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Publicada em 05 de Junho de 2025 às 03:00

COP30: o que é e o que esperar da Conferência do Clima no Brasil

Cidade de Belém, capital do estado do Pará, será a sede da COP30; essa será a primeira conferência do clima no Brasil e em uma cidade da Amazônia

Cidade de Belém, capital do estado do Pará, será a sede da COP30; essa será a primeira conferência do clima no Brasil e em uma cidade da Amazônia

/Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia/Divulgação JC
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Bruna Suptitz
Bruna Suptitz
Há 30 anos, representantes de quase todos os países do mundo se reúnem para estabelecer, em conjunto, maneiras de “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera para prevenir uma interferência perigosa da atividade humana no sistema climático”.
Há 30 anos, representantes de quase todos os países do mundo se reúnem para estabelecer, em conjunto, maneiras de “estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera para prevenir uma interferência perigosa da atividade humana no sistema climático”.
A frase em destaque faz parte do documento de criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC na sigla em inglês), que teve como berço a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro – também conhecida como Cúpula da Terra e ECO-92 – e entrou em vigor em 21 de março de 1994.
Em 1995 foi realizada em Berlim, na Alemanha, a primeira edição da Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês) para o Clima. As partes são os países que participam. Desde então a reunião acontece anualmente, carregando no nome o número da edição correspondente. A única exceção foi em 2020, devido à pandemia de Covid-19, quando a COP26 prevista para aquele ano foi adiada para 2021.
Em 2025, o Brasil sediará a 30ª Conferência das Partes, a COP30, em Belém, capital do estado do Pará. Será a primeira vez que a reunião acontece em solo brasileiro e também em meio à floresta amazônica.
O embaixador André Corrêa do Lago é o presidente designado para a COP30. A diretoria executiva é da economista e cientista política Ana Toni.
Completa a equipe da presidência da COP30 o empresário gaúcho Dan Ioschpe, nomeado pela presidência da República como “Campeão do Clima”, que tem a missão de conectar o trabalho dos governos com ações voluntárias e colaborativas de cidades, regiões, da iniciativa privada e de investidores.
A COP30 será entre 10 e 21 de novembro e reunirá líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil. Para o Brasil, sediar a conferência representa a oportunidade para reafirmar o papel do país como liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global.
Para a edição deste ano, entre os temas apontados como os principais estão: redução de emissões de gases de efeito estufa; adaptação às mudanças climáticas; financiamento climático para países em desenvolvimento; tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono; preservação de florestas e da biodiversidade; e justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas.
Para firmar acordos, as negociações são feitas por representantes dos governos nacionais e por negociadores que representam órgãos não-governamentais. O cumprimento dos acordos são implementados por todas as esferas de governo, incluindo os regionais (estados) e locais (municípios), com participação da iniciativa privada.

Mudanças climáticas no RS

Os eventos climáticos extremos registrados no Rio Grande do Sul entre 2023 e 2024 causaram mortes, perdas materiais, destruição de cidades e da natureza. Enxurradas e inundações somaram mais de 10 episódios no intervalo de um ano.
Em contraponto à chuva, dados do governo do Estado apontam seis anos de estiagem severa em território gaúcho nas últimas duas décadas – média de uma a cada três anos. Para que a recuperação da rotina da população, a reconstrução das cidades e a retomada da economia sejam resilientes, é preciso considerar o impacto da mudança do clima na tomada de decisões por governos e pela iniciativa privada.

5 de junho, meio ambiente e clima

Em 1972, mais de uma centena de países enviaram representantes à cidade de Estocolmo, na Suécia, para participar do primeiro encontro global a debater a interferência humana na natureza. O início foi em 5 de junho, data de referência para a criação do Dia Mundial do Meio Ambiente. Aquela foi a primeira vez que o mundo debateu em conjunto o aquecimento do planeta e as possíveis consequências para o clima.

