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Publicada em 11 de Junho de 2025 às 16:53

Encontro entre equipes do IPH e da Secretaria de Meio Ambiente do RS marca início de cooperação técnica

Rodrigo Dias de Paiva disse ser importante conhecer os desafios do DRHS, e as potencialidades do IPH para colaborar na resolução de problemas

Rodrigo Dias de Paiva disse ser importante conhecer os desafios do DRHS, e as potencialidades do IPH para colaborar na resolução de problemas

ROCHELE ZADAVALLI/DIVULGAÇÃO/JC
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Agências
O I Workshop de Integração Técnica entre o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS e o Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), realizado nesta segunda-feira (9), reuniu os integrantes dos dois órgãos no auditório Eliseu Paglioli no Campus do Vale. O objetivo é promover a troca de experiências e a identificação dos desafios e potencialidades de cada instituição, a fim de aprimorar a gestão das águas do RS.
O I Workshop de Integração Técnica entre o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS e o Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), realizado nesta segunda-feira (9), reuniu os integrantes dos dois órgãos no auditório Eliseu Paglioli no Campus do Vale. O objetivo é promover a troca de experiências e a identificação dos desafios e potencialidades de cada instituição, a fim de aprimorar a gestão das águas do RS.
Na abertura do evento, o diretor do IPH Alfonso Risso saudou seus colegas docentes e técnicos administrativos, bem como os representantes da Fepam e da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, destacando que a atividade assinala o começo de um conjunto de ações no qual se prevê a construção de diálogo e de apoio para a melhor gestão do estado do Rio Grande do Sul. “Ao longo de seus cinco anos de duração, o termo de cooperação envolverá o incremento da administração pública nas áreas de recursos hídricos, hidrologia, saneamento, infraestrutura, meio ambiente, desastres de origem hídrica ou que afetem os recursos hídricos”, pontuou.
Na sequência, o professor fez uma breve apresentação da estrutura organizacional do Instituto, observando o protagonismo assumido durante os eventos climáticos ocorridos em 2024, que envolveu inclusive a cedência de barcos para o resgate das vítimas das enchentes. Ele relembrou as previsões de níveis do Guaíba em 2024, feitas a partir de modelagens hidrológicas e hidrodinâmicas, através das quais foi possível fazer um mapeamento e estimar a cota da linha d’água em vários locais de Porto Alegre, principalmente no Cais do Porto, salientando que essas estimativas foram realizadas antes, durante e após as enchentes, gerando instrumentos de divulgação e comunicação para a sociedade. Finalizou ressaltando que as ações desenvolvidas na UFGRS estão sempre à disposição da sociedade, e que é preciso aproveitar essa disponibilidade.

O diretor de Recursos Hídricos e Saneamento da Sema Carlos da Silveira apontou a importância da parceria firmada com a Universidade. Para o dirigente, houve algum avanço no âmbito da atuação da Sema com a criação da Divisão de Segurança de Barragens e Emergências e a publicação do novo decreto de outorga de uso dos recursos hídricos. “Também temos projetos estratégicos referentes ao Plano Estadual de Recursos Hídricos e à recuperação da rede de monitoramento, bastante afetada durante o evento climático.
Além disso, conforme Silveira, “foi o próprio governador quem, ainda no Centro de Contingência instalado durante as enchentes, determinou a necessidade de aproximar o Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento da Universidade. A partir daquela data, foi quando de fato conseguimos avançar nessa questão”. Silveira adiantou que o governo estadual deverá lançar em breve um novo órgão que deverá substituir o DRHS na execução da política de uso da água e da segurança hídrica e de barragens no Rio Grande do Sul.

