimento próximo, já que dois freezers foram perdidos. O custo dos equipamentos somados é em torno de R$ 4 mil. Ele relata, assim como os demais, que a queda de energia é costumeira na rua.
Os três estabelecimentos estão com a luz em meia-fase, indo e voltando. Questionada pela reportagem, a Equatorial informa que essas unidades estão consideradas entre as 73 mil desabastecidas. A previsão para regularizar a situação em todo o Rio Grande do Sul é para sexta-feira.
Confira na íntegra o boletim divulgado pela CEEE Equatorial
CEEE Equatorial já restabeleceu energia para 83% dos clientes afetados pelo ciclone extratropical
Na manhã desta quarta-feira (30), a CEEE Equatorial mantém suas equipes mobilizadas e atuando diuturnamente para mitigar os impactos provocados pela passagem do ciclone extratropical no Rio Grande do Sul. Até o momento, o fornecimento de energia já foi restabelecido para 357 mil clientes, o que corresponde a 83% do total inicialmente afetado.
No pico da interrupção, registrado às 13h de segunda-feira (28), aproximadamente 430 mil clientes estavam sem energia. Atualmente, 73 mil aguardam o restabelecimento do serviço. As cidades mais impactadas seguem sendo Capão da Canoa, Tramandaí, Viamão, Xangri-lá e Osório.
A CEEE Equatorial reforça à população a importância de manter distância de fios e cabos rompidos e de comunicar qualquer ocorrência por meio dos canais oficiais de atendimento:
WhatsApp Clara: (51) 3382-5500
Site: www.equatorialenergia.com.br
Central de Atendimento: 0800 721 2333