Passado um ano das enchentes de maio de 2024, os trabalhos de dragagem para desassorear os rios que banham o território gaúcho é "extremamente lento", segundo avaliação da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal). André Brito, prefeito de Taquari e presidente da entidade, diz que a lentidão dos trabalhos é percebida ao longo do Guaíba e dos rios Jacuí e Taquari.
"É uma draga aqui ou ali. É um verdadeiro faz de conta que não resolve o problema. E a cada chuva os municípios sofrem com os prejuízos causados pelas cheias dos rios", destaca. No Cais Mauá, em Porto Alegre, é possível visualizar um equipamento de dragagem no Guaíba, da empresa Ster Engenharia, que está na altura da Estação Rodoviária da Trensurb. Segundo a Portos RS, empresa pública responsável pela gestão do sistema portuário gaúcho, um total de cinco equipamentos realizam o trabalho de desassoreamento no Guaíba.
Segundo Brito, é urgente que se faça uma parceria com a iniciativa privada para dar celeridade ao processo de desassoreamento dos rios. "Se não fizermos esse movimento de parceria fica esse faz de conta com uma draga aqui ou ali afirmando que estão desassoreando os rios", comenta.
O prefeito de Taquari diz que os municípios estão cansados de tanto discurso. "A cada chuva forte a situação tende a piorar. Não podemos mais ficar nesse enxuga gelo com uma draga no Jacuí, no Taquari ou no Guaíba", comenta. Ele acredita que é necessário a abertura de uma concorrência para que os empresários interessados tenham a capacidade de exploração comercial desses locais desde que com o compromisso de desassorear os rios e com respeito as questões ambientais. "O governo estadual, por exemplo, não consegue fazer a manutenção de uma rodovia se não tiver pedágio. O mesmo vale para os rios. É preciso chamar a iniciativa privada para resolver o problema", acrescenta.
Por outro lado, Cristiano Klinger, presidente da Portos RS, destaca que as obras de recuperação nas hidrovias foram divididas em lotes. O lote 1 foi o canal de Itapuã que já foi executado. O lote 2 é formado por quatro canais que estão com as obras em andamento em Pedras Brancas, Leitão, Furadinho e Barra de São Gonçalo. Segundo Klinger, o lote 3 com oito canais está em avaliação de documentos pela equipe para realização de licitação pública. O montante para a realização dos trabalhos nos canais é de aproximadamente R$ 250 milhões.
Em março deste ano, o governo do Estado deu início à dragagem dos canais hidroviários de Furadinho, no Jacuí, de Pedras Brancas e Leitão, no Guaíba, e de São Gonçalo, em Pelotas. Os locais foram assoreados em razão das enchentes de 2024. A previsão é que sejam retirados 1,6 bilhão de metros cúbicos de sedimentos dos canais dragados. A iniciativa tem investimento de R$ 60 milhões do Fundo do Plano Rio Grande. O governo estadual já destinou, ao todo, R$ 691 milhões para dragagens. Para Klinger, a recuperação dos canais de navegação também trará mais segurança para o tráfego de embarcações e vai contribuir para o desenvolvimento econômico da Região Metropolitana e do complexo portuário de Porto Alegre.