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Publicada em 23 de Junho de 2025 às 19:27

Conduzido pelo vento, Guaíba volta a invadir Porto Alegre

Em Ipanema, as águas do lago superaram o dique em construção

Em Ipanema, as águas do lago superaram o dique em construção

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Gabriel Margonar
Gabriel Margonar
Pela primeira vez desde a enchente histórica de maio do ano passado, o Guaíba voltou a invadir o Cais Mauá, em Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira (23). Impulsionadas por ventos de até 84 km/h vindos de Oeste e pelo nível já elevado do lago, as águas também avançaram sobre o trecho 3 da Orla e pontos da Zona Sul da Capital, como o calçadão de Ipanema, provocando alagamentos pontuais.
Pela primeira vez desde a enchente histórica de maio do ano passado, o Guaíba voltou a invadir o Cais Mauá, em Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira (23). Impulsionadas por ventos de até 84 km/h vindos de Oeste e pelo nível já elevado do lago, as águas também avançaram sobre o trecho 3 da Orla e pontos da Zona Sul da Capital, como o calçadão de Ipanema, provocando alagamentos pontuais.
No início da tarde, a régua do Cais Mauá marcava 2,83 metros — 53 centímetros acima da cota de alerta (2,30 m) e 17 abaixo da cota de inundação (3 m). Na Usina do Gasômetro, o nível chegou a 3,29 metros, também superando a cota de alerta local (3m), mas ainda distante da marca de transbordamento, que é de 3,60 metros. O CT do Inter, na avenida Beira-Rio, chegou a ter as laterais do campo invadidas pela água.
No entanto, embora o fenômeno cause apreensão visual, ele não representa risco de alagamento generalizado, segundo o Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/Ufrgs). Conforme o hidrólogo Fernando Meirelles, o avanço da água é resultado da ação do vento, que dificulta o escoamento e empurra o lago contra as margens de Porto Alegre.
"Esse vento de Oeste segura a água e gera ondas que invadem o Cais, mas não há previsão de transbordamento no Centro ou na região do Gasômetro, por exemplo. São transtornos mais pontuais causados por essas ondulações", explica.
O Guaíba vem registrando elevação gradual nos últimos dias, reflexo das chuvas que atingiram o Estado na semana passada, principalmente nas bacias dos rios Taquari-Antas, Caí, Sinos e Gravataí. Com o lago ainda recebendo o aporte dessas regiões e sob influência do vento, o cenário deve seguir de estabilidade e níveis elevados ao menos até quinta-feira (26).
A partir de então, a tendência é de recuo gradual. "Ainda estamos recebendo o fluxo do Jacuí, que foi afetado por chuvas na região de Santa Maria. Mas, com a redução desse volume, o lago deve estabilizar e começar a baixar, saindo da cota de alerta até, no máximo, o fim da semana", projeta Meirelles.
O retorno à normalidade em Porto Alegre e na Região Metropolitana, portanto, é esperado entre os dias 28 e 30 de junho: "Mesmo no cenário mais pessimista, o nível deve estar abaixo da cota de alerta na Capital já no dia 28. Com o recuo do Guaíba, rios como Sinos e Gravataí também devem baixar, pois o lago cheio acaba represando essas bacias", complementa o especialista.
A previsão de tempo seco para os próximos dias deve colaborar para o escoamento dos rios e a evaporação. Há possibilidade de novas chuvas apenas na quinta-feira, mas, segundo o IPH, os volumes esperados não devem alterar a tendência de queda dos níveis.
Após as chuvas das últimas 24 horas no Norte do Estado e nas bacias do Taquari-Antas e Caí. Os rios Sinos e Gravataí continuam elevados, afetando áreas mais baixas de Canoas, Alvorada e as Ilhas de Porto Alegre.

Situação dos rios no Estado

Além da Região Metropolitana, outras áreas do Rio Grande do Sul seguem em estado de atenção ou alerta, especialmente após as chuvas das últimas 24 horas no norte do Estado e nas bacias do Taquari-Antas e Caí. Segundo a Defesa Civil, o Rio Taquari pode superar temporariamente a cota de inundação na região de Encantado, enquanto os rios Sinos e Gravataí continuam elevados, afetando áreas mais baixas de Canoas, Alvorada e as Ilhas de Porto Alegre.
No interior, a situação mais delicada se concentra nas bacias do Ibirapuitã, Ibicuí e no baixo Uruguai, com registros de inundação em municípios como Alegrete, Manoel Viana, São Borja e Uruguaiana.

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