Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 14 de Maio de 2025 às 16:33

No mês de abril menos violento da história, feminicídios aumentam no Estado

Contrariando os demais indicadores, os feminícidios tiveram alta, com dez casos em apenas quatro dias, durante a Páscoa

Contrariando os demais indicadores, os feminícidios tiveram alta, com dez casos em apenas quatro dias, durante a Páscoa

Camila Domingues/Palácio Piratini/Divulgação/JC
Compartilhe:
Luana Pazutti
Luana Pazutti
Em 2025, o Rio Grande do Sul obteve os menores índices de criminalidade para o mês de abril desde o início da série histórica, em 2010. A maior queda foi no número de latrocínios, de acordo com o levantamento divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-RS) na última terça-feira (13). A quantidade de feminicídios, contudo, foi bastante alarmante, com 10 casos em apenas quatro dias, durante o feriado de Páscoa.
Em 2025, o Rio Grande do Sul obteve os menores índices de criminalidade para o mês de abril desde o início da série histórica, em 2010. A maior queda foi no número de latrocínios, de acordo com o levantamento divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-RS) na última terça-feira (13). A quantidade de feminicídios, contudo, foi bastante alarmante, com 10 casos em apenas quatro dias, durante o feriado de Páscoa.
Neste mês, foi registrado apenas um caso de latrocínio, o que representa uma diminuição de 67% com relação ao mesmo período de 2024. Os homicídios dolosos também tiveram queda, dessa vez de 33%, passando de 117 para 78 vítimas. De modo geral, os crimes letais intencionais caíram 20%. O indicador passou de 138 para 111 ocorrências.
Para o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, a melhora do índice de homicídios é fruto de um esforço contínuo. "Desde 2023, nós trabalhamos em uma estratégia chamada dissuasão focada para redução de homicídios em Porto Alegre e Região Metropolitana. Agora, já sabemos que funciona, então estamos ampliando para o interior do Estado", afirmou. 
 
De acordo com Caron, essa estratégia considera que "80% dos crimes são cometidos por 20% das pessoas". "Identificamos que cerca de 30 lideranças do crime organizado no Estado vinham determinando a imensa maioria dos homicídios. Como vimos que esse grupo pequeno praticava muitos crimes, nós focamos as nossas ações exatamente nele", explicou. 
Os crimes contra o patrimônio também diminuíram. Além de não ter sido registrada nenhuma ocorrência bancária, o número de roubos em transportes públicos passou de 38 para 21, uma queda de 46%. Já a quantidade de roubos a pedestres foi de 1.485 para 982, uma diminuição de 34%. Além disso, foram registradas reduções nos índices de abigeatos (17%), roubos de veículos (12%) e ocorrências comerciais (37%).
Para Caron, as quedas nos roubos e latrocínios, por sua vez, são atribuídas à intensificação das ações policiais. "A única forma de reduzir o número de latrocínios é com uma repressão forte nas pessoas e nos grupos que são assaltantes, exatamente porque esse assalto pode evoluir para um latrocínio", destacou.
Nem tudo são flores...
Embora a maioria dos resultados tenha sido positivos, um dado aumentou significativamente. Foram 10 feminicídios em apenas quatro dias no RS, durante a Páscoa. Antes do feriado, contudo, o indicador vinha experimentando uma sequência de reduções. Ao longo de 2024, foram registrados 72 ocorrências, um número, que apesar de ainda ser elevado, representou uma diminuição de 15,3% em comparação à 2023.
"Se observarmos a curva, de 2019 até 2022, o número de feminicídios subiu ano a ano. Em dezembro de 2022, a média mensal de feminicídios no Estado era de 9. Depois, em 2023, a gente reduziu a quantidade em relação a 2022. E, em 2024, nós reduzimos mais ainda. A gente vinha com um número muito baixo. O que aconteceu foi uma tragédia no feriado de Páscoa, uma terrível coincidência", afirmou o secretário. Segundo ele, os casos do feriado não possuíam nenhuma ligação ou gatilho comum.
Para Caron, a maior dificuldade para reduzir o indicador está atrelada à subnotificação da violência doméstica. "Em 90% dos casos de feminicídio, não havia um registro prévio de ocorrência por violência doméstica", ressaltou. "No momento em que a gente sabe que aquilo ocorre, o delegado ou a delegada pede a medida protetiva. E, com o judiciário decretando, a gente faz um monitoramento eletrônico do agressor", explicou o secretario.
Diante do aumento abrupto, foram adotadas medidas em nível operacional para reduzir a fila de espera na Delegacia da Mulher de Porto Alegre e, com isso, estimular o registro na polícia. Também foi assinado um acordo com a Secretaria Estadual de Saúde para que a SSP tenha acesso aos dados das chamadas "notificações compulsórias". 
"O feminicídio é multidisciplinar. Com políticas sociais transversais, vamos ter um impacto grande na redução desses crimes. Então, além da ação na área de segurança pública, a gente tem que ter ações na área de saúde, na área de educação, na área de assistência social e de políticas para as mulheres", destacou Caron. 
Recentemente, foi lançado ainda um canal de denúncia online, a Delegacia de Polícia Online da Mulher RS, que permite que as mulheres façam o registro da violência doméstica e solicitem uma medida protetiva de urgência pelo computador ou dispositivo móvel.

Notícias relacionadas