A fim de fazer a medição da profundidade da água em diferentes pontos do Guaíba, o governo do Estado, através da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), deu início, na manhã desta quarta-feira (9), ao trabalho de batimetria do lago. A atividade integra o eixo 2 do programa Desassorear RS do Plano Rio Grande. O investimento total, de R$ 45,9 milhões, é voltado aos rios de grande porte. O trabalho tem previsão de conclusão de 180 dias. Serão 512 quilômetros percorridos no Guaíba, com investimento de R$ 2,5 milhões para a área, e está sendo realizado pelo Consórcio STE e pela Aerogeo engenharia e topografia.
A batimetria, em linhas gerais, mapeia o relevo submerso e identifica alterações causadas por eventos como enchentes. "Ela (a batimetria) é fundamental para que se tenha assertividade nas ações que vamos executar nesses rios de grande porte. A partir do momento em que os dados forem constatados, já podemos começar os estudos de modelagem, que são os estudos finais que vão definir se há necessidade de executar a dragagem", explica a secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann.
Apesar do prazo de conclusão previsto, à medida em que o trabalho vai acontecendo, os relatórios já vão sendo entregues mês a mês. Logo, no final de agosto, já haverá um material da batimetria disponível para o governo avaliar.
Com relação a uma possível dragagem ou desassoreamento em toda a extensão do Guaíba ou desses grandes rios e o custo dessas ações, a secretária disse que a decisão será tomada após a conclusão completa do projeto. "Sem fazer a batimetria, a gente não tem como estimar esse custo. Qualquer coisa na vida tem um preço, então é muito difícil a gente falar o que é caro e o que é barato. Caro é o que está acontecendo com o Rio Grande do Sul atualmente. Então será avaliada qual é a melhor alternativa para o ganho da qualidade de vida da população", avaliou.
Questionada sobre a existência de um plano B caso a realização da dragagem não se mostre algo viável, Marjorie explicou que é uma decisão coletiva e que há diferentes possibilidades. "Dentro do Plano Rio Grande existem algumas frentes. Os estudos da revisão dos planos diretores são uma alternativa diferente, reorganizar a localização das populações mais atingidas é outra, além da revisão dos planos de drenagem urbana. A dragagem e o desassoreamento são mais uma das possiblidades que fazem parte desse conjunto, mas não são as únicas. Vamos ter que pensar em soluções diferentes para territórios diferentes", opina a secretária.
O engenheiro civil e sócio da Aerogeo responsável pela batimetria, Milton Dupont, detalhou o funcionamento do procedimento. "Em um barco, tem um ecobatímetro e um GPS integrados. O ecobatímetro mede a profundidade da lâmina de água e o GPS fornece a localização e a altitude. Eles juntos fornecem a posição e a cota do fundo do rio. A cada dois metros vamos ter um ponto com cota e coordenada. Isso permite fazer o desenho da calha do rio em toda a sua extensão, que mostra direitinho como é o fundo do Guaíba."
Como já antecipado pela reportagem do Jornal do Comércio, para o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH-Ufrgs), o assoreamento atual do Guaíba não é prejudicial e não tem relação com as enchentes. Trata-se de um movimento natural dos recursos hídricos. “Não temos nenhum elemento que nos diga que houve um assoreamento preocupante do Guaíba, apenas algumas indicações visuais e bancos de areia que surgiram. Nosso canal de navegação continua trabalhando muito bem”, observa o professor do IPH e mestre em Recursos Hídricos, Fernando Meirelles.
Os serviços de batimetria serão efetuados em quatro blocos, nas bacias da região Metropolitana de Porto Alegre, Taquari-Antas, Baixo Jacuí e Guaíba. No rio Taquari, em Triunfo, o trabalho teve início na segunda-feira (7).