Os estrangeiros e naturalizados brasileiros vivendo no Brasil passaram de 592 mil para 1 milhão no período de 2010 a 2022, um aumento de 70% que resultou no maior número dessa população vivendo no país desde 1980, quando esse número era de 1,1 milhão. O movimento foi impulsionado especialmente pela entrada de venezuelanos nos últimos dez anos.
É uma mudança de tendência em relação ao observado nas décadas anteriores. Desde 1960 o país vinha apresentando quedas no total de imigrantes que, naquele ano, eram 1,4 milhão. Países de origem dos fluxos migratórios internacionais também mudaram em relação aos historicamente observados, com os da América Latina superando os da Europa.
Latino-americanos passaram de 183 mil, em 2010, para 646 mil, em 2022. No intervalo, houve redução de europeus de 263 mil para 203 mil. As mais significativas mudanças no perfil da migração internacional observada em décadas no País foram reveladas por dados do Censo 2022 divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa também mostra que do total de estrangeiros e naturalizados que moravam no Brasil em 2022, 54% se mudaram a partir de 2013. O aumento de 2,9 mil para 271,5 mil venezuelanos chegando ao Brasil de 2010 a 2022 representa a principal influência das alterações observadas pelo Censo. O fenômeno se tornou ainda mais intenso no intervalo de cinco anos antes da pesquisa, de 2017 e 2022, com a entrada de 199 mil pessoas nascidas na Venezuela.
Isso colocou os venezuelanos na liderança do ranking das pessoas com outros países de origem vivendo no Brasil, tomando o posto dos portugueses, que caíram de 138 mil para 104 mil entre 2010 e 2022. Pessoas com origem na Bolívia passaram de 38,8 mil para 80,3 mil (107% de crescimento) e representam o terceiro maior grupo, ficando à frente do Paraguai, cujo número aumentou de 39,2 mil 58,3 mil (48,5%).
Sob impulso dos venezuelanos, o crescimento de ingressantes vindos da América Latina aumentou sua participação de 31%, em 2010, para 64%, em 2022. A África apresentou ligeira contribuição para o crescimento da imigração, com sua participação subindo de 3,1% para 3,3%.
Simultaneamente houve redução da participação de grupos provenientes da Europa, de 44% para 20%. No caso da Ásia, a representação recuou de 17% para 10%, e da América do Norte, de 4% para 2%.
Agências