A chegada de maio traz consigo uma importante marca: um ano da maior catástrofe climática que atingiu Porto Alegre e o Rio Grande do Sul. Por conta disso, na manhã desta sexta-feira (02) a prefeitura municipal apresentou um balanço dos primeiros 365 dias do programa Porto Alegre Forte - conjunto de ações voltadas à recuperação da cidade após as enchentes de 2024. Além do balanço, o eventou marcou a sansão da lei que transforma o dia 3 de maio no "Dia da Superação e da Solidariedade", em alusão a data em que a inundação teve início na Capital.
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Durante a apresentação do balanço, o prefeito Sebastião Melo (MDB) foi incisivo ao citar que os novos protocolos de proteção contra as cheias necessitam de diálogo entre municípios, governo estadual e federal. "As obras em Porto Alegre estão sendo feitas, porém, as cidades vizinhas também precisam fazer as delas, porque os sistemas de proteção dos nossos vizinhos também nos afetam. A água não chegou aqui do nada, veio de outras cidades. Todas as governanças precisam estar na mesma página", afirmou.
Bruno Vanuzzi, que assumiu o cargo de diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) no início deste ano após o desligamento de seu antecessor, está na liderança dos projetos para prevenção de possíveis novos eventos climáticos similares. "Tivemos um apoio muito grande dos holandeses. Nos passaram uma espécie de guia, que traz ações de curto, médio e longo prazo a serem feitas. Esse sistema que possuímos tem 60 anos de existência, isso vai mudar. Iremos ter um olhar para o futuro”, apontou Vanuzzi.
Dentre as ações que estão ligadas ao sistema de proteção da cidade, dastacam-se: a conclusão e início de reformas nos diques, contratação de empresas privadas para realização de projetos específicos, melhorias em algumas casa de bombas, concluir o fechamento definitivo de algumas comportas e realizar a substituição de outras, limpeza na rede de drenagem e um estudo de melhoria do sistema de protação às cheias que deve ficar pronto em fevereiro de 2026.
Diques
Durante o balanço, a prefeitura afirmou que o dique da Fiergs ficará pronto até junho, tendo 95% da obra já concluída. O mesmo será elevado a 5,8 metros. Já o do Sarandi, será dividido em três partes, com um reforço estrutural em 3,5 quilômetros. Esta obra ainda não tem previsão de conclusão. A construção do Muro da Asa Branca deverá começar em maio. Já o dique do Anchieta, tem projeto concluído para elevação à cota de 6,5 metros. A obra em si ainda depende da realocação de 242 famílias.
A reforma desses diques vem sendo um ponto de grande polêmica recente, porque, para que haja a execução dessas obras, é necessário que centenas de famíliam, que moram em regiões proximas a esses diques, desocupem suas residências. "Há uma resistência muito grande das famílias. O que é totalmente compreensível, mas também precisamos pensar no bem da cidade. Acreditamos que o caminho para essas pessoas seja aceitar o aluguel social e a estadia solidária durante esse período. O dinheiro da prefeitura está curtíssimo.”, avaliou o prefeito.
Na parte final do seu discurso, Melo recordou o período de dificuldade. Entre muitos aplausos dos presentes na cerimônia, agredeceu a ajuda de todos, principalmente, daqueles que atuaram de forma voluntária. “Juntos colocamos a cidade de pé. Sou um prefeito casca dura, sou o prefeito que mais enfrentou crises. Assumi na época da Covid-19 e terminei o mandato com a enchente. Houve uma grande parceira com o exército, com as prefeituras, com o governo federal e estadual. Entretanto, preciso destacar os voluntários. O que eles fizeram precisa ficar marcado na história de Porto Alegre para sempre. Os voluntários têm minha gratidão eterna", descreveu Melo.
A atividade desta dexta-feira, integra a Semana da Superação e de Solidariedade, que ocorre de 2 a 10 de maio, com uma programação voltada à memória, reconhecimento e mobilização da sociedade. Estão previstas exposições fotográficas, homenagens a voluntários e debates sobre resiliência e reconstrução urbana.