"As emergências climáticas não são mais a excepcionalidade, elas vão passar a fazer parte do nosso corriqueiro e precisamos estar preparados", destaca a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Márcia Barbosa. Foi pensando nisso, que a Universidade lançou, nesta quinta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, a primeira versão de seu protocolo para gestão de riscos climáticos.
A ferramenta, que foi construída a partir de uma colaboração de diferentes áreas do conhecimento, prevê ações para serem implementadas no ambiente universitário em caso de tempestades, alagamentos, ventos fortes, inundações e calor intenso.
O material, que ainda deve passar por novas atualizações, fornece diretrizes objetivas para a tomada de decisão referente à gestão dos ambientes acadêmico e administrativo diante dos eventos meteorológicos. "Trata-se de um processo sistemático, estruturado, reproduzível e transparente", destaca o assessor estratégico do Gabinete da Reitoria, Marcelo Cortimiglia.
Em busca de transparência e assertividade
"É um processo complexo, mas, ao mesmo tempo, a gente tem muita confiança", destaca a reitora. "Isso aqui é uma Universidade, a gente forma as pessoas que tomam as diversas decisões no Estado, no Brasil e no mundo. Então, nós também temos capacidade de tomarmos decisões baseadas em evidências”, completa.
Para Márcia, o protocolo tem "mil facetas". Em primeira instância, ele inclui a avaliação dos alertas emitidos pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Essa análise é feita por um comitê de especialistas da própria Universidade, que conta com pesquisadores, professores servidores e técnicos das áreas de meteorologia e impacto ambiental.
Além disso, o documento atribui responsabilidades e direciona ações referentes à coleta de dados e às comunicações que serão enviadas para a comunidade por parte da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da UFRGS. De acordo com Marcelo, a ferramenta favorece "um processo estruturado de avalição de danos, que permite uma tomada de decisão coerente baseada em dados e evidências".
Colaboração multidisciplinar
O assessor estratégico afirma ainda que a construção do protocolo foi um "processo dinâmico e inclusivo", capitaneado pelo Departamento de Gestão Integrada (DGI), da UFRGS. A elaboração do projeto contou ainda com a participação de estudantes, servidores e técnicos administrativos especializados da Superintendência de Infraestrutura (SUINFRA), do Centro de Processamento de Dados (CPD) e da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis.
Um dos agentes envolvidos no desenvolvimento das diretrizes foi Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), que assumiu protagonismo durante as enchentes de maio de 2024. A unidade, que é referência em assuntos atrelados ao meio ambiente, aos recursos hídricos e ao saneamento, desempenha um papel fundamental para a análise das variabilidades sociais e ambientais que rondam a tomada de decisão.
"A própria infraestrutura de drenagem pluvial e da matriz viária, assim como as falhas nos sistemas de distribuição de energia elétrica e de água, são elementos que entram na equação. Essa equação é diferente para cada região e tem que ser analisada na hora de definir ações", destaca o diretor do IPH, Alfonso Risso.
Um alerta para a sociedade
O lançamento do protocolo representa um "misto de sensações" para o diretor do IPH. Embora represente um passo significativo para a Universidade, o lançamento não exclui o surgimento de novos desafios. "Nunca estaremos preparados por completo, sempre vai ter alguma coisa nova para acontecer e nós teremos que ser suficientemente resilientes para adequarmos a nossa condição a atender melhor", aponta Alfonso.
E, não é à toa que a estreia do protocolo aconteceu no Dia Mundial do Meio Ambiente. Pelo contrário, a iniciativa faz parte de uma série de ações contínuas da UFRGS em prol a preservação ambiental. "Ao mesmo tempo que a gente vai ter um protocolo para se preparar para o pior, nós temos, como Universidade, que apontar para a sociedade e dizer que temos que mudar o nosso modelo de viver", afirma a reitora.
Para Márcia, o "nosso modelo econômico de desenvolvimento está destruindo a vida no planeta". Portanto, "nós temos que nos preparar para a consequência daquilo que fizemos como seres humanos, mas, ao mesmo tempo, nos temos que colocar um pé nesse freio", completa.
A reitora ressalta também que esse é apenas um primeiro protocolo, e nada impede que sejam criadas novas diretrizes no futuro. “Em operação, nós vamos começar a pensar em outros protocolos, porque nós poderemos ter em algum momento uma emergência de natureza de saúde, isso envolverá outro grupo técnico da universidade”, destaca.