A reitora Marcia Barbosa enfatizou que a UFRGS possui cerca de 100 cursos de graduação, quase 200 cursos de pós-graduação e mantém atividades de extensão em quase todo o território gaúcho.
Na visão dela, a UFRGS tem mobilizado cada vez mais toda a sociedade para trabalhar os problemas de forma coletiva e plural: “Para esta gestão, a questão climática é central. Ela já estava dentro do nosso programa, e, assim que assumimos, declaramos emergência climática ambiental na Universidade. Realizamos workshops internos, a fim de gerar uma coalizão interna e, agora em maio, promovemos um summit que lançou a Carta de Porto Alegre, uma declaração de intenções em que a gente está dizendo o que vai fazer daqui para a frente. E graças à ação, muito em particular do IPH, hoje temos um Protocolo para Eventos Meteorológicos“.
Marcia sublinhou que, quando há uma emergência, a UFRGS sempre está na linha de frente, atuando e apoiando, seja na pandemia ou na emergência climática.“Nesse momento, o que queremos como Universidade é não ser chamados apenas quando ‘deu ruim’. A gente quer ser chamado como agora: planejando, estando presentes e contribuindo com o melhor do conhecimento que produzimos para ajudar a construir e estar preparados para o futuro. Lembrando que o desastre climático é uma combinação de dois elementos: a emergência climática, sobre qual a gente tem pouca influência, porque o mundo ainda segue lançando CO2 feito louco no planeta; e o segundo elemento é risco. O que é isso? É não ter os equipamentos adequados no estado para nos proteger – e aí o IPH já tem todo um mapeamento sobre esses equipamentos, que precisam estar em funcionamento. É onde a gente vive, como a gente constrói, como a gente reconstrói, a fim de sobreviver às próximas emergências climáticas. E a nossa mensagem é que a UFRGS está aberta para construir no coletivo e no plural para a gente diminuir os riscos para a sociedade gaúcha, porque juntos e juntas podemos!”, frisou.

Melhoria do mapeamento das áreas de risco é uma das prioridades

Ao avaliar as perspectivas de atuação a partir do termo de cooperação e do workshop, o professor Rodrigo Dias de Paiva, um dos responsáveis pela organização do evento, disse ser importante “conhecer os desafios enfrentados pelo DRHS, e as potencialidades do IPH para colaborar na resolução desses problemas. De certa forma, essa troca já existe há muito tempo, pois os técnicos já se conhecem e colaboram em algumas iniciativas. Mas isso ainda não estava sendo feito de forma oficial. A ideia é começar com projetos de interesse mútuo, utilizando as propostas já em andamento, e fazer trocas de várias formas – através de trabalhos acadêmicos e pesquisas. Temos o maior interesse em que o conhecimento, a ciência e a tecnologia criados aqui sejam aplicadas ao máximo para a gestão dos recursos hídricos”, reforçou.
Rodrigo acrescentou que entre as prioridades, no caso das cheias, estão: a melhoria do mapeamento das áreas de risco, dos sistemas de previsão hidrológica dos níveis dos rios, dos sistemas de monitoramento das chuvas e dos rios e dos planos de contingência. No caso das secas, que também se enquadram entre os extremos meteorológicos, é importante melhorar a capacidade de gestão dos recursos hídricos, definindo que tipo de instrumento e de tecnologias devem ser adotados para essa adaptação. Por fim, o docente afirmou que, por conta da multidisciplinaridade que caracteriza a área, o IPH deverá contar com a parceria de outras unidades acadêmicas – como a Escola de Engenharia, o Instituto de Geociências e a Faculdade de Arquitetura – para levar adiante a interação com a Sema.

Por fim, o diretor do IPH Alfonso Risso salientou que o termo de cooperação tornou oficial algo que já vinha ocorrendo há muitos anos de modo não oficial. “Sempre colaboramos em nível federal, estadual e municipal, mas esse documento cria um vínculo mais forte que permitirá que busquemos um crescimento institucional, com a criação de novos grupos de pesquisa e a obtenção de recursos”, avaliou. De acordo com Risso, a credibilidade da Universidade e do IPH foi fortalecida depois do desastre de 2024. “Mas é importante e é da natureza humana: quanto mais distante a pessoa está do local onde o evento ocorreu e quanto mais distante está do tempo em que o evento ocorreu, maior a tendência de atenuar memórias. Então, precisamos ter uma educação de maneira a relembrar o que aconteceu, para que a gente não esqueça”, concluiu.

O encontro prossegue na tarde de hoje com apresentação detalhada das estruturas e dos projetos em andamento tanto no IPH quanto no Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Saneamento do estado. A partir disso, serão identificadas as áreas em que podem ser realizadas ações específicas, novos projetos, convênios, bem como programas de capacitação.

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