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Publicada em 24 de Junho de 2025 às 18:31

Nível do Guaíba deve permanecer acima dos 3 m nesta semana, aponta IPH

No pior cenário, as águas podem chegar aos 3,4m, apenas 20cm abaixo da cota de inundação

No pior cenário, as águas podem chegar aos 3,4m, apenas 20cm abaixo da cota de inundação

TÂNIA MEINERZ/JC
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Luana Pazutti
Luana Pazutti
O nível do Rio Guaíba deve continuar subindo nos próximos dias. A previsão é de que as águas permaneçam acima dos 3 m nesta semana, de acordo com levantamento do Grupo de Pesquisas Hidrologia de Grande Escala (HGE) do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS. No pior cenário, as águas podem chegar aos 3,4 m, poucos centímetros abaixo da cota de inundação. 
O nível do Rio Guaíba deve continuar subindo nos próximos dias. A previsão é de que as águas permaneçam acima dos 3 m nesta semana, de acordo com levantamento do Grupo de Pesquisas Hidrologia de Grande Escala (HGE) do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS. No pior cenário, as águas podem chegar aos 3,4 m, poucos centímetros abaixo da cota de inundação
O Guaíba tem apresentado elevação lenta nos últimos dias. Desde às 9h desta terça-feira (24), as águas parecem se manter estáveis, variando entre os 3,27 m e 3,28 m na Usina do Gasômetro. No Cais Mauá, as águas oscilaram entre 2,84m e 2,85m durante o mesmo período. 
Segundo os dados do IPH, a expectativa para o restante da semana é que o nível se mantenha acima dos 3 m. Para o professor Rodrigo Paiva, do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia, o rio deve se manter elevado por conta das "águas que ainda estão recuando da Bacia do Jacuí, das chuvas da semana passada". Além disso, as chuvas na Bacia do Taquari, que ocorreram nas últimas 48 horas, também têm provocado elevações adicionais
No pior cenário, o nível do rio deve chegar aos 3,4 m, apenas 20 cm abaixo da cota de inundação, que é de 3,6 m. Mas, podem ocorrer oscilações e ondas devido à intensificação dos ventos. Essa, contudo, não é a previsão que o IPH está apostando, segundo o professor Fernando Meirelles, também do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia.
De acordo com o HGE, após atingir o pico entre terça e quarta-feira (25) desta semana, as águas devem recuar cerca de 20 cm entre quinta (26) e sexta-feira (27). Mas, "para quem está sofrendo com algum efeito de alagamento, não é a hora de voltar para casa nem de baixar a guarda, porque ainda há novas chuvas vindo", destaca Meirelles.
A expectativa, entretanto, é de que o nível do rio tenha uma elevação inferior nestes próximos episódios de precipitação, oscilando entre os 3,15 m e os 3,20 m entre os dias 30 de junho e 1° de julho. Mesmo assim, é importante continuar atento aos alertas emitidos pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul
Ventos podem afetar nível do Guaíba
De acordo com Rodrigo, os ventos que atingiram a capital gaúcha na última segunda-feira não vinham do Sul, portanto, não provocaram empilhamento das águas. Na verdade, "quando o vento esteve mais forte, ele estava vindo da direção Oeste. Isso formou ondas sobre o Guaíba". 
"Essas ondas fizeram com que as águas avançassem um pouco sobre o limite do Guaíba, chegando nos calçamentos. É isso que mostram fotografias e vídeos de pessoas que caminharam pela orla", complementa o Rodrigo. Nesta terça-feira, embora continue formando ondas por conta de sua intensidade, o vento está vindo do Noroeste, uma direção que pode até auxiliar no escoamento.
Os ventos ainda têm provocado efeitos em outros rios gaúchos. "Possibilitou a descida do Rio dos Sinos, mas subiu o Gravataí, que foi o mais afetado pelo vento Oeste. Mas, esse vento deve baixar. Então, deve melhorar o nosso escoamento depois de amanhã", aponta Fernando
Quando o nível das águas deve normalizar?
Essa é uma resposta que nem mesmo o IPH tem. "Não trabalhamos com cenários mais longos, porque as incertezas são maiores, né? A princípio ele (o Guaíba) começa a baixar a partir dos dias quatro ou cinco de julho. Mas, não temos uma previsão de longo período", aponta Meirelles. No entanto, "se as chuvas forem fracas, na semana que vem ele pode ficar abaixo da cota de alerta", complementa Paiva. 
Ambos os professores destacam, contudo, que não há nenhuma previsão que sugira um cenário semelhante às enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. "Nenhum modelo climático mostra algo parecido com o ano passado. O ano passado foi a chuva, a maior chuva registrada no Brasil. Então, nós não temos expectativa que aconteça algo parecido com o que já aconteceu. 2024 realmente foi excepcional", ressaltou Meirelles. 
"A chuva ocorrida na bacia foi muito inferior à ocorrida em 2024. É um evento importante, até porque essa cheia no Guaíba é acima da média também se a gente olhar a série histórica de várias décadas. Mas, a gente não tem previsão de ter uma grande inundação de proporções iguais de 2024", completa Meirelles.
Vale destacar que fazer e disponibilizar essas previsões para a população não é exatamente o papel do IPH. "A gente faz, porque a gente vê que não temos tido uma informação oficial quanto à simulação dos rios. Mas, realmente, a gente gostaria que o arranjo institucional estivesse melhor colocado para que a gente tivesse uma organização de quem faz o quê para proteger a população na aglomeração desses eventos", Meirelles.
 

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