Entenda os principais conceitos

ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, após o término da Segunda Guerra Mundial, e é formada por países-membros que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundiais. Hoje reúne 193 nações.
COP
Conferência das Partes, chamada pela sigla em inglês COP. A COP do Clima é o maior evento global para discussão e negociações sobre as mudanças climáticas. O encontro é realizado anualmente, organizado pela ONU.
Tempo (meteorológico)
O tempo é o estado da atmosfera em um momento específico e curto, conforme definido pelos vários elementos meteorológicos, incluindo temperatura, precipitação, pressão atmosférica, vento e umidade. É a informação dada na previsão do tempo.
Clima
Clima são as condições meteorológicas médias para um determinado local durante um longo período, variando de meses a anos, décadas, séculos ou eras.
Efeito Estufa
O efeito estufa é um processo natural do planeta Terra para reter na atmosfera a temperatura necessária às condições de vida. Gases de Efeito Estufa (GEEs) São gases que, com alta emissão, intensificam o efeito estufa por meio da retenção de calor na atmosfera, provocando o aumento das temperaturas – o aquecimento global. São também chamados de gases poluentes. O dióxido de carbono (CO2) é o que mais contribui para agravar o efeito estufa e é proveniente principalmente do desmatamento e da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral ou natural). Outros cinco gases compõem os GEEs: o metano, oriundo principalmente de atividades agropecuárias e dos sistemas de produção de energia; o óxido nitroso, também das atividades dos sistemas agroalimentares; o hidrofluorcarbono e perfluorocarbono, ambos usados pela indústria de refrigeração e aerossóis; e o hexafluoreto de enxofre, composto sintético usado na produção de energia elétrica.
Aquecimento global
É o aumento da temperatura média do planeta a longo prazo. A referência é a média até o período pré-industrial (século XVIII), a partir disso se intensificou a emissão de gases poluentes na atmosfera, devido principalmente ao uso de combustíveis fósseis. A concentração desses gases intensifica o efeito estufa.
Mudanças climáticas
São as mudanças no padrão do clima a longo prazo. O aquecimento global interfere e intensifica os fenômenos relacionados às mudanças climáticas, provocando, por exemplo, ondas de calor extremo e inundações devastadoras.
IPCC
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) é o órgão da ONU que avalia cientificamente as mudanças climáticas. Criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o IPCC tem como objetivo fornecer, a todos os níveis de governos, informações que possam ser usadas para desenvolver políticas climáticas. Isso é feito em relatórios que sintetizam estudos científicos realizados em todo o mundo.
Acordo de Paris
Pacto firmado na COP21, na França, que estabelece metas de longo prazo para orientar todas as nações na tentativa de frear uma catástrofe climática.
1,5ºC
O Acordo de Paris estabeleceu como meta manter, até o fim do século, o aumento da temperatura média do planeta a 2ºC, com esforço para limitar em 1,5º C. A medida é considerada necessária para evitar o agravamento dos impactos das mudanças climáticas.
Recordes de temperatura
Em 2015 o mundo registrou pela primeira vez temperatura média de 1ºC acima do nível pré-industrial. Em 2024, atingiu a média de 1,5ºC, mesma definida pelo Acordo de Paris como meta para o fim do século. Em 2025, mais um recorde: o mês de janeiro mais quente já registrado, com a temperatura média do planeta 1,75°C acima da medida de comparação.
NDC’s
A cada cinco anos, os países signatários do Acordo de Paris devem atualizar as suas metas individuais de redução global da emissão de gases de efeito estufa com foco nos 10 anos seguintes, com base em dados atualizados pela ciência climática no período. O documento recebe o nome de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC em inglês) e está na sua segunda revisão.
Net-zero
Nome em inglês para emissões líquidas zero. É quando as emissões de gases de efeito estufa pelo ser humano são compensadas pela remoção de quantidade equivalente às emitidas em um determinado período de tempo. (Informações adaptadas da ONU)

Conferências do Clima

Berlim, Alemanha - 1995
Genebra, Suíça - 1996
Quioto, Japão - 1997
Buenos Aires, Argentina - 1998
Bonn, Alemanha - 1999
Haia, Países Baixos - 2000
Marraquexe, Marrocos - 2001
Nova Deli, Índia - 2002
Milão, Itália - 2003
Buenos Aires, Argentina - 2004
Montreal, Canadá - 2005
Nairóbi, Quênia - 2006
Bali, Indonésia - 2007
Poznânia, Polônia - 2008
Copenhague, Dinamarca - 2009
Cancún, México - 2010
Durban, África do Sul - 2011
Doha, Qatar - 2012
Varsóvia, Polônia - 2013
Lima, Peru - 2014
Paris, França - 2015
Marraquexe, Marrocos - 2016
Bonn, Alemanha - 2017
Katowice, Polônia - 2018
Madri, Espanha - 2019
Glasgow, Escócia - 2021
Sharm El Sheikh, Egito - 2022
Dubai, Emirados Árabes - 2023
Baku, Azerbaijão - 2024
Belém, Brasil - 2025

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