Apesar de alguns pontos de alagamento e transtornos ocasionados em chuvas mais intensas, a prefeitura de Porto Alegre avalia que o escoamento das águas pluviais melhorou significativamente neste ano, graças ao avanço na limpeza e recuperação da rede de drenagem urbana, que foi severamente danificada pela enchente de maio do ano passado. Desde a tragédia, mais de 474 quilômetros de tubulações afetadas foram revisados, além da manutenção de 11,1 mil poços de visita e 6,9 mil bocas de lobo, totalizando mais de 90% da rede prejudicada.
O diretor-executivo do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Vicente Perrone, destaca que o aumento no número de equipes, realizado de forma emergencial, permitiu maior eficiência no serviço. "Antes da enchente, tínhamos apenas cinco ou seis equipes trabalhando na drenagem. Hoje, contamos com mais de 30, além de diversos equipamentos que auxiliam na remoção de sedimentos", explica.
A recuperação ocorre por meio de diferentes métodos, como limpeza manual, hidrojateamento e sucção. Atualmente, a cidade tem mais de 80 frentes de serviço ativas, incluindo 71 equipes de manutenção. Nesta semana, os trabalhos se concentram na Zona Norte e na Área Central, enquanto nas zonas Sul e Leste, o atendimento priorizou apenas as solicitações registradas via telefone 156.
Embora não haja regiões consideradas mais críticas, algumas demandam mais atenção por conta da estrutura do solo ou da complexidade do sistema de drenagem. O 4º Distrito, por exemplo, abriga o Conduto Forçado Álvaro Chaves, cuja rede é antiga e recebe grande volume de água de bairros como Moinhos de Vento e Floresta.
No terreno do Hospital Mãe de Deus, a equipe do Dmae afirma monitorar as galerias com frequência, devido ao impacto da construção civil na drenagem. Já na Cidade Baixa, a remoção de raízes de árvores que comprometem tubulações tem sido um desafio. Em locais como a Vila Farrapos e o Sarandi, o descarte irregular de resíduos exige intervenções constantes.
Segundo Perrone, o uso de tecnologia tem sido essencial para acompanhar a evolução do serviço. "Monitoramos diariamente os pontos críticos através de grupos de WhatsApp com lideranças comunitárias, empresários e vereadores, além do controle via câmeras do Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic). Isso nos permite agir rapidamente quando surgem novas demandas", explica.
Com isso, o diretor destaca que o trabalho contínuo tem resultado na redução de alagamentos. "A drenagem urbana é um sistema interligado. A água escoa das ruas para as bocas de lobo, percorre tubulações e chega às casas de bombas, que a direcionam para fora da cidade. Se há entupimentos nesse percurso, a drenagem não funciona adequadamente", afirma Perrone.
O serviço de recuperação das estruturas danificadas deve ser concluído até abril. No entanto, o Dmae pretende manter a intensificação das ações de limpeza de forma permanente. "Esse trabalho veio para ficar. A manutenção contínua é essencial para evitar novos problemas e garantir a segurança da população", conclui o diretor.