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Publicada em 26 de Junho de 2025 às 15:41

Hospital Moinhos de Vento realiza primeiro implante de tronco cerebral do Rio Grande do Sul

Feito por uma equipe multidisciplinar, o procedimento contou com a coordenação do otorrinolaringologista e cirurgião, Joel Lavinsky

Feito por uma equipe multidisciplinar, o procedimento contou com a coordenação do otorrinolaringologista e cirurgião, Joel Lavinsky

Hospital Moinhos de Vento/Divulgação/JC
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Luana Pazutti
Luana Pazutti
O Hospital Moinhos de Vento realizou o primeiro implante auditivo de tronco cerebral do Rio Grande do Sul. A cirurgia é bastante complexa e visa restaurar a audição em pessoas com surdez total, cujos nervos auditivos estão comprometidos. Feito por uma equipe multidisciplinar, o procedimento contou com a coordenação do otorrinolaringologista e cirurgião, Joel Lavinsky.
O Hospital Moinhos de Vento realizou o primeiro implante auditivo de tronco cerebral do Rio Grande do Sul. A cirurgia é bastante complexa e visa restaurar a audição em pessoas com surdez total, cujos nervos auditivos estão comprometidos. Feito por uma equipe multidisciplinar, o procedimento contou com a coordenação do otorrinolaringologista e cirurgião, Joel Lavinsky.
O implante auditivo de tronco cerebral é a única alternativa para pacientes que apresentam alguma inviabilidade anatômica para a realização de um implante coclear convencional ou de qualquer outro tipo de tratamento para surdez. Essa cirurgia na base do crânio envolve a colocação de eletrodos diretamente nos núcleos auditivos no tronco cerebral para permitir a percepção do som em algum grau.
"Esse tipo de implante também é utilizado, por exemplo, no caso de crianças que, por algum motivo, nasceram totalmente surdas dos dois ouvidos e com ausência de nervos da audição ou com alguma anomalia muito grave dentro do ouvido, que a impediria, por exemplo, de usar um implante mais simples, como o coclear", afirma o otorrinolaringologista Joel Lavinsky. 
Realizada em um paciente de 51 anos com surdez profunda bilateral por neurofibromatose do tipo 2, a cirurgia teve quase dez horas de duração. Além de Lavinsky, participaram do procedimento o neurocirurgião Gustavo Rassier Isolan e um grupo de audiologistas coordenado pela fonoaudióloga Natalia Fernandez.
Houve também a supervisão de profissionais da Universidade de São Paulo (USP), incluindo o otorrinolaringologista Ricardo Ferreira Bento, o neurocirurgião Marcelo Prudente e a audiologista Valéria Goffi.
O procedimento foi efetuado em 2024, mas a ativação do implante foi feita há apenas dois meses em ambiente hospitalar, com todos os monitoramentos necessários. Neste meio tempo, o paciente precisou passar por mais uma intervenção cirúrgica em janeiro, que garantiu o êxito da cirurgia.
Um dos principais desafios para a realização da intervenção foi a localização. Afinal, a base do crânio é uma área extremamente delicada, com uma série de estruturas vitais importantes. De acordo com informações divulgadas pelo Hospital Moinhos de Vento, "foram realizados diversos testes eletrofisiológicos durante a cirurgia para que fosse possível identificar o local exato para o posicionamento do implante e para confirmar o funcionamento preciso da estimulação elétrica do eletrodo no tronco cerebral". 
E, os resultados da cirurgia?
Ao contrário do que se pode pensar, a cirurgia não possibilita uma retomada plena da audição. Na verdade, o procedimento faz com que o paciente se torne apto a escutar sons do dia-a-dia, "Isso ajuda muito as pessoas. Não só por voltarem a ter contato com sons da natureza e até com alguns sons importantes para a questão da segurança, mas também ajuda muito na comunicação", destaca o médico. 
Embora não costume ser suficiente para a compreensão integral das palavras, o procedimento tende a favorecer as dinâmicas comunicativas. "Geralmente, os pacientes até ouvem as palavras, mas muitas vezes para entendê-las, precisam lançar mão de outros recursos, como a leitura labial, os gestos... ele junta essa nova informação auditiva para compreender melhor as palavras", completa. Os resultados pode, contudo, ser bastante variáveis.
De qualquer maneira, "para a pessoa que está no silêncio absoluto, na escuridão total da audição, é um sofrimento muito grande", aponta Lavinsky. Embora ainda esteja em fase de adaptação, o paciente que realizou o procedimento, Flávio Fidelis, já tem encarado melhorias significativas na sua rotina, de acordo com o Hospital Moinhos de Vento. 
"Foram anos de busca até encontrar a equipe do Dr. Joel Lavinsky e a ótima infraestrutura do Hospital Moinhos de Vento. O implante foi um objetivo de vida, uma vez que fui diagnosticado com deficiência auditiva bilateral, perdendo aos poucos a audição já na fase adulta, aos 29 anos", destaca Fidelis, em depoimento para o hospital. 
Para Lavinsky, o próximo passo é possibilitar que mais pessoas se beneficiem dessa nova tecnologia. "Quando se trata da audição e da surdez, nós temos vencido todas as barreiras relacionadas às opções de tratamento. Hoje, é muito raro ter algum paciente para quem não tenhamos nenhuma alternativa para oferecer. Essa era a última barreira que faltava", destaca.

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