Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 30 de Abril de 2025 às 14:35

Quase 400 pessoas seguem desabrigadas no RS em razão da enchente

No ano passado, mais de 13 mil pessoas foram atendidas em abrigos temporários em Porto Alegre

No ano passado, mais de 13 mil pessoas foram atendidas em abrigos temporários em Porto Alegre

Michel Corvello/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Compartilhe:
Fabrine Bartz
Fabrine Bartz Repórter
Um ano depois da catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul, quase 400 pessoas seguem desabrigadas. Atualmente, elas estão divididas em dois Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), um em Porto Alegre e outro em Canoas, na Região Metropolitana. Com a desmobilização dos espaços prevista para junho, a população reivindica medidas habitacionais. No auge da enchente, mais de 13 mil pessoas foram atendidas em abrigos temporários em Porto Alegre. Segundo dados divulgados pela prefeitura na época, foram mais de 150 estruturas em diferentes pontos, incluindo ginásios, igrejas e escolas. Atualmente, 139 pessoas estão no Centro Vida, na Zona Norte, onde a gratidão divide espaço com a angústia e a incerteza.
Um ano depois da catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul, quase 400 pessoas seguem desabrigadas. Atualmente, elas estão divididas em dois Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), um em Porto Alegre e outro em Canoas, na Região Metropolitana. Com a desmobilização dos espaços prevista para junho, a população reivindica medidas habitacionais.

No auge da enchente, mais de 13 mil pessoas foram atendidas em abrigos temporários em Porto Alegre. Segundo dados divulgados pela prefeitura na época, foram mais de 150 estruturas em diferentes pontos, incluindo ginásios, igrejas e escolas. Atualmente, 139 pessoas estão no Centro Vida, na Zona Norte, onde a gratidão divide espaço com a angústia e a incerteza.
“Parece que é tudo um sonho! Eu nunca tinha morado em abrigo na minha vida antes. Todos os dias acordo com a expectativa que seja melhor, que a prefeitura nos ajude”, lamenta o montador de estruturas de palco, Cristiano Senna, do bairro Sarandi. Desde o início das cheias, este é o seu quarto abrigo. O espaço também é o endereço atual de Lenna Farias, do bairro Cidade Baixa, ela já retornou para casa em alguns momentos, mas o impacto a impede de voltar definitivamente. “Às vezes, vou visitar meu filho e busco algumas coisas em casa, mas fico adiando e não consigo voltar”. O abrigo também conta com um canil, os tutores são responsáveis pelo passeio e higienização.

Além da população no Centro Humanitário, Porto Alegre também enfrenta uma demanda habitacional no bairro Sarandi. Para a continuidade das obras do dique, 57 famílias precisam ser removidas da rua Aderbal Rocha de Fraga. O pedido de reintegração de posse, inclusive, é tratado na Justiça.

Uma das medidas adotadas pela prefeitura, é o programa Estadia Solidária - que disponibiliza mil reais para as famílias. Conforme a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), 3 mil famílias seguem inseridas no programa..Além disso, 5.843 laudos foram enviados pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab) para o governo federal na modalidade Compra Assistida, da Caixa Econômica Federal. Destes, 3.371 estão elegíveis. O programa permite que a família escolha um ímovel, novo ou usado, de até R$ 200 mil.

Canoas concentra o maior número de pessoas desabrigadas

Ainda hoje, 216 pessoas estão alojadas no Centro Esperança, montado no bairro Igara, em Canoas

Ainda hoje, 216 pessoas estão alojadas no Centro Esperança, montado no bairro Igara, em Canoas

/Joel Vargas/Ascom GVG/JC
Mesmo com uma série de ações em andamento, que incluem audiências públicas, construção de habitações e o cadastramento de voluntários pela Defesa Civil, os moradores de Canoas também reivindicam uma moradia digna. Mais de 216 pessoas seguem no Centro Esperança.

“Eu morava de aluguel, minha prima alugou uma casa no terreno dela por R$ 200, mas agora eu não tenho casa. O forro caiu e o piso ficou solto”, detalha uma das moradoras do bairro Mathias Velho, que optou por não se identificar.
Neste ano, o governo federal realizou a entrega de 89 apartamentos do Minha Casa Minha Vida Reconstrução, na cidade. As unidades, adquiridas por meio do programa Compra Assistida, ficam localizadas no bairro Mato Grande. Segundo o secretário Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Augusto Rabelo, a pasta está em contato com as prefeituras para ampliar o número de pessoas contempladas pelo Compra Assistida.

Mesmo com a promessa de ampliação, a entrega segue lenta, segundo os moradores. Das 5.813 famílias que estão habilitadas ao Compra Assistida no Estado, 1,1 mil receberam as chaves até o começo de março.

Mais de 500 casas temporárias já foram entregues no RS

Moradias provisórias foram erguidas no município de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari

Moradias provisórias foram erguidas no município de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari

/Secom/Arquivo/JC
Inaugurados em junho do ano passado, os Centros Humanitários são organizados pelo governo do Estado com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a partir de um financiamento da Fecomércio-RS de mais de R$ 160 milhões. Com a desmobilização prevista para junho, o governo gaúcho trabalha, inicialmente, com as casas temporárias.

Ao todo, serão mais de 600 residências em diferentes cidades do Estado, principalmente na região dos Vales. Até o momento, mais de 500 já foram instaladas e outras 125 estão em instalação, por meio do programa “A Casa é Sua - Calamidade”. As casas, de 27 metros quadrados, são transportáveis e já chegam prontas para instalação.

“Já instalamos essas casas em Porto Alegre e em Canoas. As prefeituras estão finalizando os serviços complementares, esgotamento, água e energia elétrica. Pretendemos, ao longo do mês de maio, levarmos as pessoas que ainda moram nos centros para essas casas”, afirmou o vice-governador em uma coletiva de imprensa realizada após a entrega de residências em Eldorado do Sul. O programa também conta com casas definitivas. Até o momento, são 2.235 unidades em 40 municípios e outras 2.052 em 57 cidades, pelo programa "A Casa é Sua - Resiliência”.

A maioria das casas definitivas, no entanto, está sob responsabilidade do governo federal, mais de 4 mil famílias ainda devem receber suas casas pela modalidade de Compra Assistida.

Notícias relacionadas