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Publicada em 17 de Julho de 2025 às 20:13

Avenida Ipiranga é a via com mais acidentes em Porto Alegre

Cruzamento entre a avenida Ipiranga e a rua Dr. Salvador França lidera o ranking de sinistros nos últimos cinco anos

Cruzamento entre a avenida Ipiranga e a rua Dr. Salvador França lidera o ranking de sinistros nos últimos cinco anos

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar
O cruzamento com mais acidentes de Porto Alegre não teve nenhuma morte. Já a esquina mais letal contabilizou apenas quinze sinistros. A aparente contradição ajuda a ilustrar os desafios da segurança viária na Capital, que somou 66.465 acidentes entre junho de 2020 e junho de 2025. Nesse período, 29.541 pessoas ficaram feridas e 373 morreram. Os dados foram obtidos pelo Jornal do Comércio junto à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e revelam os cruzamentos mais perigosos da cidade, tanto pelo volume quanto pela gravidade dos acidentes.
O cruzamento com mais acidentes de Porto Alegre não teve nenhuma morte. Já a esquina mais letal contabilizou apenas quinze sinistros. A aparente contradição ajuda a ilustrar os desafios da segurança viária na Capital, que somou 66.465 acidentes entre junho de 2020 e junho de 2025. Nesse período, 29.541 pessoas ficaram feridas e 373 morreram. Os dados foram obtidos pelo Jornal do Comércio junto à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e revelam os cruzamentos mais perigosos da cidade, tanto pelo volume quanto pela gravidade dos acidentes.
O levantamento mostra que o cruzamento entre a avenida Ipiranga e a rua Dr. Salvador França, na Zona Leste, lidera o ranking com 165 acidentes e 32 feridos — mas sem nenhuma morte. Em seguida, aparecem outros pontos de intenso fluxo de veículos, como Ipiranga com Silva Só (94 acidentes), Azenha com Ipiranga (87), Borges de Medeiros com Ipiranga (89) e Dona Margarida com Edu Chaves (85).
Já o ponto com maior número de mortes fica no Centro Histórico: a intersecção das ruas Voluntários da Pátria e Conceição teve três mortes em apenas oito acidentes. Também registraram fatalidades cruzamentos como as da avenida Martins Bastos com a rua Vieira da Silva e da Senhor do Bom Fim com a Ulysses de Alencastro Brandão. De forma mais ampla, as avenidas Bento Goncalves (16) e Professor Oscar Pereira (13) somam os maiores números de vítimas no decorrer de suas extensões.
Para o diretor-presidente da EPTC, Pedro Bisch Neto, os números evidenciam a necessidade de ações mais firmes. "São altos, sem dúvida. E eles justificam intervenções mais intensas de nossa parte. Não é natural que tenhamos uma média de 15 mil acidentes por ano", afirma. Segundo ele, o principal fator dos sinistros é o comportamento humano.
"Qualquer acidente é multifatorial, mas há um consenso no setor: a esmagadora maioria decorre de erro humano. Distração, pressa, estresse, excesso de confiança, tudo isso pesa. A prudência é uma virtude elevada, mas muita gente negligencia isso" diz Bisch Neto.
Os dados revelam uma média diária de 36 acidentes, com 16 pessoas feridas por dia e uma morte a cada cinco dias. O número de ocorrências cresceu ao longo do período: foram 11.993 em 2021, 13.864 em 2022, 15.233 em 2023 e 14.921 em 2024 — este último também com o maior número de mortes: 84. Já em 2025, de janeiro a junho, foram registrados 5.275 acidentes, com 2.348 feridos e 45 mortes (1 a cada quatro dias).
A EPTC informa que mantém um banco de dados com mais detalhamento sobre os acidentes, havendo informações sobre as faixas etárias, modais envolvidos e causas presumidas. Segundo o presidente do órgão, motociclistas e idosos pedestres estão entre os mais vulneráveis no trânsito.
"Os atropelamentos atingem, principalmente, pessoas mais velhas, por motivos óbvios: reflexos mais lentos, visão e audição comprometidas. Já as motocicletas representam metade das mortes no trânsito. Porto Alegre tem cerca de 870 mil veículos e apenas 90 mil motos, mas os óbitos são proporcionais. Ou seja, quem está numa moto está muito mais exposto" explica.

De 66 mil acidentes, cerca de 44% tiveram feridos

Embora os cruzamentos com mais acidentes nem sempre sejam os mais letais, o alto número de ocorrências em pontos como o cruzamento entre a Ipiranga com rua Dr. Salvador França chama a atenção. A explicação, segundo a EPTC, está no volume de tráfego.
"São locais com grande fluxo, especialmente nos horários de pico. Os veículos circulam muito próximos, o que favorece batidas leves, como raspões. Por outro lado, há boa infraestrutura: semáforos sincronizados, faixas bem demarcadas, o que ajuda a evitar colisões mais graves. Isso ocorre em vários pontos da Ipiranga", destaca.
Do total de 66 mil acidentes, cerca de 44% resultaram em ao menos uma vítima ferida. Foram 29.541 pessoas lesionadas e 208 mortes confirmadas no local. Para tentar reverter o quadro, a EPTC tem apostado em ações educativas.
"Há cerca de dois anos, criamos uma diretoria específica de educação para o trânsito. Já havia uma equipe competente, mas decidimos ampliar a estrutura porque entendemos que a orientação é fundamental para mudar comportamentos", finaliza o presidente.

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